WARGAMES
PROLOGO
Os flocos caiam, abundantes
como partículas de electricidade estática na tv, abafando o roncar dos motores
do camião da forca aérea que transportava os dois oficiais para o seu terrível
serviço nocturno.
-que dia para gurdar a nacao!
– disse o tenente ulmer.
As mãos de ulmer seguravam o
volante com o a-vontade do condutor habituado a neve, mas os seus olhos não se
deslocavam da estrada gelada do dacota do norte, inúmeros flocos de neve
batidos pelo vento rodopiavam nos feixes de luz projectada pelos faróis do
camião, tornando quase nula a visibilidade.
-sim – resmungou o
companheiro de ulmer. – não há duvida de que o céu resolveu esvaziar-se sobre o
vale rio vermelho. No entanto, como servi no Alasca, já vi pior.
Apesar de tudo, o capitão
jerry hallorhan aconchegou-se melhor no seu blusão, lançando olhares furiosos
ao aqeucimento avariado. Malditos
camiões da forca aérea, pensou. Parece que e mais fácil manter uma dúzia de
anjos azuis em voo de precisão do que aquecer um miserável veiculo de quatro
rodas.
-talvez ganhemos uma medalha
so por conseguirmos la chegar – sugeriu ulmer, metendo uma segunda para subir
uma leve inclinacao.
-ceus, tenente – disse
hallorhan, afundando-se mais no assento.
– se um tipo de serviço aos botões fizer qualquer coisa que mereça uma
medalha, o mais provável e que não reste ninguém para lha pregar ao peito
irradiante!
Hallorharn soltou uma
gargalhada rouca, e assoou-se ruidosamente.
Era de esperar.. vinha o
frio, e pronto. O seu nariz era mesmo para ser colocado num sitio mais quente,
como o Arizona, por exemplo. Gladys ia gostar, e os miúdos também. O seu nariz,
então, esse adoraria.
Hallorharn limpou o nariz e
suspirou. A sua respiracao formava nuvens de vapor.
-estava a falar-me daquela
namorada hippie que teve, a sheila – disse steve ulmer voltando a meter uma
terceira. – uma grande mulher, hem?
Hallorharn sorriu-se
interiormente.
-e verdade, a que vivia
perto da base aérea andrews. Sim, passei uns tempos bem bons. Protestos e
marijuana, lsd e amor livre. Sheila ela teria se soubesse o que estou a fazer
agora! Quando não andava a respirar gases lacrimogéneos em manifestacoes da
universidade de maryland, arrastava-me para algum filme do godard ou hiroshima
mon amour. Devemos ter visto dr. Strangelove ai umas três vezes!
-antinuclear, hem? – disse
ulmer sombriamente.
-sim, mas valeu a pena! –
retorquiu hallorhan num tom quase defensivo. – sheila drogava-se e bem! E entrava a sério no misticismo
oriental, sabe. Drogas…! Digo-lhe que passamos uns tempos bem bons! Ela fazia
as coisas mais esquisitas que se podem imaginar. Olhe, por exemplo, tinha uma
plantacao de marijuana e…
-estamos quase a chegar ao
centro – interrompeu ulmer, perscrutando a escuridão que os envolvia.
-já não era sem tempo! –
hallorhan lutou com o saco pequeno que trazia fechado em volta do pulso
esquerdo. – a minha mãe costumava por-me as luvas assim. Devem ter falado com
ela antes de me meterem aqui!
-isso. – ulmer riu-se e
estacionou o camião ao lado do protão de entrada.
-santo deus! – gritou
hallorharn, encolhendo-se todo. Abriu a porta e pos os pés num montinho branco
e gelado. O vento soprou com mais forca e atirou-o contra o guarda-lamas do
camião. Praguejou e olhou para cima. Flocos de neve voaram-lhe para dentro dos
olhos. Puxou o capuz. A frente deles, entre os montes de neve acumulada pelo
vento, erguia-se um edifício parecido com a casa de uma herdade. O tenente
ulmer já se encontrava a caminho, lutando contra a tempestade.
-nova forca aérea gelada –
murmurou hallorharn, precipitando-se atrás do seu subordinado.
Ulmer chegou primeiro a
porta, que manteve aberta para o capitão. Hallorharn entrou, sacudiu
imediatamente a neve que se lhe amontoava nas botas, e despiu o blusão,
revelando uma farda azul-vivo, com as palavras 321º esquadrilha de mísseis
escritas nas costas. Tinha ainda um cachecol vermelho enrolado ao pescoço.
-aqui esta-se muito melhor,
hem? – disse o cpaitao, atrapalhando-se com a fechadura do seu saco.
-sem duvida – concordou
ulmer. Sorriu com ironia quando hallorharn conseguiu finalmente abri-lo,
tirando de la uma carteira vermelha. Hallorharn aproximou-se de um vidro a
prova de bala e empurrou a carteira para o inexpressivo guarda.
O guarda abriu a carteira,
estudou as duas fotografias que la se encontravam e examinou os dois
recém-chegados. Pegou no auscultados de um telefone e marcou um numero.
-a equipa de substituicao
esta aqui – disse. Um sorriso estampou-se-lhe na cara. – muito bem – desligou o
telefone. – entrem. Daqui a vinte minutos íamos começar a procurar-vos.
-sim – retorquiu hallorharn.
– tenho de o avisar, miúdo… - continuou, virado para ulmer - … o controlo de
lançamento de mísseis. Minuteman III esta sempre a postos. Se estiver ausente
sem licença, pode ser que apanhe com uma bomba!
O guarda abanou a cabeça
aquela piada sinistra: depois inclinou-se e carregou num botão. Ouviu-se um
zumbido e a porta foi destrava. Os dosi oficiais empurraram-na e entraram na
área de segurança.
O guarda voltou a
examinar-lhes os rostos e devolveu a carteira. Foi buscar duas pistolas de
serviço, enfiadas nos coldres, e deixou-as cair pesadamente a frente dos dois
homens.
Ulmer afivelou a sua.
-ate amanha – disse ao
guarda.
Os passos deles ecoaram pelo
corredor que os levou a porta de um elevador. Hallorharn afivelou o seu coldre.
Um sentinela jovem, agarrado
a uma m16, pos-se em
sentido. Os oficiais ignoraram-no. O tenente ulmer carregou
no botão e esperou que o seu superior entrasse primeiro no elevador.
-bem – ocntinuou hallorharn,
ansioso pró retomar a sua historia. – costumava ouvir sheila cantar toda a
noite: «ah mahneu«y pod me ohm, ah mahney pod me ohm.»
-as platas? – ulmer não
podia acreditar.
-sim! Punha as mãos em cima
das sementes e cantava horas seguidas. Obtinha as plantas mais bonitas que se
podem imaginar. Material de primeira. Perfumadas como poucas!
A porta do elevador
abriu-se, revelando o nível subterrâneo de lançamentos da base. O cimento e aço
que há aqui, dão para construir entraria aqui como uma bomba de cereja.
Quando hallorharn saiu do
elevador a frente de ulmer, um alarme começou a tocar.
Hallorharn dirigiu-se
rapidamente a porta de onde vinha o som. Depois de inscrever um código num
teclado, falou para o intercomunicador.
-aqui capitão hallorharn,
pronto para autenticacao. – inspirou. –lima, óscar, november, lima, whiskey,
golf. – piscou o olho a ulmer.
O alarme parou de tocar.
Óptimo. A cabecaq d ehallorharn parecia uma sineta. Era sempre assim. Deve ser
da intensidade do som, pensou.
Motores escondidos roncaram.
Cavilhas giraram. Os dois homens empurraram a porta e começaram a caminhar ao
longo de outro corredor, parando em frente de uma segunda porta blindada.
-aqui avon – disse
hallorharn.
A porta abriu-se.
Saudaram com indiferença a
equipa que iam substituir.
O comandante de mísseis,
capitão ed flanders, levantou-se do lugar que ocupava aos controlos da entrada,
esfregando o estômago e espreguiçando-se.
-estavamos preocupados
convosco – disse. Lançou uma vista de olhos ao seu subordinado, o tenente
morgan, sentado a um dos controlos de lançamento, registadno leituras num
formulário pendurado num gancho. – as entradas devem estar…
-que eestradas? – perguntou
hallorharn, sardonicamente.
O seu lar por esta noite era
uma cápsula de três metros por seis – o pesadelo de um tecnofobo. Luzinhas
acendiam e apagavam. Ventiladores zumbiam. O cheiro a electricidade
confundia-se levemente com o de painéis de transmissores de alta frequência,
interruptores e sistemas de ventilacao e apoio. Um telimpressor de alta
velocidade, directamente ligado ao sac, jazia a um canto. Um frigorifico zumbia
num outro. Ainda um terceiro era ocupado por uma latrina branca, pequena e
possuía um terminal de computador e grandes painéis eléctricos, que indicavam o
estado actual dos dez mísseis controlados pela cápsula.
Na parede estava montada uma
caixa-forte vermelho-vivo, com duas fechaduras.
O capitão flanders examinou
mais atentamente o rosto de hallorharn, par aonde apontou incredulamente.
- que e isso?
Jerry pestanejou.
-isto? Isto e um bigode –
disse indignadamente.
-uma nova imagem! – assentiu
ulmer.
O subordinado pousou o
formulário e dirgiu-se para a prota aberta.
-meus senhores – pronunciou
o capitão flanders - , muito boa noite!
Hallorharn fechou a porta
blindada nas costas da equipa que partia, e ulmer desapertou o coldre,
pendurou-o num prego e instalou-se desconfortavelmente na cadeira vermelha da
sua consola. O miúdo e atrevidote, pensou hallorharn enquanto se dirigia para
um espelho. Mas bem depressa seria amansado. Nessa altura já ele estava a
consultar uma lista das fucnoes da consola.
Hallorharn mirou o seu
reflexo. Galdys também lhe dissera das boas por causa do bigode. Argumentara
que ele lhe fazia comichão quando se beijavam. Mas agora não se beijavam muito.
Ulmer já se atirara ao
trabalho.
-o numero nove continua impedido
– disse. – de resto, os outros nove pássaros encontram-se perfeitamente
fresquinhos e em forma. Ate
agora, nada a ssinalar.
Hallorharn passou os dedos
pelo bigode.
-pois eu gosto – afirmou.
-entao, essa erva de rpimeira… - continuou ulmer, passando as
mãos por uma série de botões. – era como sinsemilha, não? – acendeu-se uma fila
de luzes. Soou um sinal eléctrico. Ulmer fe-lo parar, carregando rapidamente
num segundo botão.
Hallorharn foi ate ao
frigorifico, que revistou.
-sinsemilha? Aquela erva fazia
o pau thai saber a oregao, homem.
Se a provasse, ficava de
reastos.
Leite para o café. Alguns
hostess sno balls embrulhados em celofane. Uma embalagem de cartão de comida
chinesa que estava no mesmo sitio há uma semana. Uma specas de fruta. Falar de droga
dera-lhe fome. Escolheu uma maca e virou-se para ver o que estava a fazer o seu
subordinado.
Mastigou ruidosamente.
Amarga. Era de esperar.
Uma luz vermelha acessa num
painel não respondeu ao interruptor que devia desliga-la. O tenente ulmer
endireitou-se.
-luz vermelha.
Hallorhan avançou um pouco,
para ver melhor.
-onde?
Como se houvesse visto um
fantasma, os olhos de ulmer não largavam a consola.
-no numero oito. Sinal de
alarme na ogiva – disse em voz baixa.
Hallorharn soltou uma
risadinha.
-de-lhe um piparote.
Claramente aliviado, ulmer
deu umas pancadinhas na luz, que se apagou imediatamente.
Ulmer continuou com as
verificacoes e hallorharn digiu-se a sua consola, a quatro metros da do
tenente. Sentou-se, verificou apressadamente o equipamento, pos os pés em ciam
da consola e, enquanto cortava as unhas, começou a sonhar com sheila.
Hallorharn virou uma pagina
do romance policial que estava a ler. Este spenser e bestial, pensou. Havia de
arranjar os outros livros de robert b. parker. O detective estava quase a
descobrir o crime, quando o altifilante se fez ouvir.
-skybird, aqui dropkick, com
uma mensagem blue dash alpha em duas partes. Pausa, pausa.
O romance caiu logo para o
chão; o treino de hallorharn impeliu-o imediatamente para a accao. Levantou-se
e pegou no livro de instrucoes pousado na prateleira em cima da consola.
Folheou-o rapidamente. Onde diabo estava… ah. Encontrou uma pagina azul de plástico que dizia blue dash
alpha/wopr. Procurou apressadamente a caneta de feltro.
Que estranho, pensou
hallorharn.
-prepara-se para transcrever
a emnsagem – ordenou.
Ulmer estav atento.
-preparado – disse ele,
agarrando o seu livro de instrucoes.
A voz recomeçou a falar:
-blue dash alpha… blue dash alpha romeo, óscar, november, charlie,
tango, lima .
Hallorharn transcreveu o
codigo par aos espacos assinalados no livro de instrucoes.
-autenticacao – continuou a
voz. – delta, lima, golf, óscar, november, charlie, tanto, tando, lima.
Hallorharn transcreveu o
código para os espaços assinalados no livro de instrucoes.
-autenticacao – continuou a
voz. – delta, lima, golf, dois, dois, quatro, zero nove, tango, Victor, x-ray.
O treino pareceu impeli-lo
automaticamente outra vez. Foi ate a caixa-forte. Ulmer já la se encontrava.
Hallorharn atirou-se ao
fecho de segurança. Abriu-o um segundo antes de ulmer fazer o mesmo ao dele.
Hallorharn levantou a portinhola. Antes os homens tiraram as chaves de latão e
o cartão autenticador de plástico, com as palavras blue-a.apressando-se a
regrewssar a consola, hallorharn rasgou nervosamente o selo do seu
autenticador. Tinha as mãos a tremer. Inspirou profundamente e comparou as
letras do cartão autenticador com as que acabara de escrever.
Coincidiam!
O ecran do computador
mostrava outra série de letras. Hallorharn examinou-as cuidadosamente.
Idênticas!
-merda! – exclamou ulmer.
Hallorharn não conseguia
desviar os olhos do ecran.
-calma. – engoliu em seco,
tentando serenar. – confirme. Deve ser algum idiota com os fios trocados.
Usando de todas as
precaucoes, hallorharn introduziu a pergunta no seu terminal do computador. A
quatro metros de distancia, o tenente ulmer fazia o mesmo.
-va la –disse hallorharn por
entre dentes. – mostra-nos que nao e verdade!
Letras atravessaram
silenciosamente o ecran.
ORDEM DE LANCAMENTO
CONFIRMADA.
SELECCAO DE ALVOS COMPLETA.
PREPARAR MISSEIS.
TEMPO PARA O LANCAMENTO: 60
SEGUNDOS.
COMECAR CONTAGEM
DECRESCENTE.
Hallorharn ficou parado a
olhar aquela leitura. A voz vinda do altifalante interrompeu-lhe o devaneio.
-t-sessenta, t-cinquenta e
nove, t-cinquenta e oito…
a voz de ulmer era
monocórdica.
-meu deus! E a sério!
Hallorharn humedeceu os
lábios.
-bom, ao trabalho. – o
treino que recebera arrancara-lhe estas palavras. Dezoito anos na forca aérea
arrastaram-lhe o corpo para a cadeira: passou o cinto de segurança pela barriga
e afivelou-o. Mas o esto de si próprio estava atordoado.
Dizem-nos como se faz,
dizem-nos que pode ter de ser feito, mas não nos dizem como nos sentiremos
quando tais ordens inundam a nossa capcsula.
Hallorharn pegou na chave
que tirara da caixa vermelha e inseriu-a numa ranhura que dizia desligar,
ligar, disparar.
Ainda automaticamente,
hallorharn disse:
-introduzir códigos de
bloqueamneto.
Ulmer passou os dedos pelo
teclado. A sua voz manteve-se uniforme:
-preparar… códigos de desbloqueamento
introduzidos.
Para alem do treino, para
alem da surpresa, para alem de tudo, uma vozinha parecia faalr algures na mente
do capitão jerry hallorharn.
-há – disse, numa voz que
começava a hesitar. – inserir chave de lançamento.
-chave de lançamento
inserida.
Uma recordacao floresceu.
Sheila. Sheila nuam das suas diatribes sobre a guerra nuclear.
-o.k…. – jerry olhava em
frente; tinha a boca seca e o coracao a palpitar loucamente. – atencao. Por a
chave de lançamento na posicao «ligar».
Rodou a chave, sabendo que
ulmer fizera o mesmo a sua.
-o.k. – confirmou ulmer. –
esta em «ligar».
A recordacao de sheila
atravessou o espírito d ejerry hallorharn.
Esta dizia:
~-o problema e que e um
conceito demasiado grande para ser contido em mentes militares tão pequenas.
Estamos a falar de armas capazes de varrer milhões e milhões de vidas humanas,
e isto apenas por diferenças ideológicas. Estamos a falar na destruicao da
carne e do sangue e da possibilidade e da esperança e do amor. Estamos a falar
na desaparicao de tudo o que e improtante… talvez para sempre.
Iamgina, jerry. Imagina!
-meu capitão? – chamou o
tenente ulmer.
-há… - disse jerry
estremecendo. – preparar mísseis.
O tenente ulmer tirou as
tampas de uma série de disjuntores. Com uma concentracao perfeita, deu inicio
ao processo de preparacao, operando as cavilhas com uma precisão resultante do
treino adquirido.
-numero um preparado… numero
dois preparado – disse monotonamente. – numero três preparado.
Dez mísseis sairiam dos seus
silos, arremessando-se contra a tempestade de neve, deixando atra sde si caudas
de um fogo diabólico, e, descrevendo arcos na estratosfera, carregariam consigo
as bombas nucleares. Mais de metade seria destruída no céu, e explodiria na
rússia, provocando os familiares cogumelos atómicos.
-numero seis preparado.
De repente, jerry quase viu
a sua frente carne e osso separados pelos sopros das explosões.
-espere um minuto – disse. –
vou esclarecer isto por telefone. – pegou no auscultador. Um som agudo
penetrou-lhe nos ouvidos. Meu deus, foi isto que disseram que aconteceria se…
pousou violentamente o
telefone.
-todos os mísseis estão
preparados – comunicou ulmer.
-ligue-me ao posto de
comando da esquadrilha pelo seu telefone – ordenou hallorharn com uma ponta de
desespero na voz.
Como se também ele se
agarrase a ultima tábua de salvacao, ulmer levantou o auscultador. O som que
dele proveio parecia-se com um grito lúgubre. Ulmer virou-se par ahallorharn,
com uma expressão interrogativa e impotente no olhar.
Hallorharn agarrou-se desesperadamente
a outra possibilidade.
-mas, capitão, não e esse o
procedimento normal.
-altere o procedimento. –
hallorharn estav quase a gritar. – quero falar com alguém a esse maldito
telefone, antes de matar vinte milhões de pessoas!
As palavras de sheila
voltaram a ecoar na sua cabeça:
-alguma vez viste
queimaduras de radiacoes, jerry? Já pensante no que as poeiras radioactivas as
pessoas?
Ulmer agarrou
desesperadamente nuns auscultadores e encaisou-os na cabeça. Dirigiu-se a um
transmissor militar e rodou o sintonizador, escutando com atencao.
Suspirou.
-nada. – um brilho
assombrado invadiu-lhe o olhar. – provavelemnte foram todos… vaporizados.
A sua respiracao
acelerou-se. Gladys estava la fora. E os miúdos também.
-o.k. atencao, rodar as
chaves de lançamento para a posicao «disparar».
O senhor e um bom homem,
capitão hallorhan, tinham eles dito. Ainda lhe faltam o que.. dez anos para a
reforma voluntária? Boa folha de serviços. Sim, achamos que esta altura.
Esperamos que compreenda que esta e a maior honra concedida a um oficial… mas
que e também uma série responsabilidade.
-pronto. Em posicao de
lançamento – disse ulmer.
Vai passar a ter o futuro
dos e.u.a. na ponta dos seus dedos, tinham eles dito. O seu pais conta consigo,
capitão hallorharn…
-t-treze, t-doze…
o altifilante comecou a
contagem decrescente automatica. Hallorharn juntou-se-lhe.
-t-onze, t-dez… t-dez.
as palavras de sheila
voltaram a inundar-lhe o pensamento:
-mas, jerry, tu não es uma
maquina., es um ser humano. E por isso me preocupo contigo! Não deixes que
esses filhos da mãe te façam uma lavagem ao cérebro!
As palavras não saiam da
boca d ehallorharn. Pareciam encravadas na sua garganta.
Com uma expressão de alarme
estampada no rosto, ulmer virou-se par ao seu comandante.
-…meu capitão! Temos ordens!
Hallorharn não reagiu. Olhou
para o tenente. Ulmer sacou a sua automática, e apontou-a ao seu superior.
-ponha… ponha a sua mão na
chave, capitão – ordenou ulmer, com uma voz perpassada por um certo pedido de
desculpas.
-…t-seis, t-cinco, t-quatro
– anunciou o altifalante.
Desviando olhar, hallorharn
abanou a cabeça.
-lamento muito.
As letras da contagem
decrescente iluminaram o ecran.
-… t-tres, t-dois, disparar
– disse a voz.
Embora ainda muito nítida, a
voz de sheila parecia agora mais distante:
-ao menos uma vez na vida,
toma uma decisão ética… não, uma decisão moral, jerry hallorharn. Faz alguma
coisa da valido!
Ulmer estava desesperado.
Falou com umna voz aguda e estridente.
-meu capitão… estamos em
posicao de disparar! Rode a chave!
Jerry deixou-se ficar
sentado, calmo e reconhecido, subitamente arrewbatado por uma paz quase
absoluta.
Virou-se para o tenente
ulmer e disse:
-não posso.
A cápsula foi inundada por
um silvo entontecedor, e o comandante de mísseis jery hallorharn continuou silenciosamente
a espera do que iria acontecer a seguir.
CAPITULO I
O mundo acabou, não com um
estrondo, e nem sequer com um queixume, mas num silencio total.
Nuvens em forma de cogumelo
germianram na superfície verde e castanha do planeta terra. Fendas ziguezagues
espalharam-se pela américa do norte e do sul. Rolos de fumo elevaram-me no ar.
-que diabo…? – disse David
lightman.
Pousou os contr9olos,
inclinou-se, e mexeu no volume do velho televisor a cores sylvania de quarenta
e oito centímetros. O resultado disto foi um aumento do zumbido provocado pela
electircidade estática, ruídos de fundo, e mais nada. A imagem da terra
esboroava-se no ecran, e brilhantes letras vermelho-vivo anunciavam:
Finis
David lightman recostou-se
na cadeira e deu uma palmada na testa.
-a sub-rotina para a
explosão final!
Esquecera-se completamente!
Deu uma gargalhada. Todas as outras partes do programa demolidores de planetas,
por ele magicado, saira na perfeicao! Era quaase tão bom como a cassete
assaltantes das estrelas, da atari. Tinha gráficos e som muito melhores.
O rapaz de 17 anos desligou
o disjuntor do gasto terminal altair, e parou o drive. Céus, bem podia arranjar
um drive novo. Mas por nada deste mudno trocaria o altair. Alem de possuir
unidades de armazenamento de dados e aparelhos periféricos por ele construídos,
era uma obra-prima de quinquilharia, feita de materiais vários, colados uns aos
outros com pastilha elástica e pouco mais que uma certa ingenuidade.
Claro que se algum
equipamento ibm lhe caísse do céu, não o deitaria fora. Mas, por enquanto, o
que tinha chegava-lhe bem, muito obrigado. E verdade que aprecia um cemitério
electrónico montado no quarto, mas era seu.
David suspirou. Ligou a
cassete em segunda mão, esperou que a luz se extinguisse, e acendeu o altair.
Pronto, leu-se no ecran.
David coçou o estômago pró
cima da blusa ozzy osbourne, e pos-se a paensar. O resto do programa parecia
estar com condicoes. As grelhas dos assaltantes alienígenas estavam óptimas, as
navers terrestres defensoras eram dinamite, e o cataclismo final da destruicao
da terra, que assinalava a vitoria do jogador, uma verdadeira loucura. Não
seria preciso apagar tudo.
o.k., agora.
Escreveu soc – sistema
operador da cassete. Apos uma curta espera, foi recompensado com o registo de
todas as seccoes do programa demolidores de planetas.
La estava. Esquecera-se do
nome que lhe atribuira.
Kersmash
Tomava 005 sectores a velha
cassete elephant. Humm, se ao menos pudesse liga-lo aos gráficos de maneira
correcta…
Fez nova chamada em basic, e
ordenou: lista «d. kersmash».
Com uma numeracao muito
nítida, as linhyas da seccao do programa apareceram no ecran quase
imediatamente. Sabia alguma coisa de linguagem de computadores, mas acabavam
que basic servia perfeitamente para este programa.
Ligou a maquina ibm 1 que
tinha ao lado, e que usava como impressora, e escreveu: imprimir.
A maquina de escrever
obedeceu, mas com uma lentidão exasperante. Se ao menos tivesse uma impressora
em condicoes… nem que fossse uam de matriz de pontos. Mas tinha de se arranjar
coma velha ibm de sua mãe. Em questões de dinheiro, David lightman estava
sempre nas lonas – a mesada miserável e as tarefas ocasionais não lhe davam
para nada.
-david! – chamou o pai do
andar inferior. O velhote nunca se dava ao trabalho de subir as escadas e bater
a porta. Limitava-se a gritar do fundo das escadas. – David! O jantar esta
pronto!
David suspirou e foi ate a
porta.
-so um minuto, esta bem?
-ou comes agora, ou não
comes.
-bolas! – quando era a mãe a
fazer o jantar, o pai estava-se nas tintas para
ahora a que ele chegava. Mas quando a mãe andava por fora, a trabalhar
na compra e venda de bens imobiliários, e era o velho a cozinhar qualquer refeicao rápida, a
pontualidade era obrigatória… se bem que harold lightman percebesse tanto de cozinha
como de mecânica quântica.
-desco já. Vou so lavar as
mãos!
David dirigiu-se outra vez a
impressora.
Chunka-chunka-chunk, fazia a
ibm, com a sua pequena esfera imprimindo letras e números nas costas de um
folheto de imobilirarios de um amco que
a mãe lhe dera.
-comeca la, há? – disse
impacientemente, tamborilando na maquina e olhando em volta do quarto com um ar
ausente. Céus, que confusão. Roupas juncavam o soalho e a cama. Se a mãe visse
isto alguma vez, tinha um ataque. Ainda bem que conservara o quarto fechado a
chave. O que também era bom no que dizia respeito ao pai, que parecia considerar o quarto uma espécie de masmorra,
onde o avariado da cabeça e monstro genético da família estava acorrentado,
longe da vista de gente respeitável.
-david! Estou a ficar muito
zangado!
-pronto, pronto!
A maquina escreveu as
ultimas linhas do programa. David agarrou um caderno grosso, uma esferográfica
bic, arrancou o papel do rolo da maquina, e desceu as escadas numa correria
louca.
Sentou-se a mesa do jantar e
pousou ao lado do prato as coisas que trouxera. O api, que lhe fazia lembrar
uma versão actualizada de tom bosley em happy days. Encontrava-se junto do
fogão. Quando se virou, David viu que ele tinha posto um avental. Céus, tão
típico!
-estas a fazer o trablaho de
casa? – perguntou harold lightman foi ate a mesa, e pousou-a num suporte
quente.
David fitou o seu conteúdo
fumegante com um ar incrédulo.
-feijoes e salsichas? Tive
de vir a correr por causa de feijões e salsichas?
O sr. Lightman ajustou os óculos
sem armacao, e uma expressão magoada atravessou-lhe as fecioes arrendondadas.
-a minha confeccao especial.
Tem cebolas e pimentos estufados, alguns temeperos, molho worcestershire,
bacon… e encotrei alface e tomate. – apontou para a saladeira de vegetais
feitos em pedaços, colocada a um dos cantos da mesa. – bem, sabes, a tua mãe
tem andado muito ocupada.
-bem sei. – David pos no
rpato uma colherada da substancia castanho-escura.
O sr. Lightman sentou-se e
começou a comer, franzindo o sobrolho enquanto o fazia.
Deixa ca ver, pensou David.
Ser auqe ainda tenho números suficientes aqui? Se introduzisse uma sub-rotina
vaipara, podia…
-sabes, seria muito
agradável poder conversar decentemente contigo durante o jantar, ao menos uma
vez, David. Mas estas sempre abosorto naquele teu computador desmiolado, ou a
ler um livro de ficcao cientifica, ou então a fazer qualquer coisa igualmente
odiosa.
-pai, isto e importante para
mim – disse David, aborrecido.
-oh. –o pai despejou um
pouco de tempero thousand island na salada.. – em que estas a trabalhar hoje?
-estoua a acabar um programa
de um jogo.
-a sério?
-sim. Talvez consiga
vende-lo, e fazer algum dinheiro.
-bem, então a questão tem um
aspecto pratico. Que tipo de jogo?
-por que não agora?
-não o perceberia. Ainda não
esta perfeito. Alem disso, tenho de o registar.
-se arranjares dinheiro, bem
podes pensar em comprar um fato novo, David. E por falar nisso, se calhar ate
convinha levar esse fato mais vezes a igreja. O pastor tem perguntado por ti.
-preocupado com o estado da
minha alma, há?
-ele gosta de ti, David.
-oh, pai, ele quer e mais um
para a sua lista de pagãos convertidos. Talvez assim Jesus lhe de mais alguns
pontos. E tudo um jogo para ele.
-entao não e muito diferente
de ti.
-há?
-tambem estas sempre a
jogar… esses jogos de computador.
-a vida e um jogo, pai.
-e tem de se aprender a fazer os jogos.
-sim. Tem de aprender a
fazer jogos.
O pai abanou a cabeça com ar
cansado e desistiu. David voltou a concentrar a sua atencao no programa. O
velhote não era dos piores, mas parecia que não tinha os pés bem assentes na
terra. Programacao defeituosa. Sim. Devia ser isso.
10 NOTA HAROLD LIGHTMAN
20 IMPRIMIR «A VIDA DO SR.
NINGUEM»
30 SE BOM VAI PARA O CEU
40 SE MAI VAI PARA O INFERNO
depois de escrevinhar alguns
«sons» chave para o programa, pousou o caderno e começou a engolir a refeicao,
ansioso pró voltar la para cima e experimenta-los.
Harold lightman limpou os
lábios com um guardanapo de papel, que depois dobrou cuidadosamente.
-david, a comissão da juventude
da igreja reúne-se hoje a noite.
Comoa tua mãe não esta ca,
pensei que talvez pudéssemos ir os dois.
-não, obrigado pai.
Com um abanar de cabeça
exasperado, o pai levantou-se da mesa e levou o prato com ele. Da cozinha veio
o som de um prato atirado para o lava-louca. Harold lightman surgiu novamente.
De rosto vermelho, muito enervado, disse:
-se eu te levasse as
estúpidas salas de jogos vídeo, a um filme para adultos ou a um concerto punk,
não recusavas, pois não?
-pai, por favor! Agora
diz-se new wave.
-não me interessa como se
diz, David. Para mim e lixo.
David estremeceu. Era tão
triste! Eles não compreendiam. Levantou o garfo, carregado de salsichas
partidas e feijões.
-sabe, isto e bastante bom,
pai.
-não mudes de assunto.
-acalme-se, pai. Não quero
ir a reunião da igreja, mas também não queri ir a nenhuma das outras que disse.
Tenho de acabar o meu programa, o.k.?
-bolas. Sabes, acho que
gostas mais do teu computador do que de rapreigas. E estava a tua mãe
preocupada com as mulheres que pudessem aparecer-te! Não há razão para
preocupacoes. Tu não lhes ligas nenhuma.
David encolheu os ombros e
engoliu um pouco de leite.
-pai, deixe-me em paz, esta
bem? A vida e minha.
-mas que tem os computadores
de tão fascinante, David? Onde esta a magia dessas maquinas, que te faz passar
horas, dias, fechado la em cima, colado aquele tecnlado e televisor,
introduzindo números e ordens, destruindo invasores do espaço, ou faznedo la o
que tu fazes?
David levantou-se, reuniu as
suas coisas e enfiou-as debaixo do braço.
-e divertido, pai.
-não comeste tudo, David.
-de o resto ao ralph. Acho
que esta la fora a vasculhar a lata do lixo.
Com um riso impotente,
harold lightman levantou o olhar, como se para fitar o céu.
-sabes, nos bons velhos
tempos os pais castigavam os filhos fechando-os no quarto. Fazer-te isso a ti
seria o mesmo que atirar o coelho brer para
roseira-brava.
-sim, pai. Ate logo.
Já no quarto, David enfiou
rapidamente a diskette no drive, pos a maquina a funcionar e atirou-se ao
trabalho. Bastou-lhe um ahora para engendrar os sons correctos e programa-los
no jogo. Poupou então a sub-rotina da diskette principal do jogo e fez uma
copia, apra o caso de alguma coisa se avariar.
Depois jogou aos demolidores
de planetas.
Enquanto as cores piscavam e
as naves espaciais explodiam, o espritio de David lightman afastou-se vagamento
do jogo. O velho não comprerendia -não
tentava comprreender. Ninguém se interessava… estavam demasiado ocupados,
demasiado envolvidos pelas atitudes estáticas, pelos seus próprios jogos… não
pareciam mais que programcoes defeituosas…
Uma forte rajada de tiros
permitu-lhe acabar como o ultimo cruzador terrestre. Os gráficos que
representavam o planeta terra elevaram-se no ecran e alinharam-se a vista de
David lightman.
-es tudo o que eu preciso –
disse ao computador.
Apertou o botão vermelho do
comando a distancia. Relâmpagos de energia lançaram-se sobre a terra.
Dirigindo-se aos seus alvos, mísseis nucleares com rastos de foo silvaram.
David aumentou o volume.
Desta vez, o mundo acabou,
não so com uma explosão, mas também com guinchos, silvos, detonacoes vibrantes
e a imitacao de um hino fúnebre.
Da porta veio o som de
pancadas repetidas.
-david! Que diabo foi isso?
Estas bem?
David lightman desligou o
computador e sorriu.
CAPITULO II
Quando o telefonema a
despertou, patrícia healy viu qye john mckittrick já estava levantado e
vestido. De pe em frente da janela do quarto do hotel, contemplava as montanhas
rochosas, enquanto fumava um cigarro.
-já mandei vir o
pequeno-almoco – disse ele, enqaunto pat pousava o auscultador e se esforçava
por acordar. Não dormira muito durante a noite. – pode ser um pequeno-almoco
continental?
-mmmmmmm – fez ela,
tacteando a procura do roupão pousado numa cadeira ali ao lado. – por mim esta
bem, john. – foi para a casa de banho. Quando saiu, john mckittrick já tinha
outro cigarro na mão.
Beijou-o.
-obrigado – disse ele,
descontraindo-se um pouco com o abraço dela. – era mesmo do que eu precisava.
-desculpa – retorquiu ele,
virando-se e encostando-lhe o nariz ao pescoço, fazendo-lhe cócegas com o
bigode. – preciso de ti. Sinto-me mesmo melhor. Raios, pat, ate tenho medo de
estar apaixonado por ti.
-pois bem, seja como for, o
certo e que estas tenso como as cordas de uma viola. – afastou-se dele para
procurar as roupas. – já enfrentaste situacoes destas, john. O presidente sabe
exactamente qual e a tua posicao.
-mas acho que agora há uma
possibilidade – disse ele, esmagando enfaticamente a ponta do cigarro num
cinzeiro pousado lai perto. – mais que uma possibilidade. E inevitável. Tal
como eu disse a falken… mais tarde ou mais cedo, o nosso trabalho tinha de
chegar a isto!
-e onde disseste a tua
mulher que o vosso casamento tinha de chegar?
-elinor? – mckittrick abanou
a cabeça, tristemente. – pensa que fiz serão no palácio de cristal, e que
depois dormi por la, como já aconteceu dúzias de vezes.
-mas passaste a noite nos
braços da tua amante… a única mulher que compreende o que se passa nesse teu
cérebro brilhante e esqeumatico.
-tu também não compreendes,
pois não? – indagou mckittrick.
-eu percebo de computadores,
john – retoquiu ela, encontrado uma meia. – conheço o norad e o sistema de
defesa. Sei qual e o meu dever, e cumpro o melhor que posso as ordens que me
dão. Mas e um trabalho, john. Não uma obsessão.
Mckittrick abanou a cabeça.
-tu não conheceste falken.
Não podes realmente avasliar o que ele começou e eu melhorei… e pude acabar. E
so o melhor sistema, pronto. Querida, e
esse o perigo. Olha, não fui eu quem criou a guerra, as ogivas nucleares,
os mísseis icbm ou os submarinos nucleares… e não fui eu quem tornou comunistas
a rússia ou a china. Tudo o que eu e o falken vimso foi uma situacao de extrema
gravidade… e actuamos. Ou antes, eu actuei, tentado melhorar ao máximo a
capacidade defensiva norte-americana. E o estádio final do nosso trabalho pode
ser atingido… hoje!
O pequeno-almoco chegou. Pat
healy bebeu uns goles de café e deu umas trincadelas num queijo, enuanto
observava mckittrick gratificar o empregado.
-bem sabes que percebo isso
tudo, john – disse ela. – e embora não tivesse conhecido falken, estou dentro
do seu trabalho e do teu, claro, e acredito nele. O que eu estava a dizer-te,
querido, era que este teu comportamento-tipo vai valer-te um ataque de coracao,
e eu não estou nada interessada em perder-te.
Mckittrick riu-se. Sentou-se
ao lado dela na cama e pegou num queijo. Era um quarentão de feicoes escuras,
bem parecido, e óptimo chefe. Pat seudizira-o há quase um ano, durante uma
viagem que ambos haviam feito a Washington, d.c., para tomarem parte numa série
de apenas por curiosidade e desejo. Mas agora estava apaixonada por aquele
maníaco. Oh, os riscos da vida profissional…
Patrícia healy fizera o seu
doutoramento em ciência de computadorees na universidade de maryland, apos o
que pareceram séculos de estudo e ensino como assistente. Quando se doutorou, o
departamento de defesa empregou-a logo, como se tivesse estado a espera dela
esse tempo todo. As suas áreas principais de estudo condiziam perfeitamente com
as especificacoes da pessoa requerida. Gostaria de trabalhar para o seu pais?
Não tinha bem a certeza, mas agradou-lhe o salário oferecido seu pais? Não
tinha bem a certeza, mas agradou-lhe o salário oferecido e a possiblidade de
viajar – especialmente apos um casamento falhado de isolamento numa academia de
electrónica. Trabalhara no pentágono uns dois anos, e o seu trabalho chamara a
tencao do dr. John uns dois anos, e o seu trabalho chamara a atencao do dr.
John mckittrick, distinto conselheiro do departamento de defesa.
Fora-lhe oferecido outro
trabalho e um salário ainda maior. Mudou-se para colorado springs – onde ficava
instalado o quartel-general subterrâneo da montanha cheyenne do comando para a
defesa aérea norte-americana - , e aqui estava ela, protegendo o continente e
divertindo-se com o seu chefe.
-olha, john, es um óptimo
persuasor – disse. – vai tudo correr bem. Por isso, para de te preocupares, por
amor de deus. Vais meter no bolso os burocratas penteadinhos e importantes de
Washington.
-sabes, es uma mulher
verdadeiramente maravilhosa.
-amas-me mais que aos teus
computadores, john? – perguntou jocosamente.
Ele sorriu e despenteou-lhe
o cabelo.
-desculpa. – puxou de outro
cigarro. – põe-te bonita, esta bem? Não te esqueças que vais encontrar-te com
cabot e watson. Quero que os amoleças com as tuas artimanhas femininas.
-pensei ouvir-te dizer que a
forca dos teus argumento era mais que suficiente.
-minha querida, hoje preciso
de todas as armas disponíveis… e acontece que tu es a mais mortal que possuo.
-sim, chefe – disse ela, fazendo
uma continência divertida.
O dr. John mckittrick,
conselheiro do departamento de defesa dos e.u.a., chefe dos serviços de
computador do norad, estava sentado na sala de conferencias situada no interior
de uma montanha oca, com notas e documentos espalhados a sua frente, esperando
impacientemente a chegada dos homens de Washington.
Aquele podia ser o dia por
que esperava há tantos anos.
Certifcou-se nervosamente de
que tinha em seu poder o filme da entrevista com o capitão hallorharn, o homem
que há pouco tempo não obedecera a ordem transmitida a sua cápsula minuteman do
dacota do norte. Afinal, as estastiticas eram apenas estatísticas. Um filme
daquele tipo abrigaria os homens a considerar o perigo da situacao – e seria
então que o valioso john a. Mckittrick poria na mesa a sua solucao simples e
elegante.
Mckittrick foi ate a janela
e contemplou as miríades de consolas de computador e mapas electrónicos, do
centro de operacoes de combate norad. Chamavam-lhe palácio de cristal, e tinham
boas razoes para lhe darem tal nome. Luzes e silício, silício e metal polido,
metal polido e electricidade. Alie stava o nervo central do sistema defensivo
norte-americano. O ponto central que controlava todos os lançamentos:
submarinos e computadores, computadores e icm, icbm e bombardeiros… todos
equipados com mortais ogivas nucleraes – capazes de destruir o mundo varias
vezes.
O posto de comando dfo norad
estivera em tempos no alto de um edifício, perto do colorado springs –
altamente vulnerável a qualquer ataque inimigo. No principio dos anos 60, a montanha cheyenne for
aescolhida para a isntalacao da nova base. As escavacoes haviam começado.
Depressa se criara espaço suficiente para abrigar um complexo de quinze
edificos de aço, complexo que fora invadido por computadores, aparelhos de
comunicacao, técnicos aerospaciais, e vários ecrans. Todo e qualquer veiculo
aéreo ou espacial que cruzasse os céus era detectado por sensores construídos
para o efeito ou por outras bases, moveis e estáticas, espalhadas pelo mundo.
O complexo passara também a
abrigar o centro de operacoes espaciais e aviso de mísseis do norad, um
gabinete do centro de alerta da defesa civil nacional, e a unidade de apoio
meteorológico do norad. Cerca de mil e setecentos membros da marinha, forca
aérea e exercito dos e.u.a., e técnicos civis forcas canadianas, mantinham o
complexo a funcionar vinte e quatro horas por dia.
Para mckittrick pensou em
falken, e sorriu. Vais ver, meu filho da puta vaidoso, disse a recordacao.
Observa com atencao.
O lincoln preto e lustroso
dos homens de Washington já devia estar a sair da estrada nacional 115 do
colorado e a percorrer os seis quilómetros e a subir os trezentos metros que a
separavam da entrada do norad, dois mil e setecentos metros acima do nível do
mar.
Pat healy espera-los-ia ao
portão de segurança e distribuir-lhes-ia cartões de identificacao vermelhos,
que prenderiam aos casacos. Depois desceriam um túnel de paredes rochosas de
quinhentos metros, entrariam nas grutas feitas pela mão do homem, e atravessariam
duas enormes portas blindadas, que davam para os duzentos ares do complexo, com
os seus edifícios afastados das paredes de rocha e assentes em grandes
absorsores de chaque hidráulicos. As portas blindadas tinham mais de um metro
de espessura, cada uma pesava cerca de vinte e cinco toneladas, e estavam
cobertas de cimento. No entanto, podiam ser abertas ou fechadas em trinta
segundos. A primeira porta era embutida na parede rochosa, para que o calor e o
sopro de uma ogiva nuclear disparada do exterior pudesse passa-la sem atrito,
descer o tuner e sair do lado sul da montanha. Se tivessem de a selar, a agua,
energia, ar e comida armazenados no psoto de comando durar-lhes-iam para trinta
dias.
Dentro deste monstruoso
monumento a guerra, mckittrick sentia-se curiosamente dividido entre a
segurança e a ansiedade. Apesar de tudo, era como se estivesse em casa.
Estava a preparar o gravador
quando pat healy chegou com os seus hospedes. O flexível encanto trigueiro de
pat parrecia ter-lhes escapado mckittrick não os podia censurar.
Já por varias vezes
mckittrick se correspondera com eles e com os seus subordinados, mas, devido a
elevada posicao que ambos ocupavam, nunca tivera a oportunidade de estabelecer
com eles qualquer contacto directo. E muito menos alguma vez os acompanhara
numa reunião como esta, em que tanto estava em jogo.
O aperto de mão de arthur
cabot foi vivo e rápido e, enquanto o dava, os seus olhos passeavam-se pelas
consolas e mapas gigantes da sala de guerra situada abaixo deles.
-muito prazer em conhece-lo
finalmente, mckittrick. So e pena que o nosso encontro tenha de ser tão formal.
Era um sujeito enrugado, de
cabelo muito curto e duplo queixo. Se quisesse descreve-lo, mckittrick usaria
as palavras semelhante a couro. Duro e semelhante a couro… mais parecido com um
grisalho comandante de tanques que com um burocrata. O seu assistente, lyle
watson, deu-lhe um aperto de mau suave, frio e profissional. Magro e elegante,
muito mais novo que cabot, era o tipo de homem nitidamente talhado para a
diplomacia.
-meus senhores, por favor,
sentem-se – disse pat healy.
-sim. O general berringer
deve estar a chegar – acrescentou mckittrick. – pat, importas-te de por o vcr a
trabalhar? Esta tudo pronto.
-ah! Vejo que tem a gravacao
que requeremos – disse cabot, instalando-se a mesa de conferencias e
servindo-se de um copo de agua gelada.
- um mensageiro trouxe-a
para ca – replicou mckittrick. – parece-me um bom exemplo do nosso porblema.
Ah… aqui esta o general.
O general jack berringer e o
seu ajudante-de-campo dougherty fizeram uma entrada brusca e infeliz. Um homem
musculoso, berringer saudou mckittrick com um resmungo relutante e
apresentou-se mais formalmente aos visitantes.
Este filho da mãe sabe muito
bem o que eu quero, pensou mckittrick. Mas já não podia fazer nada para o
deter.
-meus senhores – pronunciou
mckittrick, sentando-se a cabeceira da mesa. – suponho que todos sabemos proqeu
razão estamos aqui. Podemos, portanto, dispensar introducoes. Deixem-me apenas
dizer-vos que, há cerca de duas semanas, fizemos um teste de rotina a um dos
vossos comandantes de mísseis, um tal capitão jerry hallorharn, do silo
minuteman do dacota do norte; o resultado foi que este não rodou a sua chave de
lançamento. Naturalmente que o capitão foi suspenso… e esta gravacao foi feita
durante uma entrevista sua com um psiquiatra da forca aérea. – mckittrick fez
um sinal a sua assistente. – pat… se não te improtas.
Acendeu-se o ecran de um
televisor, e o capitão haloorharn apareceu. Tinha perto de 40 anos, era
musculado e encontrava-se sentado contra um pano de fundo azul. Ouviu-se a voz
do psiquiatra:
-alguma vez provocou
consicnetemnete a morte de alguém?
Haloloharn humedeceu os
lábios.
-estive no Vietname, doutro.
Aprticipei em ataques aéreos.
-mas nessa altura era mais
novo… bastante mais novo – disse o psiquiatra.
Hallorharn baixou o olhar
para os sapatos.
-isto e necessário? Como
oficial da forca aérea, sei muito bem que jurei aceitar sem reservas as missões
que me fossem destinadas. E, como pode ver-se pela minha folha de serviços,
nunca ate agora discuti as ordens que me foram dadas.
-entoa que pensa que
aconteceu? Não fazia a mínima ideia de que se tratava de um teste?
-não doutor – replicou
hallorharn. – pensei que a coisa era mesmo a sério. Mas não consegui rodar
aquela chave.
-sera que desta vez
considerou as consequências morais pessoais… um sentido de responsabilidade…
culpa?
-talvez – retorquiu
hallorharn. – talvez.
Pat healy levantou-se e
baixou o som do televisor.
-a entrevista continua assim
por mais meia hora. Aparentemente, este foi o caso de um homem com problemas
éticos da ultima hora. Não esta so. Já houve outros que não conseguiram rodar a
chave… e não conseguiram explicar porque. E como se congelassem subitamente.
O general berringer fumava
nervosamente o seu charuto. O fumo que deste emanava elevava-se no ar,
esplhando pela sala uma cortina azulada.
-e um caso muito
característico – disse em voz seca e profissional. – todos eles tem excelente
folhas de serviço. Não os escolhemos por acaso, ser comandante de mísseis e um
ahonra.
Cabot endireitou-se. A sua
voz enfrentou claramente a atitude manipuladora do general berringer:
-general: mais de vinte por
centro dos seus homens falharam, ou, pior ainda, recusaram disparar os mísseis,
durante os testes… como este tipo que acabamos de ver. Eu diria que a
autoproclamada honra tem muito pouco significado.
Watson recostou-se na
cadeira.
-as falhas no cumprimento do
dever são um mal largamente espalhado pelas forcas armadas. – dirigia-se a
mckittrick com suavidade. – mas o presidente esta especialmente preocupado com
as nossas capacidades icbm.
Mckittirck acenou. Pois,
pois, e eu sou o homem indicado para vos ajudar, pensou.
-e estamos aqui porque o
presidente quer uyma solucao… uma solucao imediata – disse cabot. – como sabem,
o presidente não e propriamente mole quando se trata dos imperativos de defesa
da nossa pátria.
-podem dizer ao presidente –
disse o general berringer – que ordenei uma revista completa. – mudou de
posicao com nervosismo, e pousou o charuto num cinzeiro. – destacamos homens
muito bons da clínica menninger.
Ca vamos nos, pensou
mckittrick.
-desculpe, general –
interrompeu ele - , mas isso e um desperidio de tempo. Os homens que escolheu
são bons. O problema esta no que lhes pedimos para fazerem.
Cabot consultou o relógio.
-olhem – disse com ar
aborrecido. – temos de star no avião em menos de uma hora. Sou eu que tenho de
explicar ao presidente por que razão vinte e dois por cento dos seus
comandantes de mísseis não os dispararam quando isso lhes foi ordenado. Que
diabo lhe vou dizer? Que vinte e dois por cento não e muito mau? Comem-me vivo,
qual mancheia de pastilhas de fruta!
Berringer estava agitado.
-tenho a certeza de que, com
o pauramento da escolha…
-general – interjectou
mckittrick, tentando levar a sua avante - , não me parece correcto pedir a
estes homens que voltem paraa Washington com um punhado de demagogias bartas. –
fazendo uma pausa dramática, dirigiu-se depois a todos os presentes: - o
problema e que não se pode ter a certeza de quais serão as respostas humanas.
Aqueles homens que estão ali em baixo sabem o que significa rodar a chave. O
que nos temos de fazer, meus senhores, e tirar esses homens do caminho.
Berringer estava furioso.
- você não esta bom da
cabeça, mckittrick.
-tirar o shomens das
cápsulas de lançamento?
-por que não? – indagou
mckittrick.
Berringer levantou-se, e
estava tão perturbado que ate se esqueceu do charuto. Apontou o dedo para
mckittrick.
Que idiota, pensou
mckittrick.
-general – retorquiu
calmamente - , concordamos que são muito bons homens… mas não acha isto tudo
muito enigmático? Isto e, tudo o que se lhes pede e que rodem as chaves quando
o computador lhes disse para o fazerem.
-ou seja, quando o
presidente assim lhes ordenar – corrigiu watson.
-bem, claro – continuou
mckittrick. – mas no caso de um ataque nuclear, o presidente ordenrnar-nos-ia
que seguíssemos o plano de guerra estabelecido pelo computador.
Watson tentou o sarcasmo:
-imagino que o comando
central teria acesso ao computador.
Berringer agarrou-se a estas
palavras.
-claro que sim, tem razão.
Cabot abanou a cabeça:
-mas temo que isso não lhe servisse de muito. Se os
soviéticos atacarem de surpresa, não teremos muito tempo.
Pat healy levantou o olhar:
-exactamente vinte e três
minutos, desde o alerta ate ao impacte.
E dez a quinze minutos se o
lançamento flor de submarinos.
Querida pat, pensou
mckittrick. Não admira que o ame.
-seis minutos – comentou
mckittrick. Não admira que o ame.
-seis minutos – comentou
mckittrick. – o tempo suficiente para o presidente tomar a sua decisão…
depois,e tudo com os computadores. – presenteou-os com o seu olhar mais
sincero. – meus senhores, podem dispensar-me cinco minutos? Deixem-me so
mostrar-lhes o meu projecto.
O dr. John mckittrick
caminhava por entre as suas maquinas como um pai orgulhos rodeado pelos filhos.
Todos os outros podem ter na conta de obras de arte um quadro de rembrandt, um
romance de flaubert, ou uma sinfonia de beethoven, pensou. Mas ca para mim, uma
destas engenhocas e mais que suficiente. Um campo complexo de circuitos
integrados e interruptores, metidos em
mecanismos interligados… monumentos ao génio, que não se limitavam a ser
bonitos, mas que funcionavam.
Quando atravessaram um
corredor, pat healy presentou os visitantes com a historia do complexo. No
entanto tornou-se claro que os seus espíritos não estavam interessados na
narracao, e sim nos enormes bancos de computadores cem ecrans multicolores de
luzes que acendiam e apagavam, e nos quilómetros e quilómetros de fios
eléctricos. O formigueiro gigante. Progrmadores e cientista carregavam em
botões, bebiam café, ou falavam para os seus microfones de cabeça, por baixo de
gigantescas projeccoes de mercator da américa do norte, da rússia, da china, do
mundo que brilhava naquela obscuridade subterrânea, quais os anúncios de néon
na noite de times square.
-por aqui, meus senhores –
disse john mckittirck, guiando os seus convidados para uma ante-sala toda
envidraçada. Sim, se aceitassem as suas sugestões, o departamento tornar-se-ia
verdadeiramente eficiente. E poderia finalmente provar a esses militares de
cabeça dura do que eram capazes as suas maquinas. – se quiserem ter a bondade
de subir estas escadas… ah, óptimo! Richter esta aqui. Paul ritchter e outros
dos meus assistentes. Normalmente não trabalhas a esta hora, pois não, paul?
Mas achei que era melhor te-o ca, para me ajudar nas explicacoes que quero dar.
Paul richter envergava uma
camisola de la, usava óculos, e a sua barbicha e panca faziam-no parecer-se com
um psiquiatra visitas, e em seguida encostou-se a uma grande maquina cinzenta,
de tamanho de um vw, que ladeava uma série de computadores alinhados.
-tantos aparelhos, dr.
Mickittrick – disse cabot, analisando o equipamento.
-sr. Cabot, sr watson:
presumo que sabem como obtemos as informacoes que nos permitem actuar – começou
mckittrick.
Cabot soltou um riso
baixinho e descontraiu-se um pouco.
-creio que faz parte do
nosso trabalho, não e, watson? Satélites de informacao, aviões de
reconhecimento, relatórios de agentes e estacões…
-uma rede bastante complexa
– concluiu watson.
-sim, e tudo isso vem ter
aqui, a este posto de comando. Vai para os mapas…- calou-se e indicou com um
gesto os bancos de luzes cintilantes e gravacoes que ocupavam grande parte da
sala. – estes computadores dão-nos acesso imediato ao estado do mundo.
Movimentos de tropas… testes de mísseis soviéticos… mudanças de clima. Tudo vem
parar a esta sala. – dirigiu-se a maquina cinzenta, ao lado da qual richter
brincava com a sua insignificante gravata preta. – e aqui… ao computador wopr.
-wopr? – indagou watson.
-plano operacional de
resposta a guerra. – virou-se para o seu assistente. – sr. Richter, importa-se
de lhes explicar o seu funcionamento?
Um sorriso vago dançou por
uns intantes nos lábios de ritcher.
-bem. – aclarou a voz, numa
atitude que mostrava nitidamente que estava mais habituado a comungar com
computadores que a comunicar com seres humanos. – o wopr pensa na terceira
guerra mundial vinte e quatro horas por dia, e trezentos e sessenta e cinco
dias por ano. Servindo-se das informacoes recebidas sobre o estado do mundo,
joga uma série infinita de jogos de guerra.
-o wopr já por varias vezes
combateu no jogo da terceira guerra mundial, avalainaod, para isso, as
respostas soviéticas – continuou mckittrick. – depois, calcula maneiras de
melhorar o seu alcance numa guerra verdadeira. O importante e que o wopr já
tomou as decisões-chave sobre toda e qualquer opcao concebível numa crise
nuclear. Se alguma vez chegar o dia em que o presidente nos ordene que sigamos
os planos, quero ter a certeza absoluta
de que estes são mesmo postos em pratica. Esta
maquininha e o melhor general que temos, a nossa melhor aposta. Se algum dia
for necesaria uma guerra nuclear, aqui este nosso amigo estará em condicoes de
entrar nela com uma grande margem de esperança na vitoria.
Claramente cativado, cabot
acenou com a cabeça.
-o que você esta a dizer e
que o nosso sistema – disse ele - , todo o equipamento de um trilião de dólares
de que precisamos tão deseperada-mente, esta a mercê de homens de chaves de
latão e uma percentagem incrível de falhanços.
-o problema e que ele são
humanos. E, com o devido respeito, será que se alguma de nos tivesse as suas
profissões, poderia estar certo de que rodaria a chave, varrendo desse modo
milhões de vidas? – olhou em
volta. Watson tossiu. Mckittrick olhou cabot fixamente. Era
agora. – se me derem quatro a seis semanas no máximo, posso substituir os
homens (meros e falíveis mecanismos humanos) por disjuntores electrónicos
altamente eficazes. Podemos tirar os homens do caminho!
Com a habitual falta de
graça, berringer interrompeu:
-já lhe disse, john, que so
confio nesta pilha disforme de fios eléctricos se puder ser eu a comanda-la.
Você fala de eliminar o controlo humano. Pois bem, concordo que nenhum de nos
se lhe pode igualar em experiência nuclear. Mas também sempre olhamos para ela
como uma conselheira.
-mas uma vez dado tal
conselho e se, esperamos em deus que não, o presidente tiver de actuar,, não
haverá tempo para discussões entre ela e as nossas forcas defensivas… isto se
quisermos que a guerra se desenrole em condicoes. Manteremos
o controlo humano… mas onde ele deve estar… la em cima – contra-argumentou
mckittrick.
Cabot reflectiu por um
momento. De pois disse:
-dr. Mckittrick: isto e tudo
tão técnico… acho que e talvez melhor informar pessoalmente o presidente sobre
os seus pontos de vista.
-com certeza – replicou
mckittrick. –terei muito prazer.
Sorriu para o general
berringer, que fez uma careta.
-sim – disse cabot. – para
elm de alguns estremecimentos liberais, não vejo qual e o problema de aplicar
as suas sugestões. – deu um passo não vejo qual e o porblema de aplicar as suas
sugestões. – posso tocar-lhe?
-claro – respondeu
mckittrick. – a vontade.
Bem, falken, pensou ele.
Disse-te que um dia abriria o meu próprio caminho. Agora, tudo isto será
verdadeiramente meu. Obterei o reconhecimento. Agora, tudo isto será
verdadeiramente meu. Obterei o reconhecimento que mereço. Portanto, vai-te
lixar, génio de um raio. Vai-te lixar.
Cabot parecia fascinado pela
maquina.
-entao e aqui que se
desenrola o armagedao – disse, encostando-lhe o ouvido. – acho que já estou a ouvir as bombas.
CAPITULO II
David lightman premiu os
controlos do comando de mísseis da atari, metido entre a maquina frogger e o
jogo zaxxon. Tony amassava farinha perto dos fogões, enquanto escutava os
guinchos de pat benatar, discursando sobre o falso amor, num rádio já muito
gasto. O cheiro de empadão acabado de a fazer invadia a pizzaria marino com um aroma tão intenso
que quase se snetia na boca o sabor do queijo. No entanto, David lightman, que
envergava desmazeladamente a blusa enxovalhada e as jeans desbotadas que
enfiara de manha, não se percebia de nada, consciente apenas das explosões,
rebentamentos, silvos e tremeluzes luzes coloridas do jogo.
Raio de bombas espertinhas,
pensou, quando uma luzinha zumbiu através da sua ultima rajada de tiros e se
lançou na direccao de uma das seis cidades situadas ao fundo do ecran. Rodou o
manipulo, com o cursor desenhou uma cruz tripla mesmo abaixo da bomba que caia,
e observou cheio de satisfacao os seus mísseis traçarem linhas brancas ate aos
alvos, atingindo a bomba mesmo quando esta estava a sair do céu fosforecente.
Enqaunto a maquina marcava
os pontos que fizera, e a cor do ecran mudava, David notou com satisfacao que ainda inimigas lhes conseguisse chegar. e
arrancara-lhe mais de duzentos mil
pontos! em breve, as inciais do campeao desta maquina seriam dal.olhou em
volta, procurando o miúdo que vira pelo canto do olho quando estava a a jogar.
La estava ele; de olhos redondos e cara sardenta, fitava-o, com espanto.
-chi, pa! Tu es bestial –
exclamou ele, com um bigode vermelho desenhado a molho de tomate.
-queres acabar por mim?
-claro!
-entao va.
Agarrando nos livros, David
lightman saiu a correr do snack-bar, e lançou-se na direccao do liceu hubert
humphrey. O céu de Seattle parecia estar prestes a abir-se, para deixar cair
algum aguaceiro dos grandes. O que era típico de Seattle, claro.
Correu ao longo de blocos de
apartamentos e vivendas e atalhou pelo meio de um jardim de relva muito bem
cuidada, bastante semelhante a qualquer relva muito bem cuidada dos subúrbios
americanos. As vezes perguntava-se como seria viver na califórnia, na florida,
no cansas, ou em qualquer outra parte dos estados unidos, mas acabava pró
perceber que era quase tudo igual. E, como vivera em Washington toda a vida,
brindo as alegrias da compra e venda de imobiliários, Seattle teria de o
satisfazer por mais algum tempo.
O liceu humphrery era
constituído por uma série de caixotes cinzentos, geometricamente dispostos em
encruzilhadas mais ou menos movimentadas, rodeado por uma rede de arame
completamente inútil. David esgueirou-se por baixo da batida «entrada secreta»
- um sitio em que a rede fora cortada – e correu através de uma das portas
latreriais. Ignorando imprudentemente os monitores de corredor, apressou-se a
descer as escadas. No andar de baixo ficavam as salas de aula, e os
laboratórios de química e biologia. David dirigiu-se a sala catorze; chegado ai,
abrandou o passo e entrou com um ar vagaroso e desprendido.
A sala tresandava a
folmaldeido, animais e fertilizante. Aquários borbulhavam. A roda de um hamster
chiava. O professor, um tal amos ligget, estava de pe em frente do quadro, com
um bocado de giz metido na mão rechonchuda.
-ah! – disse, reparando no
recém-chegado. – estou muito contente por ter podido juntar-se a nos, David. –
desviou dos olhos uma madeixa de cabelo Baco e apontou para a mesa preta de
laboratório, que o separava dos seus alunos. – tenho aqui uma prenda para si!
David já começara a andar
para a parte de trás da sala. Sempre que possível, sentava-se la atrás, baixava
a cabeça e tentava passar despercebido. Parou, deu meia volta e caminhou em
direccao a ligget, que segurava um caderno de exercícios azul, de forma a toda
a turma poder ve-lo. Filho da mãe! Uma das armas principais dos professores
sádicos e a humilhacao publica, e ligget brandia-a quase tão subitelmente como
conam, o bárbaro, brandia o seu sabre. A nota f estava garatujada na capa do
caderno, e tão viva era a sua cor vermelha que mais lembrava a scarlet de
hawthorne, que andava a ler em literatura americana.
Ligget sorria, mostrando uns
dentes levemente amarelados. Uma camada de caspa espalhava-se pelos ombros do
seu casaco preto de napa. As vezes, e devido a descida de tanta poeira, os
estudantes chamamvam-lhe «bomba atómica».
David pegou no caderno de um
modo que mostrava bem o encolher de ombros que lhe ia pela alma.
Retomou o seu caminho ate
uma carteira vaga e, não sem espanto, notou que a que estava ao lado de
jennifer mack se encontrava desocupada. Levemente excitado, sentou-se. Fazendo
questão de não a olhar directamente, concentrou a sua atencao em ligget, que
mostrava outro f carmesim escrito num caderno azul.
O velho ligget esta hoje nas
suas sete quintas, pensou David, enquanto o gorducho homenzinho se pavoneava e
discursava para a turma.
-pergunta quatro! Na
historia da ciência, a originalidade e os conceitos inovadores surgem
ocasionalmente de uma inspiracao invulgar. – encostou-se a mesa, e a sua
barriga mole espalhou-se pela formica. – jennifer? Ah, esta ai! Jennifer mack:
na resposta a pergunta numero vinte e quatro, «por que razão se ligam as
moléculas de azoto as raízes das plantas?»…
David virou-se para a colega.
Envergonhada, jennifer baixou os olhos cor de avelã, e uma madeixa do seu
cabelo castanho tocou no tampo da carteira. Um cabelo bonito, macio e
brilhante. David perguntou-se qual seria a sensacao de tocar num cabelo assim.
-… a menina escreveu a palavr
amor – continuou ligget cruelmente.
Soltando risadinhas
abafadas, toda a turma se virou para ela. David sentiu-se atingido por uma onda
de simpatia.
-amor, menina mack. – o
idiota sorria ironicamente, divertia-se.
-manina mack, sabe alguma
coisa sobre moléculas de azoto que nos desconheçamos? Algo de mais devasso, de
que so a menina e conhecedora?
Jennifer levantou a cabeça e
olou-o, com uma expressão de quase desafio estampada no rosto.
-não – disse. David nunca a
vira tão bonita.
-estou a ver. – ligget
esquivou-se ao seu olhar directo. – a resposta correcta era simbiose,e a menina
não a sabia porque não esta com atencao nas aulas. – ligget mostrou bem a nota
de jennifer a toda a turma, e depois atirou-a com desprezo para a carteira de
um estudante sentado na primeira fila. – importa-se de passar isto a menina
mack?
Jennifer suspirou. Reparou
então que David estava a olha-la, e lembrou-se de que ele não tinha rido.
Sorriu-lhe. David sentiu nela um calor e uma vulnerabilidade a que não pode
deixar de resposta:
-deixa la. O f pode ser de
«fantástico».
-pois, pois – sussurou ela.
– f da fúria que o meu pai vai ter quando receber as minhas notas.
Ligget continuou a
bambolear-se, alongando-se nos comentários ao horroroso exercício escrito.
-pareceu-me haver alguma
confusão no respeitante as perguntas sobre clonagem. – relanceou uns olhos
suplicantes pela turma. – alguém sabe dizer-me quem foi o primeiro a sugerir a
ideia de reproducao assexuada num organismo avançado?
Virou-se para o quadro e
começou a escrever. Aliviado por não ter de continuar a conversa, David desviou
a sua atencao de jennifer. Tinha porblemas com as raparigas. Não que não
gostasse delas, mas contituiam factores tão imprevisíveis! Em linguagem de
computador, poderse-ia chamar-lhes variáveis, embora as raparigas não seguissem
qualquer tipo de comportamento lógico. Submetendo-se a pressões de amigos,
levara algumas ao cinema, mas esquivara-se sempre a festas e reunioers.
Normalmente sentia-se desajeitado e trapalhão, mas considerava tais coisas piores
que a inquisicao espanhola. O problema era que sentia que, com as raparigas,
não controlava a situacao… não era como o computador. Não compreendia o modo
como se sentia quando as encarava e elas sorriam. Quase se envergonhava por
querer tanto tocar-lhes.
Céus, se ao menos soubesse
como falar com alguém como jeniffer mack! Ela passara a sorrir-lhe muito,
especialmente desde o dia em que ligget levara a jibóia.
Fora numa altura em que
andavam a estudar os repteis. Quando David resolvera prestar alguma atencao,
reparara que um reservatório repousava na enorme mesa do laboratório d eligget.
Era um reservatório de vidro, que continha uma jibóia de um metro e oitenta de
comprimento,e cuja seccao media era tão
grosssa como bicipte direito de hank jodrey, a estrela da luta greco-romana.
Aquele bicho de aspecto maldoso deslizara lentamente e olhara-os de frente,
volteando a língua com um ar de quem lambe os beiços perante uma boa costeleta.
Nessa semana, a maioria das raparigas sentara-se na parte de trás da sala.
Mas um dia o velho ligget
excedera-se. Arrastara o gordo herman, o hamster da turma, para fora da gaiola,
abrira o tampo metálico do reservatório da cobra, e atirara o roedor la para
dentro.
-tenho de ir fazer uma
coisa. Entretanto, quero o relatório completo do que vai passar-se.
Quando saira, toda a turma
exprimira o seu horror. A cobra estava a dormir, toda enroscada a um canto, mas
quando o sujeitinho dourado começara a correr de um lado para o outro, a srª
jibóia dera em reparar nele.
Observando atentamente o que
estava a acontecer, a maioria dos rapazes afivelara uns sorrisos tolos e
fascinados. David, no entanto, sentira-se revoltado. Sem uma palavra,
lançara-se na direccao do estrado do professor, levantara a tampa do
reservatório da cobra, metera la a mão, e puxara herman ca para fora. As
raparigas tinham aplaudido.
-ei, o meu idiota, vais
meter-te em sarilhos – dissera um bajulador chamado crosby.
-se disseres alguma coisa,
john – respondera a sua namorada - , podes tirar a ideia de sexta a noite!
-que vamos dizer ao bomba
atómica? – perguntara alguém.
-que a cobra comeu o herman
– haviam-lhe sugerido.
-mas não se notara nenhum
inchaço.
-o idiota esqueceu-se hoje
dos óculos.
Jennifer presentara-o
naquele dia com o seu primeiro sorriso, e herman, livre de jibóias, habitava
agora um canto do seu quarto.
Reproducao assexuada=sem
sexo, diziam os gatafunhos escritos no quadro.
Ouviram-se alguns risinhos
aqui e ali, mas nada que se comparasse a gargalhada geral que peter hawkins
provocara na semana anterior, quando se enganara e em vez de organismos dissera
orgasmo.
-não vejo a graça que isto
tem – disse ligget. – sr. Rudway, pode dizer-me
quem foi o primeiro a sugerir a ideia de reproducao assexuada num
organismo avançado?
Rudway mexeu-se desconfortavelemente
na cadeira.
-mendel?
-um pouco cedo.
David sorriu ironicamente, e
os seus olhois iluminaram-se. Inclinou-se para jennifer e murmurou-lhe três
palavras ao ouvido.
Jennifer tentou abafar uma
gargalhada, mas nem a mão atravessada na boca pode conter o seu riso alto.
-menina mack, esta a ter
algum ataque epiléptico? – inquiriu ligget com um ar aborrecido. – qual e a
piada?
Ainda de cabeça baixa,
jennifer pareceu recompor-se. Mas quando olhou para David, desatou outra vez as
gargalhadas.
Ligget estava exasperado, e,
tal como o tubarão, não largou a presa.
-muito bem, lightman. Talvez
o senhor nos possa dizer quem foi o primeiro a sugerir a ideia de reproducao
assexuada num organismo avançado. – tinha a cara pintalgada de vermelho.
David endireitou-se e, levantando
uma sobrancelha estilo john belushi, lançou um olhar a jennifer; depois,
virou-se e sorriu ao velho bomba atómica.
-a sua mulher? – disse.
-o sr. Ligget quer que eu
discuta um problema comportamental com o sr. Kessler – informou David lightman na
sua melhor voz olá-aqui-estou-eu-no-gabiente-do-vice-reitor.
A srª mitchell, uma mulher
nova olhou-o desconfiadamente por cima das armacoes cortadas.
-parece-me que já esteve
aqui antes.
Madnou-o entrar e voltou-se
novamente para a maquina de escrever, pegando num frasco de liquido como se se
tratasse de um Picasso.
David lightman atravessou a
porta vagarosamente e entrou num corredor durto. Atirou-se para o banco de
madeira que la estava e examinou atentamente as gastas adidas.
Ei, pensou. Já que estou aqui…
Sorriu para consigo e olhou
para o lado da secretaria da srª mitchell. Ninguém a volta. Óptimo, perscrutou
o corredor. A direita era o gabinete do «kaiser», claro, o centro disciplinar
do liceu humphrey. Uma voz severa ladrava atrás de uma porta fechada.
Do outro lado ficavam as
duas salas de computadores da escola. Numa delas via-se uma mulher de
meia-idade inclinada sobre um terminal. Mas a outra, de porta escancarada,
estava vazia.
Céus! Tal como esperara.
Jennifer era bestial. So pedia era que o código a usar estivesse a vista.
Com um olho prudente na
mulher que estava do outro lado, David precipitou-se para a deserta sala de
computadores. Claro que era uma habilidade que podia sair-lhe cara,
especialmente no que dizia respeito as suas relacoes com os porcos sujos do
liceu humphrey, mas vali a pena arriscar.
Resolveu o assunto num abrir
e fechar de olhos.
Escrita num dos lados do
ecran estava uma grande lista de palavras de cinco letras, com um traço por
cima. So a ultima não o tinha: lápis.
Mesmo a tempo!
David voltou
precipitadamente ao banco e sentou-se no preciso momento em que a porta do
vice-reitor se abriu, deixando sair um aluno de ar intimidado, que desatou a
fugir, como um cão que fez asneira.
O «kaiser» kessler mandou
David entrar.
-lightman! Surpresa!
David fez uma careta e
exxibiu o bilhete de ligget.
Kessler pegou nele e leu-o
rapidamente; depois, enconstando-se para trás, cerrou os lábios grossos e
observou David lightman pensativamente.
-sabes, lightman, não te
percebo – disse. – va la, senta-te. Quero conversar. Desta vez não haver
asermoes, nem bilhetinhos para os teus pais, nem telefonemas para o teu pai.
Muito desconfiado, David
lightman sentou-se.,
-tu tens notas excelentes…
especialmente em matemática… sim, confirmei-o com o teu encarregado. – kessler
usava o cabelo muito curto. Tinha trinta e muitos anos e parecia um instrutor
militar alemão, razão pela qual os alunos lhe chamavam «kaiser». A fama de
disciplinador seguia-o por todo o lado, não necessariamente pela sua eficácia, mas
sobretudo pelo gosto que kessler sentia no seu trabalho. David desconfiava que
o homem lamentava viver nos anos 80, e que o seu desejo era bom personagem de
uma novela de dickens.
-e então?
-tens todas as condicoes
para te tornares um bom aluno e, no entanto, volta e meia estas aqui.
-bolas, sr. Kessler, eu não
bato em miúdos, nem bebo, fumo, ou me drogo.
-pois não, mas tens a mania
de que es esperto… chateias os teus professores o mais que podes… - kessler
soltou uma risadinha e pos as mãos atrás da cabeça. – que espécie de liceu
achas que teríamos se todos tivessem a mania de que eram espertos, lightman?
-um liceu de espertalhões?
Kessler riu-se.
-sabes, lightman, se fosses
meu filho deitava-te no joelho e dava-te a esperteza. Mas, de qualquer forma,
desconfio que já seria tarde de mais. Não e fácil ser professor, nos nossos
dias, lightman, e alunos inusbordinados ainda tornam piores as coisas.
-eu sei, sr. Kessler.
-sabes sempre tudo, não e
lightman? Pensas que pode ser sempre tudo como tu queres. Gostas de meter
apuzinhos na engrenagem, so para ver o que acontece. Não, não es mau rapaz.
Acredita que sei que não es mau rapaz. Apesar de tudo, es um pouco perverso,
não achas? – kessler sorriu, pegou num palito, e começou a escaranfuchar os
dentes. – sabes que estou encarregado da sala de actividades?
David pestanejou.
-sim e verdade, e acontece
que tenho aqui um bilhete… meu deus, e um pedido oficial, assiando pró um tal
David lightman, pedindo jogos vídeo para a sala. Alguns professores acham boa
ideia, mas eu li mesmo agor ao relatório do medico geral, emq eu se mostra como
essas coisas são mas para as pessoas. Sabes, «cotovelo pac-man». Olhos
cansados, tendências para a violência… e a tua vida aqui e um exmeplo vivo do
que os jogos vídeo fazem ao espírito adolescente. Compreendo agora que a ultima
coisa que quero ver nas minhas salas de actividades são os jogos vídeo.
Kessler rasgou a carta de
David e atirou-a para o cesto de papeis.
-assunto arquivado,
lightman, agora põe-te a andar, e não me apareças aqui outra vez.
E kessler tornou a voltar os
olhos levemente protuberantes para os
papeis espalhados em cima da secretaria.
-sim, sr kessler.
Sieg heil seria uma resposta
masi adequada aquele pateta. Os outros rapazes podiam chamar-lhe «kaiser», mas,
daqui para a frente, para David lightman ele seria fuhrer.
O problema e que a maioria
das pessoas em posicao de autoridade são idiotas chapados, pensava David
lightman apos mais um dia brilhante passado no liceu humphrey, enquanto se
dirgia desinteressadamente para casa, equilibrnado um livro de trigonometria na
palma da mão.
As coisas não seriam tão mas
se eles soubessem que eram idiotas chapados. David conhecia bem os seus
discursos. Não, pensavam que eram bestiais, melhores que ele… melhores que
ninguém. Pensavam que controlavam tudo, que em tudo levavam a melhor.
Era por isso que gostava de
computadores. Com computadores havia justiça. Obtinha-se o que se programava.
Resultados imediatos, o resto deste mundo… bem, era tão cinzento como o tempo
que nesse momento fazia em Seattle.
O som de um motor fraco
vibrou atrás de si. David lightman esperou pelo efeito doppler que a motoreta
produziria quando o ultrapasse, mas reparou que o som não se alterou, e que,
pelo contrario, o foi acompanhando. Voltou-se. E viu jennifer mack montada numa
almbreta verde.
-ola! – disse ela.
-oh, olá – retorquiu David.
David desviou i olhar; não
havia muito mais a dizer. Tentou dar a sua atrapalhacao um ar de desprendimento
estilo clint eastwood.
-desculpa ter-te metido em
sarilhos – continuou jennifer. – mas não pude deixar de rir.
Céus, ela estava a pedir
desculpas por o ter ajudado. Abrndou o passo e mirou-a.
-não, não digas isso. Foste
perfeita.
Sem acreditar bem no que
ouvia, jennifer parou a lambreta.
-fui?
-foste.
Jennifer era esbelta e bem
feita. Envergava umas jeans, uma blusa verde, e um blusão preto. O vento
revolvia-lhe alguma madeixas do cabelo comprido. A expressão do seu rosto era
mesmo gira. David não sabia que havia de dizer-lhe.
Foi jennifer quem quebrou
aquele silencio incomod.
-quere suma boleia para
casa? - perguntou vivamente.
-claro – respondeu logo
David.
-entao, salta ca para cima!
– convidou ela.
-há… esta bem. – David
sentou-se cuidadosamente na parte de trás da lambreta e agarrou-se com uma mão
a tira que separava o seu assento do de jennifer. – estou pronto.
-onde moras?
-não ando muito longe. –
deu-lhe algumas instrucoes breves.
-agarra-te. Ca vamos nos!
Lamentavelmente, do ponto de
vista de David, jennifer mack misturou-se com o tráfego suburbano de Seattle. Um
volkswagen buzinou-lhes. David sentiu-se sufocado por uma cortina de fumo dos
tubos de escape. Ressaltaram na estrada, e ele sentiu que estava quase a cair.
Céus, ela ia muito depressa!
Quando curvaram, a evel
knievel, para elm, os pés de David tocaram no asfalto.
-ei! Levanta esses joelhos –
disse jennifer por cima do ombro.
David pos-lhe delicadamente
as mãos na cintura. As ancas dela eram macias e firmes.
-isso não e nada. Não estou
muito interessada em voltar para trás, a recolher os teus ossos – inssitiu ela
impacientemente.
David engoliu em seco. Rodeou jenifer
com os braços; a senssacao era indescritível. O vento atirava o cabelo dela
para a sua cara. Era ainda mais sedoso do que imaginara, e estavam muito limpo
e perfumado.
Bem, pensou, os computadores
não podem fazer isto.
Numa recta da estrada, com
poucos carros, jennifer disse:
-ei! Também tiveste um f,
não foi?
Céus, ela era mesmo amorosa.
-foi – respondeu
abstractamente.
-acho que nos vão meter aos
dois na escola de verão.
David não pode deixar de
sorrir.
-a mim não!
-porque? Não vais ter de
fazer biologia?
Se aquele código estiver
correcto, não, pensou David presunçosamente.
-acho que não.
Jennifer ficou levemente
confusa.
-por que não?
-anda a minha casa que eu
mostro-te!
-esta bem.
David apontou para o fim da
rua, lamentando bastantes que o passeio não pudesse ser mais longo.
-e ali.
Tendo por pano de fundo o
dia carreegado de primavera, a pequena motoreta la seguiu por baixo de
carvalhos verdes, deixando para trás vivendas e sebes de jardins. David indicou
a casa a jennifer estacionou mesmo ao lado. Quando saltou eda motoreta,
jennifer desligou-a e apoiou-a no descanso.
David virou-se mesmo a tempo
de interceptar ralph, que, descendo a correr a leve inclinacao em frente da
casa, se preparava para saudar os recém-chegados.
-e o teu cão? – perguntou
jennifer.
-sim – respondu David,
presenteando o stter com umas pancadinhas amigáveis – chama-se ralph. Esta e a
jennifer, ralph. E uma rapariga fixe.
As orelhas de ralph
levantaram-se, saltitou ate jennifer, começou a fareja-la, e depois saltou-lhe
de um modo pouco cerimonioso.
Muito atrapalhado, David
gritou:
-ralph!
-não faz mal – disse
jennifer. – também tenho um cão. – empurrou ralph suavemente, acariciando-o. –
os cães não precisam de fazer biologia.
-há… pois não – retorquiu
David, segurando ralph pela coleira. Ralph ganiu. – va la pa. Portate-bem. Ela e uma visita, pateta! Desculpa, mas vais
ter de ficar ca fora.
Jennifer riu-se, e ele
conduziu-a aos flamingos de louca que guardavam a casa de dois andares. La
dentro não estava ninguém, mas o res-do-chao cheirava ao bacon que o pai
queimara de manha.
Olhando em volta, jenifer
pareceu agitar-se levemente. Parou. David virou-se.
-há… o que quero mostrar-te
esta no meu quarto. E…. – de repente, deu-se conta da situacao em que os
colocara a ambos. – o meu… há… quarto… e la em cima.
Jennifer libertou-se do seu
cuidado com um encolher de ombros e seguiu atrás dele.
-os teus pais não estão em
casa? – perguntou a meio das escadas. A sua voz tinha um tom estranho, como se
qualquer coisa a excitasse interiormente.
O coracao de David começou a
palpitar.
-trabalham os dois. – que
pensava ela que ele queria? So ia mostrar-lhe o computador.
Jennifer seguiu-o
silenciosamente. Mas riu-se quando viu o letreiro penduradoa porta doq aurto.
- «área reservada» - leu em
voz alta. - «entrada proibida a estranhos, sem excepcao.» de que preciso eu,
David? De uma espécie de passe?
Msotrando uma chave, David
disse:-na. Vou desligar as armadilhas. – abriu a porta e fez-lhe sinal para
entrar.
-esta escuro como breu! –
objectou ela com uma certa hesitacao.
-oh! So um minuto. –
inclinou-se la para dentro e abriu as luzes.
Bolas! O quarto estava numa
confusão tremenda. Esquecera-se disso.
No entanto, jennifer pareceu
não notar. Passou pró David e foi admirar os montes de maquinaria que este
dispusera no quarto.
Ainda meio atrapalhado,
David descobriu uma pilha de roupa interior suja. Caminhando ao lado de
jennifer, deslocou-a com o pe para baixo da cama por fazer.
-uau! Gostas mesmo de
computadores, há?
-sim, era isto que queria
mostrar-te.
-mas que diabo tem isto a
ver com a minha nota de biologia? – perguntou jennifer, continuando a passear
os olhos pelo espantoso monte de fios eléctricos e engenhocas, como se
estivesse num disco voador.
-olha. Vou mostrar-te.
David passou por ela e
instalou-se na velha cadeira giratória. Ligou o terminal e aqueceu o televisor.
Bem, onde raio esta o estúpido modem? Ah, ali! Ligou o computador a ficha para
gravacao do auscultador do telefone e depois pousou o auscultador no descanso.
Abriu uma lista telefónica
cheia de rabiscos, encontrou o numero que procurava e começou a marca-lo.
-que estas a fazer? –
inquiriu jennifer suavemente.
-estou a tentar ligar para o
sistema do centro distrital escolar. Se tivermos sosrte… sim, esta a chamar.
Varias palavras apareceram
noé cran:
BANCO DE DADOS DO DISTRITO
ESCOLAR UNIFICADO DE SETTLE.
POR FAVOR INTRODUZA CODIFGO
E NUMERO DESCRITIVO.
-sabes, jennifer –continuou
David - , mudam o código de duas em duas semanas. – fez uma pausa, esperando
tirar dela algum efeito dramático. – mas eu sei onde a guardam!
David carregou nas teclas e
escreveu a palavra lápis.
As frases anteriormente
escritas apagaram-se imediatamente e uma lista de subsistemas apareceu no
ecran.
-va, jennifer, escreve
registos estudantis.
-não. Eu não…
David sorriu.
-va la. O computador não
morde. – estava no seu elemento e sentia-se muito mais a vontade. Ela deu um
passo em frente, procurou as teclas e escreveu.
As palavras registos
estudantis apareceram no ecran.
-muito bem. Agora vou
introduzir o meu numero escolar… e voila –anunciou David. – observa as minhas
tristes notas. – o ecran apagou-se e os registos de um tal lightman, David a.,
apareceram a preto e branco.
David deslocou o cursor ate
a nota de biologia, e substituiu o f por um c.
-que estas a fazer? –
perguntou jennifer horrorizada.
-a mudar a minha nota… bem,
qual e o teu numero?
Jennifer murmurou algumas
palavras e David escreveu-as.
Os registos de mack,
jennifer d., apareceram imediatamente.
David examinou-os
atentamente.
O que David queria fazer
acabou finalmente por entrar na cabeça de jennifer.
-ei… não podes fazer isso!
-por que não? E fácil.
-não e nada contigo. Que
estas a fazer agora?
-a mudar a tua nota de
biologia.
-espera la. Vais meter-te em
sarilhos – protestou jennifer.
-calma. Descansa que ninguém
descobre. Olha!
David deslocou o cursor ate
a nota de biologia, e, com muitas eficiência, substituiu o f por um b.
-acabas de ter um b,
jennifer. Agor aja não precisas de ir para a escola de verão.
Põe isso como estava –
exigiu jennifer.
David ficou estupefacto.
-porque? Garanto-te que eles
não podem…
-já te disse para pores isso
como estava! – jennifer estava claramente perturbada.
-pronto, pronto! – disse
David.
Carregou na tecla f.
-ai tens, voltaste a apanhar
um f.
jennifer recuou friamente.
-ouve, acho melhor ir-me
embora.
-esta bem. – calramente
confuso, David levantou-se. – mais uma vez, obrigado pela boleia.
-de nada. – recuou mais um
pouco, e escapou-se. – adeus.
Jennifer já desaparecera.
Foi ate a janela e viu-se a correr para a lambreta. Depois de por esta a
trabalhar, la seguiu pela rua abaixo.
-raparigas – murmurou David,
com uma sensacao estranha na boca do estômago. Apesar de tudo, jennifer era
bastante fixe. David desconfiava que não fora suficientemente cuidadoso e que a
chocara a ideia de andar a enganar computadores. Estava demasiado apegada a
programacao social, que diz que são as autoridades a fazer as leis e que não se
pode brincar com elas, mesmo que se seja mais esperto que os zeros a esquerda
que nos dizem como devemos ser.
O facto era que David ate
nem se importava muito com a nota de biologia. Era conveniente, e mais nada. O
que realmente lhe dava satisfacao era fintar todos aqueles idiotas mesmo nas
suas barbas, e eles nem sequer darem por isso!
David lightman sentiu-se
invadido por uma alegria pura, autentica.
Deu um salto para o
computador, voltou a substituir o f de jennifer por um b, e interrompeu o
contacto com o banco de dados, antes que alguém pusesse as mãos sebosas na sua
obra.
No televisor, cathy lee
crosby, fran tarkenton e john davidson trauteavam e incirvel, apos um anuncio
da comapnhai de telefones c. e p.
David lightman passou um
bocado de carne frita a ralph, que esperava pacientemente debaixo da mesa de
jantar. Limpou a mão a um guardanapo de papel evoltou a prestar atencao a
correspondência espalhada a sua direita.
Sentindo que David não lhe
daria mais nada, ralph balanceou-se para junto do sr- lightman, que, sentado a
mesa, usava uma fatia de pão para passar manteiga por um pedaço de milho.
Um prato cheio de comida
arrefecia em frente de outra cadeira. A srª lightman recebera um telefonema
logo que começara a comer.
-mas tem de ver a casa –
dizia ela do telfone instalado na cozinha. – e o orgulho dos meus catálogos.
Sim, dois quartos de dormir, duas casas de banho, e um salão enorme.
-ralph! – exclamou o sr.
Lightman, quando este começou a salivar para a perna das suas calcas. – já
comeste! Senta-te.
David examinava a
correspondência com ar ausente. A unic acoisa de interesse era a revista cool
computer.
-david, puseste o lixo la
fora? – perguntou-lhe o pai.
-pus, pus – respkndeu David,
aborrecido. O pai já lhe perguntara duas vezes a mesma coisa.
A mãe tapou o bocal do
telefone com a mão e gritou:
-querido, ve la se lhe pões
bem a tampa, para o ralph não entornar tudo outra vez. – e voltou a
concentrar-se nos negócios.
-bem sei, mãe. – céus,
quando não o ignoravam, divertiam-se a chatea-lo. Folheou distraidamente a cool
computer. Ao virar as paginas do meio, um panfleto caiu-lhe no colo.
Olá! Que e isto?
Nuam caligrafia de estilo
futurista, grande sletras azuis e vermelhas anunciavam: ESTE VERAO A PROTOVISAO DEU UM SALTO QUANTICO
NOS JOGOS DE COMPUTADOR.
David acabou de jantar num
instante, empurrou a comida com um pouco de leite, pediu licença e saiu da
mesa.
A protovisao era na
califórnia. Valia a pensa tentar.
Passou pela mãe e lançou-se
em direccao ao quarto.
-qualquer dia – comentou
ela, reparando na revista que ele levava na mão – ainda nos electrocutas a
todos!
-sim – confirmou David par
ao telefone. – sunnyvale, califórnia. Protovisao. Obrigado. – um pensamneto
atravessou-lhe o cérebro. – oh, e pode dizer-me os outros prefixos dessa área?
Anotou os números num bloco
de apontamentos.
-muito obrigado!
Puxando um pequeno arquivo
de plástico, David lightman percorreu com os dedos vários discos pretos
estriados, do tamanho de um 45 rpm. Eram os seus floppies – diskettes floppies,
unidades magnéticas de armazenamento de programas. E epnsar que anos atrás,
quando começara, usava uma pilha de fitas gravas e cassetes. Estas coisas eram
na mão estava cheia de programas por ele inventados. Uma outra, colocada do
outro lado do quarto, continha «copias exactas». O único problema destas
diskettes era que as vezes, se o computador se avariasse, houvesse uma falta de
energia, ouse elas se dobrassem, podia esquecer-se o que neles se havia
registado.
Puxou para fora um, cuja
etiqueta dizia:
DETECTOR DE TONS MODEM
DIREITOS DE AUTOR DE DAVID
LIGHTMAN
E ESTRITAMENTE PROIBIDO
O USO OU DUPLICACAO
DESTE PROGRAMA
David arranjara o modem há
quase um ano. No primeiro mês que o usara, recebera uma conta de telefone
verdadeiramente incrível. Por isso, David lightman interessara-se realmente
pelo funcionamento da companhia dos telefones. O seu amigo jim sting ajudara-o
bastante. O velho string também detestava a companhia dos telefones… e possuía
informacoes valiosíssimas. O especilista de computadores for aem tempos um
maníaco dos telefones – um brincalhão que usava o seu conhecimento de
computadores para fazer telefonemas de graça.
Sim, sting ate o ajudara a
conceber aquele programa.
Já fizera aquilo antes;
descobrir números de telfone de computadores, e tentar toma-los de assalto, era
uma coisa bem divertida. Tudo o que tinha a fazer era entrar em contacto com o
computador da protovisao, servir-se do seu programa especial para iludir
qualquer obstáculo, chamar aqueles jogos novos, e copia-los para uma ou duas
diskettes.
Seria o primeiro a
possui-los!
Telefone para dentro do
modem.
Um toque na tecla de recuo…
PARA DETECTAR TONS MODEM,
INFORME POR FAVOR CODIGO E PREFIXO DA AREA DESEJADA.
David escreveu:
311-399,311-767,311-936.
O computador marcou o
primeiro numero automaticamente.
David ouviu um leve toque de
chamada vindo auscultador. Uma voz irritada respondeu:
-esta?
Não. O computador procurava
os tons usados por outro para atender chamadas. Desligou imediatamente.
Marcou o numero seguinte.
De experiências anteriores,
David sabia que o processo podia levar horas. Os tipos dos computadores não
eram estúpidos. Não davam propriamente de bandeja os seus números especiais de
modem. Com uma nacao cheia de malucos, isso equivaleria ao suicídio.
O ecran começou a encher-se
de números. Bom trabalho, pensou David. Bom trabalho.
Depois de desligar o
altifalante, agarrou numa historia de ficcao cientifica que empalmara numa loja
– um romance chamado dia da estrela-do-dragao – e começou a ler.
CAPITULO IV
David lightman fintou
speedy, iludiu pinky, virou e lançou-se na direccao da bola de energia.
Engoliu-a.
Os fantasmas passaram a
azul. David sorriu de esguelha. Manobrara-os na perfeicao. Zap, zap, zap, zap,
comeu-os a todos com o pac-man.
Aproveitou a pausa para
pegar na comida.
Jennifer mack aproximou-se
da mesa, sorvendo uma gasosa.
-ola.
-oh, olá.
David concentrou-se outra
vez na maquina e comeu mais alguns bolos. Os fantasmas tinham recomeçado a
mover-se e as esferas, andavam agora mais depressa.
-vais ficar sem jantar –
disse jennifer.
-este e o meu jantar.
-ouve, pensei muito ontem a
noite.
-em que? – céus, estavama
aproximar-se, e naquele ecran havia so uma bola de energia.
-naquilo da minha nota.
Ainda podes muda-la?
David distraiu-se e fez o
movimento errado. Clyde apanhou-o logo. O pac man extinguiu-se com um silvo
desesperador.
-não sei como pude ser tão
estúpida. Devia ter-te deixado muda-la. – olhou para o jogo. – ei, es mesmo
bom. Não sabia que o pac man podia somar tantos pontos. Eu ca não consigo fazer
mais de trinta mil.
O pac man estava outra vez
em jogo, e David conduzia-o com perícia. Devorou um fruto e a maquina fez um
ruído idiota.
-bem – persistiu jennifer. –
queria perguntar-te se ainda o podes fazer.
Bolas, pensou David
lightman. Mulheres. A sua mãe as vezes também era assim – mudava de ideias
mesmo a meio da frase. Fintou inky, e escapuliu-se por um lado, voltando a
surgir do outro.
-há… não sei. Pode ser
difícil.
-porque?
-há… não sei. Podem ter
mudado o código.
Embora amorosa, jennifer era
inssitente:
-mas talvez não. Não podemos
ao menos tentar?
David imaginou-a outra vez
no seu quarto; pinky desceu um corredor labiríntico e apanhou-o.
Aborrecido, olhou para
jennifer.
Mas os olhos dela eram tão
bonitos e suplicantes…
-por favor – disse ela.
O tipo era meio estranho,
mas, de certa forma, também era giro, e… bem, se lhe arranjasse as coisas de
modo a ela não ter de ir para a escola de verão, então estava tudo bem para
jennifer mack.
Os pais dele não estavam
outra vez.
-que faz a tua mãe? –
perguntou ela, mastigando uma pastilha elástica.
-seculo XXI.
-há?
-correctora de imóveis.
-ah! – passeou o olhar pela
sala de estar, muito parecida com a sua própria sala de estar e com uma dezena
de outras salas de estar que já visitara. Pelo menos as almofadas não estão
revestidas a plástico, pensou ela, enquanto seguia David pela escada acima.
-ei, quase me ia esquecendo.
Como esta o herman?
~-optimo. Agora uso a roda
dele para dar energia ao meu material.
Ela riu-se.
-ao teu mais que primitivo
propulsionador de diskettes fase X modificado, com compressor de refugo destacável?
-sim. Ao meu computador.
Anda. Tem estado a trabalhar todo o dia.
Pegou nas chaves e começou a
abrir a porta do quarto. Cerca de duas dúzias de rapazes do liceu já a haviam
convidado para ir aos seus quartos, e ela recusara sempre. E agora aqui estava,
entrnado no quarto de ele lhe mudar a nota, acabariam provavelmente a jogar aos
invasores do espaço.
Embora um bocado descorado e
magro, ele ate nem tinha mau aspecto. Jennifer perguntou-se como seria namorar
com ele. Divertido, se calhar.
O quarto estava
fantasmagoricamente iluminado pelo televisor. David acendeu as luzes e jennifer
passou por ele e observou o ecran. Parecia que aquela coisa estava a registar
numero de telefone.
-que esta istoa fazer? – perguntou ela.
-não toques nas teclas –
disse David.
Ela afastou-se do teclado.
-esta bem. Mas que esta isto
a fazer?
Desviou-se par ao lado,
deixando David sentar-se. Este respondeu-lhe distraidamente, pondo uma atencao
fascinada no sistema do computador. E ela interessou-se tanto pelo que ele lhe
disse que nem reparou no cheiro a macho que invadia o quarto.
-a marcar números – dizia
David. – a protovisao, uma companhia de computadores da califórnia, vai lançar
uns jogos espantosos daqui a uns dois meses. Como so programas ainda devem
estar no computador, disse ao meu sistema para procurar os computadores de
sunnyvale. – tirou o telefone do descanso e estendeu-lho. Telefones estava bem,
isso jennifer mack compreendia. Pos o auscultador no ouvido. – os computadores
que atendem as chamadas respondem com um tom reconhecível por outros
computadores.
Jennifer tirou o auscultador
do ouvido. Apenas um tom. A lista de números de telefone ia crescendo.
-estas a ligar para todos os
números de sunnyvale, califórnia?
David virou-se para ela com
um sorriso de auto-satisfacao.
-não e caro?
-há maneiras de contornar o
porblema! – retorquiu David alegremente.
Este tipo e um verdadeiro
maníaco, pensou jennifer. Bestial, mas maluco.
-olha, e isso vai demorar
muito? Gostava mesmo de mudar a minha nota.
-vai – respondeu David, de
olhos pregados no ecran. – bem, jennifer, o facto e que…há… já a mudei.
-o que? Mas eu disse-te para
não fazeres!
-tinha a certeza de que
havias de mudar de ideias.
Que lata!
-alem disso, não me apetecia
nada que chumbasses. – pos de lado o assunto da nota de jennifer e voltou-se
outra vez para o que lhe interessava. – vejamos o que temos ate agora.
Carregou numa das teclas, e
no ecran do televisor apareceram as seguintes palavras:
BANCO UNION MARINE, SEDE DO
RAMO SUDOESTE.
INTRODUZA OS SEUS DADOS, POR
FAVOR.
-hei-de lembra-me deste –
disse David. – ainda pode vir a fazer falta.
Jennifer sentiu-se mais
interessada. Aproximou-se.
David escreveu outro numero,
correspondente ao departamento de veículos a motor.
-tens alguma multa em
sunnyvale?
-queres dizer que, se eu
tivesse alguma multa por excesso de velocidade, podias encarregar-te de a fazer
desaparecer?
David encolheu os ombrosd,
marcou o numero seguinbte, e disse:
-provavlemente. – o ecran
encheu-se de cidade, datas números de voo. Eram as listas de voo pana m.
-que bom! Vamos a qualquer
lado – exclamou jennifer.
Não era daquilo que David
andava a procura, mas jennifer parecia mesmo encantada.
-onde queres ir? – perguntou
ele.
-a paris. E tão romântico!
Dosi toques rápidos nas
teclas, e David levantou a cabeça.
-pronto. Já temos os nossos
lugares reservados. – e continuou a carregar nas teclas, provocando a aparicao
de novs números. Jennifer observava. De repente, os números desapareceram e no
ecran ficou apenas escrito:
INTRODUZA OS SEUS DADOS
-que estranho! – exclamou
david. – não se identifica. tentemos… qualquer coisa.
Escreveu meia dúzia de zeros
e um um.
O televisor respondeu assim:
IDENTIFICACAO NÃO
RECONHECIDA PELO SISTEMA. COMUNICACAO CORTADA.
-que ma criacao! – comentou
jennifer, já muito interessada.
-vou pedir-lhe que me ajude
a introduzir os dados – disse David, tornando a marcar o numero.
-e podes faze-lo?
-claro. Alguns sistemas
ajudam. Quanto mais complicados são, mais tem de o fazer!
INTRODUZA OS DADOS
AJUDA PARA A INTRODUCAO DE
DADOS.
AJUDA RECUSADA. INTRODUZA OS
SEUS DADOS.
-e agora? – jennifer estava
irritada.
David encontrava-se
claramente excitado.
-sabes, acho que talvez isto
seja a protovisao. E se for…
AJUDA PARA JOGOS,escreveu
David.
O ecran respondeu
imeditamente:
JOGOS SÃO MODELOS,
SIMULACOES E JOGOS COM APLICACOES TACTICAS E ESTRATEGICAS.
-sim! – berrou David. – acho
que demos com ela. Liga essa maquina de escrever, esta bem? Vamos tirar uma
copia disto.
Divertindo-se com o papel de
assistente do cientista louco, jennifer dirigiu-se a IBM I indicada por David e
ligou-a.
ENUMERE JOGOS, PEDIU DAVID.
O ecran continuou vazio.
-va. Va, va! – incitou
david, como se estivesse a assistir a uma partida de raguebi. Jennifer
observava.
-acho que não vai dar
resultado, David. De qualquer modo, não deves fazer isto – rematou. – ei,
sabes, há um filme no…
JOGOS, apareceu no ecran.
O ecran continuou:
LABIRINTO DE FALKEN
VINTE E UM
DAMAS
XADREZ
AVIAO DE COMBATE
GUERRA NO DESERTO
GRANDE GUERRA TACTICA
-há? – disse David lightman.
– estes não são…
-espera- interrompeu
jennifer. – ainda há um.
GUERRA TERMONUCLEAR GLOBAL
-deus do céu! – espantou-se
David.
-deve ser como o comando de
mísseis, não, David? E se jogássemos?
A luz do dia caia
pesadamente nos subúrbios. Jennifer mack passava vibrando através dos terrenos
da universidade de settle, e David lightman, snetado na parte de trás da sua
lambreta, agarrava-se o mais que podia.
-explica-me la quem e esse
sujeito – pediu jennifer, atalhando pelo passeio.
-há… jim sting – disse
David, perguntando-se se teria sido prudente pedir a jennifer para o trazer
aqui. Mas ficara tão excitado (alem disso, ela pouco mais tinha para fazer) que
ambos haviam saltado para a motoreta, decididos a desafiar a hora de ponta, so
para que jim sting visse aquela filho dactilografa. David ordenara ao sistema
que encontrara que não mostrasse os jogos a absolutamente ninguém. Pesnara
imediatamente em jim.
-já viste o meu equipamento
todo? Perguntou, ainda a chocalahar devido ao ultimo ressalto da estrada.
-já. Deves ter gasto muita
massa com ele – comentou jennifer, virando a cabeça num gesto estilo parrah
fawcett.
-como pensas que pude
compra-lo? Os meus pais não são propriamente ricos, e não pode dizer-se que
aprovem o meu passatempo.
-quer dizer, a tua obsessão.
-há… ou isso.
-não sei. Roubaste alguém?
-comprei quase tudo a jim
sting, e por um preço mesmo baixo.
-um receptor de equipamento
de computadores? – inquiriu jennifer.
-não. Trabalha aqui, na
seccao de computadores da universidade. Oficina de reparacoes. E um verdadeiro
as. Faz imensas coisas com computadores, mas do que gosta mais e de os
construir. Era um maníaco do telefones. Virou a central telefónica de pernas
para o ar, e nunca foi apanhado.
-so com uma daquelas
caixinhas pretas?
-e verdade. Jim era o
melhor. Mas depois fartou-se. Já não dava luta, percebes? – David indicou-lhe a
direccao a seguir, e la foram pelo meio de uma alameda verde, por onde
estudantes vagueavam ou brincavam com discos de plástico.
-como o conheceste?
-atraves dos anúncios
classificados. Ele pusera a venda um drive de que eu precisava. Encontrei-me
com ele, comecei a fazer perguntas, e em breve estava a passar quase todo o meu
tempo ao seu lado, aprendendo imensas coisas. Diabo, devo ter passado metade do
ultimo verão na oficina dele. E aprendi mais que em quatro anos no estúpido
liceu humphrey. Sobe essa encosta, jennifer, e depois da a volta por trás
daquele edifício.
Obediente como era, jennifer
executou a ordem.
-arruma aqui. – David
indicou-lhe um parque de estacionamento de motocicletas. – e põe-lhe o cadeado.
Não se pdoe confiar em estudantes universitários. Acho que são todos clones de
richard nixon e ronald raygun.
-ei! O meu pai e republicano
– disse jennifer, enquanto subiam as escadas que davam para a entrada.
David abriu uma porta de
vidro e deixou-a passar.
-o meu também q.e.d.
levou-a por um corredor de
luzes fluorescentes, passando por salas onde estudantes fitavam amorosamente
ecrans e acariciavam teclados.
Alguns jogavam e outros
pareciam estar a programar.
-por falar em clones –
jennifer abriu os braços - , eis os teus irmãos espirituais.
David fez uma voz estilo
peter lorre:
-vindos do esapco, todos nos
chegamos aqui nos nossos casulos, minha querida, e estamos agora a apoderar-nos
de vocês, seres humanos, corpo por corpo. Em breve, também tu te babaras em
frente de um computador.
Jennifer riu-se.
-a invasão dos carniceiros.
-pelo menos ainda sabes a
terminologia. Vira aquia direita.
A oficina de reparacoes
ficava ao fundo de um corredor. Equipamento de computadores, grande e pequeno,
empilhava-se por toda a parte, entre ferros de soldar e todo o tipo de
materiais. A sala cheirava a material eléctrico queimado. De uma carcaça
esventrada saiam duas pernas e um traseiro enorme.
-e o teu génio? – perguntou
jennifer.
-e sting tem capacidade de
armazenamento de dados ate nas extremidades. Um bom 48k, diria eu. Espera aqui,
esta bem?
David aproximou-se da
armacao de metal.
-capitao chrunch: sou da
companhia de dos telefones. Céus ela esta mesmo furiosa.
Pondo a cabeça de fora, sting
bateu com ela num armário.
-credo! – exclamou ele,
engatinhando para fora da confusão de painéis de electricidade e amaranhado de
fios.
-na, e so o irmão mais novo
dela.
-lightman! – sorriu e
esfregou a cabeça. Era um sujeito baixinho e gordo, e envergava uma camisa de
flanela e uma sjeans desbotadas. Tinha um certo ar arrogante. David imaginava-o
sempre como um camionista reengado.
-malvin, não puxes da
metralhadora usi. E apenas David lightman. Já não te via há muito tempoo, dave.
Caíste no buraco negro do jogo que andavas a programar?
Do outro lado do banco saiu
malvin, um individuo magro, cem por cento estudante, que tinha o ar de quem
fugira aos robots de bersek.
-capitao, importa-se de ver
isto? – David tirou do bolso a folha dobrada.
-ola, lightman – disse
malvin. – como vão os teus programas? Que raiod e coisa e esta?
Pegou na folha.
-espera, quero que jim a
veja.
Os olhos de malvin
arregalaram-se, contrastando com a cara estreeita e angular.
-onde arranjas-te isto?
-foi quando tentei
introduzir-me na protovisao. Queria arranjar os progrmaas de uns jogos novos
que eles tem.
Sting tentou apanhar o
papel, mas malvin desviou-se.
-espera, ainda não acabei.
-vai-te lixar! – sting
agarrou o papel, endireitando os óculos escuros. Coçou a barba desgrenhada. –
guerra termonuclear global. Isto não e da protovisao.
-isso sei eu – choramingou
malvin. – pergunta-lhe onde arranjou isso.
-já te disse – replicou
David.
-deve ser militar. Tem de
ser militar – continuou malvin. – levantou o rosto e presenteou lightman com um
olhar desconfiado. – se calhar, secreto.
-sim, também pensei nisso –
retorquiu David. – mas, se e militar, por que razão tem jogos como o vinte e um
e as damas?
-talvez porque são jogos que
ensinam estratégia básica – sugeriu jim sting.
So então malvin reparou em
jennifer, que observava o grupo a uma certa distancia.
-quem e aquela?- perguntou,
com os lábios levemente contraídos.
-esta comigo.
-por que esta ali especada a
ouvir? – quis saber malvin.
-ela não esta a ouvir.
Deu-me boleia ate aqui. Jennifer, anda ca.
Quero que conheças os meus
amigos.
Jennifer aproximou-se
hesitantemente. David fez as apresentacoes.
Sting e malvin pareciam um
pouco desconcertados pela presença de uma mulher entre eles. Malvin fartou-se
de sorrir para o lado, e sting fez tudo para evitar olhar para ela. David
pensou que era como se a rapariga
soubesse sobre eles lagum segredo obscuro.
Jennifer sentou-se nuam
cadeira e esperou pacientemente.
-o que eu queria saber, jim,
e como posso ter acesso a este sistema.
Estes jogos devem ser
fabulosos. Quero jogar com material deste. Nunca vi nada assim.
Malvin meteu para dentro a
fralda da camisa.
-nem se pressupõe que vejas.
De qualquer mod, esse sistema deve estar dotado com o moderno sistema
algorítmico. Nunca conseguiras acesso.
-não acredito que qualquer
sistema seja perfeitamente seguro – insistiu David. – aposto contigo que jim
conseguiria quebrar-lhe as defesas.
Malvin olhou o seu
companheiro de trabalho.
-nem mesmo jim, meu amigo.
Ambos se viraram para o
homem cheio e peludo, malvin com um certo ar de desafio, David suplicantemente.
Jim coçou o anriz escamado.
-não há hipóteses de abrir
uma brecha na segurança – disse finalmente.
Malvin sorriu afectadamente.
-mas – rematou jim, tendo no
olhar um brilho de malícia a capitão crunch – talvez haja alguma porta do
cavalo.
Os olhos pequenos de malvin
arregalaram-se consideravlemente.
-não posso acreditar! Com
uma rapariga aqui sentada, a ouvir tudo, aconselhas lightman a procurar portas
de cavalo!
Sting soltou uam risadinha.
-tem calma, malvin! Portas
escondidas não segredo para ninguém! – o seu grande estômago estremeceu com o
riso.
-bem, de qualquer modo estas
a desvendar truqeus que so a nos pertecenm – indignou-se malvin.
David agarrou-se a estas
palavras.
-que truqeus? Que e uma
porta do cavalo?
Jim ajeitou as calcas do mod
que sempre fazia antes de ter um acesso de pedantismo, e cruzou os braços a
frente do peito.
-bem, quando eu construo um
sistema, introduzo-lhe sempre uma palavra de código que so eu conheço. Assim,
se eu mais tarde quiser ter-lhe acesso, posso iludir seja que segurança for que
lhe tiverem acrescentado.
Incirvel! Maravilhoso!,
pensou David. Claro. E tão obvio! Por que não pensei eu nisso?
-há… jennifer, não toques
nisso, sim? – pediu malvin com nervosismo. – e uma bobina, sabe, e esta a
dar-me muito trabalho.
-desculpe – disse jennifer,
pestanejando com uma r inocente.
-va continue – encorajou
David entusiasticamente.
-se queres mesmo ter-lhe
acesso, então deves tentar saber tudo o que puderes sobre o tipo que concebeu o
sistema.
David ficou desanimado.
-e como e que eu sei quem e
o tipo?
-bem, há… - jim pos-se a
meditar no problema.
-deixa-me ver o papel outra
vez, capitão – disse malvin impacientemente. – vocês são tão tapados! Nem
acredito. Aposto que sei a resposta. Descobri-a logo.
David pensou que o velho
malvin era um bom eddie haskell.
-ah sim, malvin? Conta la.
Malvin sorriu ironicamente.
-vejam o primeiro jogo da
lista, seus burros. Eu ca tentaria o labirinto d efalken.
-falken, há?
-sim. Deve ser o nome do
brincalhão que programou o sistema de jogos.
-talvez seja. E, se calhar,
e uma personalidade bem conhecida –anuiu sting. – portanto, David, antes d mais
tens de descobrir quem e esse tal faken.
-há?
-procura na biblioteca,
homem – disse malvin.
-sim. E uma boa ideia –
replicou David.
-mas tem cuidado – avisou
malvin. – pode ser que isto sejam apenas jogos, mas provavelmente pertecnem a
mestres que não querem mostra-los.
David sorriu ironicamente.
-se eu conseguir acesso, não
tem hipóteses de me apanhar. Sabem, talvez tenham descoberto programas novos
que ninguém conhece. E, se calhar, ate posso usa-los em jogos concebidos por
mim. Vai ser trigo limpo.
-tu es esperto, lightman –
disse jim sting. – agora, se tu e a tua amiga não se importam, tenho de trabalhar.
Quando saíram, David
virou-se para jennifer e perguntou:
-percebes-te alguma coisa?
-não muito. – pestanejou. –
de tudo o que ouvi, so fiquei com a ideia de que ias ser mauzinho.
-na. Isto não vão magoar
ninguém. – David lightman sentia as suas baterias mentais recarregadas por um
verdadeiro desafio. – vou apenas divertir-me um pouco.
CAPITULO V
Passa por uma fenda, parte
as costas da tua mãe.
Bam. Bam. Bam. Espinal
medula…
Hah, hah, hah, olha para a
mãe querida, pensava jennifer mack, enquanto corria ao longo do passeio
adjacente a park avenue, gozando uma soalheira tarde de domingo de primavera.
Que isso a ensine a não ser tão chata!
Jennifer trotava
sombriamente, cantando para si própria uma variacao da cancao physical de
olívia newton-john, em que esta palavra era substituída por cynical.
Bobby jason telefonara-lhe,
cancelando o encontro que haviam marcado para essa noite. O estúpido. «não me
sinto la muito bem, jenny», dissera ele. «acho que e essa griupe que anda por
ai». Pois, claro, e o seu nome era provavelemnte barbara «micróbio» mcalister,
a que tinhas umas mamas tão grandes que nem se segurava bem em pe. A vaca.
Jennifer mack envergava uns
calcoes castanhos, blusa sem mangas, sapatos keds e uma fita cor-de-rosa, e
sabia que a sua aparência não era nada ma. Gostava de correr. O pai tinha a
mania dos desportos para manter a linha, e fora ele quem a encorajara. Quando
entrara na adlolescencia era um pouco avatajada, mas graças a isto, ao ténis,
ao esqui de Inverno, e a aulas de aerobica no y, conseguia um peso normal, e
não precisava de se privar daquelas coisas que geralmente fazem as delicias dos
adolescentes – pizza, batidos de leite, cervejas bebidas sorrateiramente. No
entanto, não fumava – era esperta de mais para cair nessa. A sua mãe fumava
como um dragão e estava sempre a tossir, portanto jennifer vivia com um bom
incentivo para não ceder as pressões feitas nesse sentido pelos outros
adolescentes.
Jennifer mack considerava-se
uma teenager perfeitamente normal, com algumas borbulhas, mas sem acne, que
fumara droga algumas vezes, mas não a preciara muito, que namorara
cuidadosamente um ou dosi rapazes, e que não percebia muito bem a razão de
tanta agitacao a volta do sexo.
Tinha um irmão mais velho,
que frequentava a universidade, e uma irmã miúda, que passava a vida a reme
fazem as delicias dos adolescentes – pizza, batidos de leite, cervejas bebidas
sorrateiramente. No entanto, não fumava – era esperta de mais para cair nessa.
A sua mãe fumava como um dragão e estava sempre a tossir, portanto jennifer
vivia com um bom incentivo para não ceder as pressões feitas nesse sentido
pelos outros adolescentes.
Jennifer mack considerava-se
uma teenager perfeitamente normal, com algumas borbulhas, mas sem acne, que
fumara droga algumas vezes, mas não a preciara muito, que namorara
cuidadosamente um ou dosi rapazes, e que não percebia muito bem a razão de
tanta agitacao a volta do sexo.
Tinha um irmão mais velho,
que frequentava a universidade, e uma irmã miúda, que passava a vida a reme-lhe
os discos. Isto e, levava a vida aborrecida da rapariga media americana. Onde
estava o romance? E a fascinacao? Parecia aquela cancao de peggy lee, que a mãe
gostava tanto de ouvir, e que se chamava so há isto?
Os seus ténis batiam
regularmente no cimento. Curvou de repente. A brisa atirou-lhe o cabelo para
trás, refrescando-lhe o rosto transpirado. Um homem que aparava a sebe parou ao
ve-lo passar. Deixem passar a dama carunchenta, pensou.
Correu ao longo de mais um
ou dois edifícios, e de repente percebeu que estava a passar pela rua de David
lightman. Este já não ia ao liceu há dois dias. Jennifer perguntou-se que teria
ele andado a fazer. As voltas com o computador, sem duvida. Embora sem
mencionare a historia das notas, falara a mãe do rapaz obcecado por computadores
que conhecera há tempos. A mãe abanara a cabeça.
-com essa idade, o teu pai
tinha mania dos carros, mas parece que agora a moda e outra. Graças a deus, o
teu pai não tem nenhum desses computadores pessoais. Disseram-me que e uma
coisa que pode acabar com um casamento.
-mae – dissera jennifer - ,
se David lightman percebesse tanto de carros como de computadores. A esta hoja
já estaria a disputar o daytona 500!
Apesar de ele ser tão
esquisito, jennifer ate apreciava a companhia dele. A sua timidez encantadora,
a sua gentileza, davam-lhe um certo ar de mistério. Alem disso, se engordasse
uns quilos, apanhasse um pouco mais de sol e usasse roupas melhores, talvez se
tornasse num rapaz bem giro. Bem, pelo menos em condicoes de dançar
rock’n’roll. E não muitos dos tipos com quem saira. As vezes perguntava-se s
estes realmente apreciavam tal coisa, ou se era apenas algo, que lhes estava no
sangue. Quase viu a sua frente o sr. Liggett falnado de cromossomas e futebol
nos adolescentes americanos.
Jennifer mack pensou que já
estava ali, bem podia ir fazer uma visita a David lightman. Não que estivesse
mesmo interessada nele. Mas espicaçava-a uma certa curiosidade. Alem disso,
como ele lhe mudara a nota, sentia uma certa obrigacao moral: tinha de saber se
não lhe acontecera nada. Mas o facto não implicava qualquer relacionamento
emocional.
A vivenda dos lightman
ficava a cerca de cinquenta metros. Já parecia estar a espera de encontrar
escuteiras vendendo bolinhos. Jennifer mack fez a sua mais exagerada voz
sua-a-sua vizinha-virgem-e-simpatica, e perguntou:
-o David esta?
O homem fitou-a, de olhos
esbugalhados.
-o senhor e o sr. Lightman,
não e?
-exacto.
-oh… sim. – jennifer baixou
o olhar para a roupa que envergava, e percebeu que a sua iamgem não era
propriamente virginal. Os calcoes estavam bastante subidos, não usava soutien,
eo suor acentuava-lhe as qualidades notáveis, embora limitadas, do busto. –
andei a correr.
O sr. Lightman tossiu e
desviou o olhar.
-sim. Ainda bem que vejo uma
rapariga saudável… hum. Sim, David. David esta la em cima no quarto. – fez
sinal a jennifer para entrar.
-obrigada.
Ao ve-la dirigir-se para a
escada, o sr. Lightman percebeu, não sem espanto, que ela sabia muito bem o
caminho.
-já tinha estado ca?
-claro – respondeu
maliciosamente. – David e maravilhoso.
-foi ao quarto dele?
-sim.
-e como e aquilo?
Ela suspirou e virou os
olhos para o céu.
-delicioso.
Perplexo, o sr. Lightman
endireitou o jornal que tinha na mão.
-devia obriga-lo a ir la
para fora correr. Ele nunca faz exercício.
-prometo exercita-lo, sr.
Lightman – replicou alegremente, o sr. Lightman viu-lhes as pernas ágeis
subirem as escadas.
Bateu a porta de David.
-sim? – foi a resposta
mal-humorada.
-sou eu, jennifer.
-jennifer? – um som de
passos aproximou-se da porta. A chave rodou na fechadura. David lightman olhou
ca para fora, qual toupeira a espreitar do seu buraco. – olá! Entra.
Ela atravessou a porta.
-ei! Isto aqui parece ter
sido atingido por uma bomba. – o quarto, normalmente apinhado, encontrava-se
nuam confusão total. Jornais, revistas e resmas de folhas dactilografas
espalhavam-se por todo o lado, isto já para não falar de roupa suja, latas de
coke, pacotes de batatas fritas e objectos não identificados. O equipamento
trabalhava a todo o vapor: luzes acendiam e apagavam em unidades de disco,
ecrans mostravam a lsita de jogos que o mantinham em tal actividade, e um outro
televisor encontrava-se ligado a um gravador de cassetes vídeo. O quarto
cheirava a cacifo de biblioteca.
-tenho estado muito
atarefado – disse David, instalando-se em frente do teclado.
-nota-se. Mas por onde tens
andado?
David concentrou-se no
ecran.
-o que? – perguntou com um
ar distraído.
Aquele tolo nem sequer
reparara nas suas vestimentas reduzidas. Que se passava com ele? Ate o pai
notara.
Um pouco irritada, jennifer
disse:
-não tens aparecido.
-não, bem… oh, desculpa. –
levantou-se apressadamente e desviou alguns livros de cima da cama, para que
ela pudesse sentar-se.
Enquanto of azia, jennifer
perguntou:
-mas que e isto, David?
-fui a biblioteca.
-não acredito!
-ando a tentar descobrir
coisas sobre o tipo que construiu estes programas, para ver se descubro o seu
código privado.
-ah, sim?
-sim. – os olhos de David
iluminara-se. – jennifer… foi simples.
Procurei o nome «falken» no
enorme arquivo da seccao cientifica da biblioteca da universidade. – pegou num
grande bloco de notas amarelo. – o tipo chamva-se stephen w. falken – como
ensinar uma maquina a pensar. Tentei-o no computador. Não resultou. Requisitei
então tudo o que ele publicou… e descobri que falken morreu em 1973.
Desde então, tenho
consultado imensa coisa, e…
-ei! Espera la. Mas quem era
esse falken? Descobriste?
-claro. Era inglês e
trabalhou muito tempo para o departamento de defesa dos e.u.a.
-sabes, David, es doido
varrido. So queria que me explicasses o que há de tão especial em jogar com uma
maquina, para te dares assim a tanto trabalho. E ridículo.
-mas, jennifer, não percebes
que não e uma maquina qualquer? Se conseguir ter-lhe acesso, vou aprender
imenso! Olha. Se queres saber coisas sobre falken -. Disse ele, pegando numa
cassete vídeo de doze milímetros e metendo-a no vcr - , ve isto com atencao. –
e ligou o aparelho.
O televisor mostrou as
imagens de uma meia dúzia de jogos, e ouviu-se uma voz falar de estratégia e
maquinas. Era a preto e branco – uma gravacao antiga. Depois, um homem,
apareceu.
-e falken – informou
David.-esta a apresentar um protótipo do seu computador. Percebia tanto de
jogos como de computadores. Programava-os para jogarem todo o tipo de jogos.
Xadrez, damas, e por ai fora.
-e isso não e o corrente
hoje em dia?
-não, não – objectou David.
– o mais importante de tudo e que ele concebia os comptuadores de modo a estes
aprenderem com os seus próprios erros e melhorarem de jogo para jogo. Isto e, o
sistema aprende a aprender. Ensina-se a si próprio. Se eu conseguisse descobrir
a palavra de código, podia fazer de computador. E aprenderia tanto! Podia ate
aplicar os meus conhecimentos a programas novos. Podia…
-sabes, ele era mesmo giro –
interrompeu jennifer, de olhos postos no televisor. – e pena que tenha morrido.
De contrario, podias telefonar-lhe. Deve ter morrido muito novo.
-na. Acho que já era
bastante velho – disse David. – creio que tinha quarenta e um anos.
-era ssim tão velho?
-sim. Encontrei a sua certidão de óbito. – David estendeu-lhe
uma folha dactilografada.
O televisor mostrou a imagem
de um rapazinho de três anos jogando com o computador. Um olhar mais atento
revelava que se tratava do jogo do galo.
-o filho dele – informou
David.
Jennifer examinou a certidão
de óbito.
-isto e mesmo triste. Diz
aqui que o filho e amae morreram num
acidente de viacao.
-sim.
-falken morreu com quarenta
e um anos de idade. Sabes, veio-me agora a ideia que o meu pai tem quarenta e
cinco. Lembro-me de que uma vez esteve muito doente. E todos pensamos que ia…
David pos-se em pe de um
salto, com o ar de quem apanhara um choque eléctrico.
-como se chamava ele? –
perguntou.
-o meu pai?
-não. O filho de falken. Com
se chamava ele?
Jennifer reexaminou a folha
dactiulografa.
-aqui diz «joshua».
Os olhos de David
cintilaram.
-vou tentar.
-tentar o que?
-e provável que ele tenha
escolhido, para palavra de código de uso pessoal, alguma coisa da sua vida
privada… de que nunca ninguém se lembraria. Talvez seja joshua, o seu filho,
que também jogava com computadores?
David sentou-se ao teclado e
escreveu a palavra código joshua.
Ligacao cortada, respondeu o
ecran.
-não podia ser assim tão
simples, David. Tenho uma ideia.
Desanimado, David afundou-se
na cadeira.
-oh, sim. Claro. Jennifer
mack, o génio dos computadores. Eu ando as voltas com este teclado há dois
dias, e tu pensas que podes chegar aqui e obter a resposta em dois minutos.
-olha la, da-me uma
oportunidade! – disse jennifer, bastante aborrecida. – não te custa nada tentar.
E são apenas alguns segundos.
-o.k. diz la – replicou
David com ar cansado.
-talvez seja mais que apenas
«joshua» - sugeriu ela, baixando o olhar para a certidão de óbito. – se calhar,
o nome da mulher e do filho.
-na. Devia ser apenas um
nome. Vou tentar a mulher. Como se chamava ela?
-amargaret – respondeu
jennifer.
Não resultou.
-espera – continuou
jennifer, cada vezx mais imbuída do espírito da caçada. – diz aqui que joshua
tinha cinco anos quando morreu. E se pusesses um 5 depois de joshua?
David encolheu os ombros.
-vale a pena tentar.
Jennifer levantou-se e
observou-o a escrever joshua5.
O ecran não cortou a
ligacao.
De repente, números e letras
totalmente incompreensíveis para jennifer começaram a atravessar o ecrna.
-uau! – exclamou David.
-que se passa?
-conseguimos qualquer coisa
– rejubilou David, presenteando-a com um grande sorriso. Um leve arrepio de
excitacao percorreu a espinha de jennifer.
Subitamente, o ecran
apagou-se.
-mau, mau – disse jennifer.
-não, espera.
Letras encheram o ecran: SAUDACOES,
PROFESSOR FALKEN.
-conseguimos acesso! –
exultou David. – pensa que eu sou falken! – David apressou-se a escrever OLA.
O televisor respondeu assim:
COMO SE SENTE HOJE?
Jennifer estava espantada.
-por que te pergunta ele
isso?
-ele pergunta o que estiver
programdo para perguntar – replicou David. – queres ouvi-lo falar?
-falar? Queres dizer… há
…verbalizar?
-sim! – David deu umas
palmadinhas numa caixinha cheia de disjuntores e botões. – isto e um
sintetizador de voz. Ligo-o… - ouviu-se um estalido - … e interpreta as
palavras, sílaba por sílaba. Escuta. Vou perguntar-lhe como se sente.
David escreveu: BEM E TU?
A maquina respondeu com
letras que atravessaram o ecran. Ao mesmo tempo, uma voz monocórdica e nasal
interpretou essas mesmas letras.
-ex-ce-len-te. Pssou muito
tempo sem comunicar comigo. Pode explicar-me a remocao do seu numero de código
em 23 de Junho de 1973?
David escreveu: AS VEZES, AS
PESSOAS COMETEM ERROS.
-sim, e verdade – retorquiu
a maquina.
SIM, E VERDADE, leu-se no
ecran.
-não percebo – comentou
jennifer.
-não e uma voz a sério –
explicou David. – esta caixa apenas traduz o sinal sonoro.
-vamos jogar? – perguntou a
maquina.
VAMOS JOGAR?, apareceu no
ecran.
-e quase…- tartamudeou
jennifer, absolutamente ffascinada. – quase como se sentisse a falta de falken.
David acenou com a cabeça
lentamente.
-sim. Esquisito, não e? – um
sorriso estranho iluminou-lhe o rosto.
Embora intrigada, jennifer
não achou de bom agoiro. Era um sorriso que falava de vitoria… mas também de
malícia.
David escreveu: E SE FOSSE A
GUERRA TERMONUCLEAR?
-não prefere um bom jogo de
xadrez? – perguntou a maquina monocordicamente.
MAIS TARDE, retorquiu David.
VAMOS JOGAR A GUERRA TERMONUCLEAR GLOBAL.
-esta bem – replicou a
maquina. – quem quer ser?
-maos a obra! – exclamou
David. – isto vai ser uma loucura.
EU SEREI OS RUSSOS,
escreveu.
-registe os alvos principais
– pediu a maquina.
David virou-se par ajennifer
e disse:
-que jogo! Que queres
arrasar primeiro?
-las vegas- respondeu jennifer. – uma vez, o meu pai
perdeu la muito dinheiro.
-o.k.! las vegas vai fazer
bum! Vejamos que mais. Settle, sem duvida.
-oh sim! Estou farta de
Seattle – concordou jennifer.
Ambos soltavam uma
risadinha.
Depois, David lightman
escreveu os nomes de mais uma série de cidades.
-obrigada – pronunciou a
maquina.
-e agora? Ficamos a ver?
-não sei.
-o jogo vai começar - anunciou o computador.
O ecrna apagou-se.
-eiu, aconteceu alguma
coisa? – inquiriu jennifer.
-não sei.
-ceus, e um jogo muito
lento.
-alguns destes jogos
estratégicos demoram um bocado.
De repente, dados vários
encheram o ecran.
-bolas – disse David. –
esqueci-me de ligar o meu drive, para gravar isto tudo. – remediou rapidamente
a situacao. – já esta, jennifer. Esta pronta para a terceira guerra mundial,
camarada mack?
-da camarada – respondeu
jennifer, fazendo a continência. – arrase essesimperialistas decadentes!
Ambos riram ruidosamente.
No palácio de cristal, útero
cavernoso reluzentes maquinas de morte, o movimento era normal. Auqele lugar
tinha uma atmosfera estranha, em parte de biblioteca e em parte de tumulo.
Técnicos de serviço falvam baixo ou não falavam, e , girando nas suas cadeiras,
anotavam leituras, monitorizavam a actividade do solo na união soviética,
seguiam a moncao que soprava em direccao ao bornéu. Outros examinavam os seus
raios de accao e consultavam as mensagens traduzidas de milhares de aparelhos
de radar e sonar. Quando nas partes mais escuras do anfiteatro, o equipamento
lançava sobre os seus rostos uma luz fantasmagórica. Pessoal das comunicacoes murmuravam
para microfones ou telefones. Cerca de setenta militares, especialistas
altamente qualificados, ocupavam-nos grandes mapas electrónicos.
E acima deles, o marcador do
temido, mas antecipado futuro jogo, indicava a presente situacao de defesa.
DEFCON 5
Defcon 5 significava paz.
Defcon 1, guerra total. 4,3, e 2, eram as condicoers, mais ou menos agravadas,
que iam de um extremo ao outro.
Em mangas de camisa, o
general jack berringer encontrava-se sentado no posto de comando, situado em
frente dos grandes ecrans, esperando impacientemente pelo café que nunca mais
chegava. O general jack berringer não se sentia particularmente bem-disposto.
O seu filho, jimmy, não era
militar. Alias, o seu filho, jimmy, era um lunático, que estudava inglês numa
obscura universidade do norte da califórnia. E o papa era quem lhe pagava os
estudos. Onde esta o reforço de que preciso?, era a principal preocupacao do
general. As filhas já estavam casadas, e a dar-lhe netos, como deve fazer
qualquer raapriga com princípios, mas o seu filho único ousara desafiar o pai,
e tivera a lata de não se alistar no exercito. Nessa manha chegara uma carta de
jimmy; a srª berringer ficara radiante a falara-lhe de como ia bem o seu filho
de 25 anos, e de como a carta estava bem escrita. O general berringer opinara
que preferia ver aquele tolo brandindo uma m-16 nos campos de honra, que
uma nos corredores de academia. O que
provocara, uma breve troca de palavras amargas entre o general e a senhora,
discussão esta bastante parecida com a havidfa entre o general halftrack e a
mulher, em beetle bailey. O general berringer detestava essa banda desenhada.
Também não gostava nada de doonesbury, e ficara satisfeitíssimo qunado o jornal
interrompera, ainda que por pouco tempo, a sua publicacao. Onde estavam as boas
bandas desenhadas como li’l abner e terry e os piratas?
O general berringer também
estava chateado por o dr. John mckittirck ter sido tão bem sucedido no raio da
viagem que fizera a Washington há um ano. O filho da mãe conseguira o que queria.
O diabo do wopr tinha agora tudo a seu cargo, e mckittrick passava a vida a
pavonear-se, com um sorriso idiota erstampado no rosto.
-ganho uma dúzia de medalhas
na Coreia e no Vietname, a agradecem-me assim -
murmurou para si próprio. – onde esta o sargento reilly? – perguntou. –
onde estya o raio do meu café?
Estava a ficar com dores de
cabeça e precisava do café para empurrar aspirinas suficientes para se manter
em condicoes.
O coronel conley, oficial
superior de comunicacoes, encontrava-se atrás dele, brincando com o
equipamento.
-não se esqueça que pediu
natas, jack. Se calhar não há.
-não há! Não e provável que
não haja. O café que tenho nestas tocas e suficiente para sobreviver a um
holocausto nuclear, e pode ter a certeza de que natas e coisa que também não
falta. Bem sabe que preciso das natas, al… por causa da maldita ulcera. –
lançou um olhar carregado ao terminal principal do wopr, operado pelo major
frederick lem. – alias, uma ulcera que piorou bastante quando mckittrick
resolveu por aqui o raio daquela maquina.
-jack, se tem problemas com
a ulcera, devia beber maalox em vez de café.
O general jack berringer
resmungou qualquer coisa. Quando levantou o olhar, viu o sargento aproximar-se
comumachavena fumegante na mão.
-já não era sem tempo – disse
o general, pegando na chávena. – ei! Onde estão as natas?
O sargento sorriu e tirou do
bolso quatro pacotinhos.
-achei que era melhor ser o
meu general a mistura-las.
Entretanto, o analista de
radar tyson adler sorveu cuidadosamente o seu quentíssimo cha de ervas com
saber a amêndoas. Claro que havia boas razoes para não ser permitido beber
fosse o que fosse perto das consolas. Gotas caídas em determinadas locais
podiam avariar um painel inteiro. Mas a garganta de adlrer não conseguiu
resistir. Tivera um encontro amoroso na noite anterior e passara o serão a
dançar; não sabia como, ao cansaço seguira-se uma constipacao. Adler, achava
que talvez não devesse ter andado a chapinhar empocas de agua da chuva.
Mas não era grave.
Sobreviveria.
Usou de algumas precaucoes
par apor uma tampa na chávena de cha, que depois pousou no chão, ao lado da
cadeira. Uma luzinha electrónica surgiu no ecran do radar, exactamente na
altura em que adler desviou o olhar.
Mais duas.
Depois, uma revoada de
luzinhas começou a deslocar-se segundo uma trajectória que as levaria ao oeste
dos estados unidos.
O analista de radar adler
suspirou e endireitou-se, preparando-se para voltar a perscrutar a sua bola de
cristal electrónica. Julie ei fazer-lhe esparguete para o jantar. Não era a melhor
cozinheira do mundo, e…
Meu deus!
Por uma fraccao de segundo,
os seus olhos fixaram-se no ecran; depois, agarrou no telefone.
-tenho sete… correccao: oito
aves vermelhas a dois graus depois do apogeu. Alvos previstos… regiões norad
dosi cinco e dois seis.
Uma sirena começou a tocar
dali a segundos,e, quais estudantes acordados da sua sesta da tarde, cabeças
começaram a erguer-se ao longo das filas de consolas.
A mensagem do analista de
radar adler apanhou o capitão kent newt a sonhar acordado. Recompôs-se
imeditamente do seu devaneio, ajustou o ecran e serviu-se da linha directa que
o ligava a base norad do Alasca.
-cobra dane – disse, com o
coracao começando a palpitar. – temos aqui um ataque de mísseis soviéticos.
Verifiquem se há avarias, e comuniquem-nas…
a sirena apanhou a oficial
maggie fields a meio do caminho para a casa de banho das senhoras. Esta, de
resto com uns modos muito pouco militares, deu imediatamente meia volta e
correu desalmadamente para o seu psoto, lutando com desespero para por os
auscultadores na cabeça.
Que sentido das
oportunidades, pensou.
-falando a todas as estacões
– disse sobriamente, lançando um olhar para o terminal. – aqui palácio de
cristal. Conferencia de iniciacao e mergencia.
Ao seu lado, o tenente
morgan saltou para a cadeira e colocou os auscultadores na cabeça. Estivera la
em baixo, a falar com aquela ruiva.
Demasiado atarefado para
sentir medo, o analista de radar adler continuava a comunicar o que este lhe
mostrava.
-… dezenove graus depois do
apogeu, e dezoito alvos possíveis.
~rrentrada provável: vinte e
três, dezanove, zulu.
O general jack berringer
tentou sacudir o café que entornara nas calcas.
-meu general – disse o
coronel conley - , os nossos radares localizaram oito icbm soviéticos, que
neste momento já sobrevoam o pólo. – os olhos levemente protuberantes de conley
pareciam um pouco vidrados devido ao choque, mas a sua boca demonstrava que
cumpria sem hesitacoes os deveres que lhes haviam sido destinados. Consultou
algumas notas escrevinhadas a pressa. – impacte provável… doze… bem, onze
minutos. Alvo confirmado: oeste dos estados unidos.
O general berringer ficou
atordoado durante uma fraccao de segundo. Depois levantou a cabeça vivamente e
olhou para o ecran central, que representava a américa do norte e os mares que
a rodeiam. Apareceram nesse momento no ecran oito pontos de luz movendo-se na
direccao do continente.
-por que razão não recebemos
nenhum aviso de deteccao de lançamento dos satélites espiões? – quis saber o
general beringer.
A testa de conley começara a
encher-se de gotas de suor.
-não sei bem, meu general.
Estamos neste momento a tentar localizar algum mau funcionamento do dsp –
conley voltou febrilmente ao trabalho, junto do painel de comunicacoes.
E estávamos nos quase a
encerrar as negociacoes. Nunca confiei em andropov, pensou o general berringer.
O analista de radar adler
sentia-se nejoado. Os gráficos do seu ecran contavam a horrível historia, sem
lugar para duvidas. Engolindo em seco, respirando profundamente, ajustou o
microfone inclinado dos seus auscultadores de cabeça, e continuou a relatar o
que via.
-o bmews esta a seguir os
mísseis continuamente… funcionamento perfeito… repito, funcionamento perfeito.
Adoro-a mãe, pensou adler.
A cerca de mil e quinhentos
quilómetros de distancia, dois adolescentes, sentados no meio de um confusão de
equipamento de computadores, olhavam fascinados para o ecran de quarenta e oito
centímetros de um telvisor sylvania. Este era atravessado por uma salgalhada de
símbolos incompreensíveis, que, para jennifer mack tinham o mesmo significado
de hieróglifos egípcios. No rosto do rapaz estava estampada uma alegria total,
que se traduzia na rapidez com que escrevia no terminal as respostas as
perguntas feitas pela maquina, e na expressão com que depois observava o ecran,
para ver quais os resultados obtidos.
-que quer isso tudo dizer? –
quis saber jennifer.
David lightman sorriu.
-não sei. Mas de certeza que
e bestial!
Os símbolos voavam pelo
ecran, quais fantasmas electrónicos perseguindo-se mutuamente ate ao dia do
juízo final, e voltavam ao computador wopr, enterrado na montanha cheyenne,
bastante perto do posto de comando do palácio de cristal, onde o tenente harlan
dougherty, um esgalgado auxiliar de comunicacoes, trabalhava com uma
impressora.
Dougherty puxou uma folha de
computador e comunicou o seu conteúdo ao general berringer, cujas unhas
formavam buracos no estofo da cadeira que ocupava.
-… o presidente, na sua
limusina, desvia-se para andrews… o vice-presidente encontra-se incomunicável…
o chefe do estado-maior esta…
o coronel conley levantoua
cabeça do painel de comunicacoes e cortou a palavra a dougherty.
-o alarme de mísseis
comunica que não há maus funcionamentos – disse, apercebendo-se de que se
sentia levemente tonto. Sempre se perguntara comos eria quando as coisas não
fossem so exercícios ou testes. Conley sabia-o agora, e tinha duvidas se,
apesar do treino, apesar do profissionalismo, seria capaz de levar tudo ate ao
fim.
-ponham-nos em defcon 3 –
ordenou o general jack berringer. – comuniquem com o sac. Eles que preparem os
bombardeiros.
Mãos voaram, obedecendo as
suas ordens. Berringer fitou o quadro electrónico, que ainda anunciava defcon
5. mas bastou um abrir r fechar de olhos para este mudar para defcon 3. ate
agora tudo bem, pensou berringer.
No modulo de comunicacoes, o
capitão kent newt notou a mudança no quadro, pelo canto do olho viu as correias
de técnicos e oficiais, ouviu o som de vozes, e notou o aumento do piscar de
luzes. Carregou no botão que completava o código já introduzido no telefone, e
começou a falar:
-sac, aqui palácio de
cristal. Comandante-chefe norad declara defcon 3. todos os aviões em estado de
alerta. Repito: todos os aviões em estado de alerta.
No andar de baixo, o
anbalista de radar adler continuava a fitar o seu ecran, que reproduzia
exactamente tudo o que estava a passar-se no grande painel la de cima. Os oito
mísseis que se dirigiam a américa do norte subdividiram-se em múltiplas ogivas
nucleares.
-os mísseis fizeram mirv –
comunicou o analista de radar adler. – os alvos possíveis são agora
aproximadamente vinte e quatro.
O tenente dougherty ouviu
este anuncio e passou uma vista de olhos por um ecran de leituras.
-meu general – disse ele
para berringer. – correccao do tempo para o impacte: oito minutos.
Mais acima, no posto de
comando, o coronel conley estendeu um teelfone ao general berringer.
-meu general – disse
comedidamente - , o sac esta a lançar bombardeiros…, o general powers esta em
linha.
-aqui berringer – anunciou o
general para o telefone.
-que andam vocês a fazer? –
quase gritou o general powers. – a brincar as escondidas?
-e o diabo – retoquiu
berringer na defensiva. –os satélites
não comunicaram qualquer deteccao de lançamento. O radar descobriu-os já fora
da atmosfera, e foi so por ai que soubemos.
-bem, se isto for mesmo
sério, vamos precisar de mais que simples bombardeiros. E se for, berringer… -
powers fez uma pausa, e aclarou levemente a voz - … vemo-nos no inferno, o.k.?
-adeus, bill. – berringer
desligou e virou-se para o painel. Era mesmo a sério. A não ser que alguma
coisa mudasse, aquilo era o inicio da terceira. Quando se tinha um trabalho
como de berringer, estava-se a sempre a pensar nisso. Suspirou. E quase um
alivio, pensou. Mas depois lembrou-se dos netos, da mulher, ate do idiota do
filho que estudava inglês numa universidade qualquer, e a guerra deixou de ser
apenas mais uma tarefa a ser cumprida.
Beringer virou-se para
conley:
-e melhor aquecer os icbm.
Prepara-os para voarem.
Berringer voltou a olhar
para os pontos de luz assinaladas no ecran, que se aproximava cada vez mais dos
estados unidos. Cada um deles era um míssil que, atravessando a atmosfera,
carregava consigo megatoneladas de destruicao nuclear, guinchos penetrantes e
fogo ressequido, que arrasaria cidades e milhões de vidas humanas numa questão
de segundos.
A ceifeira sinistra e capaz
de ter um grande dia a sua frente, pensou.
-meu general? – so então
berringer percebeu que um dos oficias auxiliares estava a aseu lado,
estendendo-lhe um telefone amarelo. Berringer pegou nele. Sabendo o que
significava aquele telefone amarelo, as pessoas sentadas aos postos de comando
viraram-se para berringer.
A mais horrível das decisões
estava prestes a ser tomada.
-sabes – disse David
lightman a jennifer mack, levantando o olhar do ecran e do seu desfile de
letras e símbolos - , acho que estou a começar a topar esta coisa. No entanto,
era melhor ter mais gráficos. Quando construir a minha própria versão do
programa, vou mesmo ter de engendrar alguns gráficos janotas.
-e sons? – perguntou
jennifer. – consegues construir sons iguais aos que há nas salas de maquinas?
-claro. Sons mesmos
estrondosos, explosões… bum! Bam!
-e gritos, com a ajuda do
sintetizador de voz? – indagou jennifer, com um sorriso mórbido estampado no
rosto.
-com o sentetizador não. Já
ouviste algum grito monocórdico? – voltou novamente a sua atencao para o ecran,
no qual se alinhava uma série de letras, seguidas por um ponto de interrogacao.
-camarada mack. – disse,
tentando imitar, de resto com poucos resultados, a pronuncia russsa. – o
camarada joshua deseja saber se queremos por as forcas submarinas em combate.
Jennifer mack soltou uma
risadinha.
-claro! Para cima deles!
-da, camarada.
Estava ele prestes a
escrever as ordens combinadas quando, vindo do pátio, se ouviu um grande
estrondo, seguido de uma série de latidos furiosos.
-mau, mau – comentou David.
– o regimento americano k-9 vem a caminho para nos atacar, camarada mack.
Telefone ao Kremlin! Telefone a kgb!
-david! – gritou uma voz. –
David!
-.os americanos trazem com
eles a sua arma secreta, camarada lightman!
Estavam ambos quase a entrar
em histeria, mas David conseguiu dirigir-se a janela e olhou através do vidro.
O comandanted toucinho em pessoa encontrava-se junto de duas latas de lixo
viradas e olhava para cima com uma expressão furiosa e indignada. Rodeavam-no
imundícies varias.
-david! – gritou ele. – bem
te disse para teres cuidado ao fechar as tampas. Olha para esta porcaria!
-eu vou ai daqui a
bocadinho, pai – disse David.
-não e daqui a bocadinho! –
berrou o sr. Lightman. – e já! Estas a ouvir? Quero isto tudo apanhado
imediatamente. Percebes?
A mãe veio ca fora, olhou
para aquela porcaria toda, levantou o rosto para David, e, empregando um tom de
voz mais usave, disse:
-querido, queres vir ca
abaixo e fazer o que o teu pai manda?
David saltou da cama,
batendo nalguns livros de caminho.
-o ultimato final, camarada?
– perguntou jennifer, fitando-o com uma expressão de compreensão.
-sim. Desmancha-prazeres!
Mesmo quando o jogo estava a ficar bestial! – foi ate ao teclado e fitou-o com
pena. – merda. – e desligou o sistema.
No palácio de cristal do
norad, os pontos de luz assinalados no grande mapa central da américa do norte
começaram a piscar.
De repente, todos os painéis
se apagaram. E deixou de se ouvir a sirena de alarme, espécie de acompanhamento
musical de toda a crise.
-há? – disse o analista de
rqadar adler.
-que diabo…? - exclamou o capitão newt.
O cornel conley mexeu e
remexeu nos controlos.
Os painéis voltaram então
lentamente a vida.
Nenhum deles mostrava o
mínimo sinal de mísseis russos.
O coronel conley escutou
atentamente o seu auscultador e depois olhou na direccao do general berringer,
cuja camisa azul-clara estava cada vez mais manchada debaixo dos braços.
-general, o bmews e cobra
dane comunicam não detectar quaisquer
lançamentos.
Berringer levou algum tempo
a perceber bem a mensagem. A esperança a poderou-.se dele.
-telefone ao sac – ordenou.
– diga-lhes para aguentarem!
Pelo canto do olho viu um
homem de camisola de la correndo desesperadamente pelo palácio de cristal,
acenando com os braços para chamar a atencao.
Paul ritcher berrou o mais
alto que pode, tentando, no entanto, manter-se coerente.
-parem com isso! Parem! –
surpreendidos, todos os técnicos rodaram a cabeça. – e uma simulacao – gritou.
– e a simulacao de um ataque!
Logo que percebera o que
estava a acontecer, paul ritche correra para fora da sala onde estava o wopr.
Tenho de chegar ao posto de comando antes de os mísseis serem disparados,
pensava, esquivando-se a uma cadeira e atingindo o fundo das escadas.
No posto de comando, o
general berringer estava desorientado.
-que diz ele? – perguntou a
quem quer que o ouvisse.
Um técnico surgiu no caminho
de ritcher. Este empurrou-o para o lado e continuou a subir os degraus a correr.
Atirou-se praticamente para o posto de comando e, respirando com dificuldade,
disse:
-nos não estamos a ser
atacados! – inspirou penosamente. Não estava nada em forma para este tipo de
coisas. – e uma simulacao! Por amor de deus, não…
com o rosto ainda muito
corado, berringer levantou-se.
-mas que raio se passa aqui?
– exigiu ele saber. – sabe muito bem que e proibido correr. Ainda alguém se
magoa!
-desculpe, meu general
–arquejou richter. – ainda não sabemos muito bem como, mas alguém do exterior
introduziu no sistema pricipal um ataque simulado.
Pat healy havia seguido
richter. Trazia nas mãos uma folha de computador. Estendeu-a a richter.
Mckittrick e as suas
malditas maquinas, pensou berringer. E o filho da mãe nem sequer esta aqui para
ver isto!
-conley, ponha-nos em fim de
alerta total, e mantenha-nos em defcon 4 ate descobrirmos exactamente o que se
passa…
richter levantou o olhar da
folha do computador e virou-se furiosamente par apat haly.
-eu não lhe mandei cortar a
ligacao – disse. – ou mandei? Você cortou a ligacao! – olhou o general berringer com uma expressão
amedrontada. – meu general: cortaram a ligacao antes de sabermos o local exacto
de onde veio isto.
Pat healy manteve a
compostura.
-localizamos a área geral de
onde a transmissão foi feita.
-de onde? – inquiriu
berringer.
-seattle, Washington, meu
general.
CAPITULO VI
O sol parecia uma moeda
derretida deslizando pela ranhura de uma maquina desenhada no horizonte. Uma
agradável brisa primaveril agitava as folhas verdes das arvores que ladeavam a
rua de David lightman. De blusão aberto e cabeça atirada para trás, o
adolescente quase saltitava em direccao a casa, enquanto tentava assobiar febre
pac-man. Como uma parte da rua fora recentemente arranjada, o cheiro a alcatrão
pairava no ar.
Céus, estava mesmo bem
humorado! Fora uma segunda-feira bestial. As aulas haviam passado depressa.
Jennifer mack mostrara-se bastante amável. Um dia destes, talvez a convidasse
para irem ate uma sala de jogo e lhe ensinasse tudo o que sabia de joust. Mas isso
podia esperar. Claro que era fixe; todavia, as coisas mais importantes vem
primeiro lugar.
Em casa, a sua espera,
estava a diskette que continha a gravao completa do jogo que disputara com
joshua no dia anterior. Sem duvida que ia ter muito trabalho… precisava de
estudar tudo minuciosamente; mas que fonte de informacoes!
Olha, olha, pensou,
enquanto, já perto de casa, saltava alegremente pelo passeio, e reparava que as
flores da mãe estavam muito bonitas e que o seu perfume se misturava no ar com
o cheiro da relva acabada de aparar do vizinho do lado. Os velhotes estão em
casa!
Abriu a porta. No seu rosto
estampava-se um sorriso aberto e feliz. O televisor zumbia. David viu as pernas
e os pés do pai saindo da poltrona sua preferida.
-ola, pai – saudou David,
alegremente, enfiando a cabeça na sala escura.
O pai resmungou qualquer
coisa e mudou de canal.
David encolheu os ombros.
Subiu as escadas a correr.
-david! – gritou a mãe la de
baixo. David estacou. Havia sempre qualçquer coisa na maneira como ela o chamava,
provavelemnte programada nele desde a infância, que o ligava imediatamente para
posicao de tensão. Deu meia volta e desceu novamente as escadas. Fazendo muito
barulho com os pés, perguntou-se melancolicamente o que estaria para acontecer.
-que foi que eu fiz? – o tom
de voz empregado pela mãe fora bastante grave. Quando saiu da cozinha, com o
baton e sombra de correctora de imóveis, tinha um ar atarefadíssimo. Segurava
um cartão branco na mão direita.
-fizeste muito, sr. David –
disse, mostrando o papel. A sua expressão mudou, iluminando-se rapidamente.
Sorriu! – passaste a todas as disciplinas neste semestre. Parabéns querido!
David olhou para o papel.
Claro, todas as suas vigarices com o computador do liceu haviam dado resultado.
Encolheu os ombros. A mãe empurrou-o para a frente.
Oh, merda, pensou David.
Realmente, teria preferido continuar com a analise do jogo que disputara com
joshua.
Quando entraram, o genérico
musical do noticiário da cbs fazia ouvir as suas ultimas notas. Sim, la estava
dan rather, com a sua camisola-de-sondagens e um ar profissionalmente severo, a
recitar a noticia de primeira pagina do dia:
-ontem ao fim da atarde, as
forcas de defesa dos estados unidos entraram em alerta nuclear total, durante
três minutos e meio.
-harold, olha-mne so para
isto! – exclamou a sr*ª lightman, pondo o papel a frente dos olhos do marido.
-ei! Gostava de ver o
noticiário. Não ouviste? – disse o sr. Lightman, inclinando-se para o lado, de
modo a poder ver as imagens. – tivemos uma crise mesmo a sério.
-acreditou-se – continuou o
locutor – que a união soviética resolvera lançar de surpresa um ataque de
mísseis.
Há? Pensou David,
repentinamente muito interessado. A medida que escutava, a compreensão do que
se passara começou a penetra-lo. A descrença foi lentamnete substituída por um
horror terrível e paralisante.
-meu deus! – exclamou a srª
lightman.
-um porta-voz do pentágono
atribuiu o erro a um mau funcionamento do computador, insistindo em dizer que o
problema já fora corrigido. Mais pormenores a cargo de ike pappas.
Os olhos do sr. Lightman
estavam muitos abertos.
-que te disse eu, querida?
Estamos mais próximos do que nunca do fim do mundo! Aquele pat robertson do 700
club sabe muito bem aquilo que diz! Estas a prestar atencao, David?
Claro que David lightman
estava a prestar atencao.
-com licença – disse ele,
subindo a correr para o seu quarto, onde ligou o televisor para ver o resto da
reportagem. No ecran encontrava-se um porta-voz do departamento de defesa,
explicando que nunca houvera realmente perigo, que esta era uma probabilidade
de uma para um milhão, e que nunca mais, nunca mais voltaria a acontecer.
O telefonou tocou.
David deu um salto. Muito
nervoso, foi atende-lo.
-esta?
Reconheceu imediatamente a
voz de jennifer.
-david, estar a ver televisão?
-as noticias… há… sim.
-Fomos nos? Nos fizemos
aquilo? – jennifer estava excitada.
Por fim, o facto nu e cru atingiu plenamente subitamente as
proporcoes pequeno mundo de diversão e jogos adquirira subitamente as
proporcoes de uma arena muito maior e mil vezes mais terrível.
-devemos ter sido – disse. –
oh, céus, estou mesmo tramado. Jennifer, que hei-de fazer? Eles vão
apanhar-nos.
Por alguns instantes, o
silencio foi a única resposta qe obteve.
-que queres dizer com isso
de apanhar-nos pa? – indagou jennifer. Mas depois riu-se…. – ei! Tem calma. Se
fossem muito espertos, já te tinham encontrado . já se passou um dia, não foi?
Mas David não estava assim
tão sossegado. O braço militar dos eua era um gigante, e os gigantes movem-se
devagar.
-foi… suponho…
-ei! Acalma-te! Mas não
voltes a telefonar para aquele numero. Deita-o fora!
Uma restea de esperança
perpassou pelo espírito de David.
-sabes… há a possibilidade
de eu não ter… pois, tivemos de desligar logo e… eles não localizaram a
chamada!
-claro que não comporta-te
comose não fosse nada contigo! Vais ver que não acontece nada. Não te
preocupes.
-esta bem. Obirgado,
jennifer. Já me sinto bastante melhor.
-oh, céus – continuou ela. –
e inacreditável. Achas que posso contar a marci?
David quase teve um ataque
de coracao.
-não! Por favor, jennifer.
-pronmto, pronto – disse
ela, claramente desapontada, sem duvida não percebendo todas as implicacoes
daquela historia. – vemo-nos amanha no liceu.
-certo. Adeus.
Desligou o telefone,
deixou-se cair na cama, escondeu a cabeça debaixo da almofada e tentou
recompor-se. Meu deus, pensou. Se o ralph não tivesse virado a lata do lixo… se
o meu pai não me mandasse ir la abaixo imediatamente… se… se… se…
O mundo fora salvo por um
cão!
Provas, pensou David
lightman. Havia provas! Completamente em p+anico, saltou para fora da cama.
Céus, estava rodeado das provas do seu crime. O quarto encontrava-se juncado de
livros, revistas, panfletos governamentais contendo ensaios e relatórios. As
folhas por ali espalhadas lembravam a retaguarda do desfile do dia da accao de
graas. Da estante dos livros pendia uma fotografia de falken, que fotocopiara
de uma revista velha.
David lightman fitou-a.
Stephen falken for aum homem
de cara delgada, ar delicado, inglês dos pés a cabeça, com uns olhos que
observavam distancias que David lightman . o fascínio exercido por brinquedos
toa complexos, aquelas fusões de metal e vidro, plástico e energia, escravas
dos cânticos mágicos dos algoritmos. Mais ninguém poderia compreender – nem os
pais, nem jennifer, nem sequer jim sting – o que significava para David o lento
domínio daquelas maquinas. No mundo delas havia razão, justiça, beleza, ordem.
Se se trabalhasse o suficiente, compreendia-se… não era como a vida. E era-se
reconepnsado pelo trabalho feito… na vida normal não. O domínio da programacao
não era comaravel ao que quer que fosse que David alguma vez conhecera.
Pesarosamente, David tocou
na fotografia.
-eu so… disse suavemente - …
acho que o que eu queria era conhece-lo melhor – continuou para o homem morto
da fotografia.
Arrancou-a então da tacha
que a prendia e atirou-a para o cesto de papeis a transbordar.
O telefone de David tocou
mesmo na altura em que os livros, já empilhados a porta, iam ser acarretados la
para fora.
Seria jennifer outra vez?
Ela era a única pessoa que sabia o seu numero secreto. O telefone era uma
extensão do da casa dos lightman, não registado na companhioa. Com a ajuda de
jim string, David arraajara maneira de o montar no quarto, para assim ter
acesso directo ao computador da companhia de telefones, e, consequentemente,
obter chamadas grátis.
Hesitantemente, pegou no
auscultador.
-jenn…?
Respondeu-lhe o sinal de um
computador. Hummm. Se calhar fora descoberto por mais algum maníaco. Talvez
aquilo o distraísse daquela historia horrorosa.
-saudacoes, professor falken
– disse o sintetizador de voz.
David ficou gelado. Deu meia
volta. No ecran viu as palavras SAUDACOES, PROFESSOR FALKEN.
Dirigu-se a consola e
sentou-se.
-ceus. – quase de moto
próprio, as mãos ergueram-se-lhe, e escreveram uma resposta: EU NÃO SOU FALKEN.
FALKEN MORREU.
-lamento muit, professor –
replicou o sintetizador. – o jogo de ontem foi interrompido. Embora o objectivo
principal não tenha sido atingido, a solucao estaa vista.
As palavras e os números
voavam no ecran:
TEMPO DE JOGO DECORRIDO: 52
HORAS 17 MINUTOS. 48 SEGUNDOS.
O coracao de David pareceu
parar. Oh, não! O pesadelo ainda não acabara.
O ecran continuou:
…EMBORA O OBJECTIVO
PRINCIPAL NÃO TENHA SIDO ATINGIDO…
David pressionou um botão e
escreveu: QUAL ERA O OBJECTIVO PRINCIPAL?
O ecran respondeu
imediatamente:
GANHAR O JOGO.
David tirou o auscultador do
modem e pousou-o com forca no telefone. Percebeu então que tinha as mãos a
tremer. Voltou mais uma vez ao trabalho, varrendo do quarto toda e qualquer
prova.
Nessa noite, o telefone
tocou mais vezes. David lightman teve de o desligar.
Quando finalmente foi para a
cama, custou-lhe muito adormecer.
Nessa noite snhou que era
slim pickens dirigindo uma bomba nuclear com a forma de um jogo electrónico,
ate ao esquecimento.
CAPITULO VII
-que se passa, lightman? –
perguntou o negro por trás do balcão do 7-eleven. –estas a fazer gazeta outra
vez? São quase dez horaws, homem. – o empregado marcou na caixa registadora os
preços do bolo de amoras e do pacote de leite de David. – não tens tempo para
jogar comigo numa daquelas maquinas, pois não? – o empregado acenou para dois
jogos electrónicos dispostos ao canto da loja. – com os turnos da noite que
tenho feito, ando a melhorar bastante.
-adormeci – respondeu David,
estendendo uma nota de dólar toda amachucada e alguns trocados. – tenho de ir
para o liceu, chauncey. De qualquer modo, obrigado.
-sabes, tens fama de ser bom
nos jogos. Se calhar, ate devias entrar em competicoes, ganhar algum. –
chauncey enfiou o dinheiro na gaveta da caixa registadora, pegou num cigarro e
deu uma passa. – esta manha veio ca um tipo saber de ti. Disse que ouviu dizer
que eras um jogador dos diabos. Achas que quer desafiar-te? – chauncey coçou a
barba. – merda, se for isso, aposto o meu ganha-pao em ti, irmão.
David lightman parou de
tirar o papel do bolo. O cheiro intenso a tabaco e a café acabado de fazer
pos-lhe o estômago a andar as voltas.
-um tipo a perguntar por
mim?
-sim! Estas a ficar famoso!
Olha, e se jogássemos ao donkey kong? Aposto que te ganho!
-como era ele?
Chauncey encolheu os ombros.
-não sei bem. Novo.
Disse-lhe que, a estas horas, devias estar no liceu. Mas afinal não estas. Ei!
Onde vais? Olha o teu troco, homem!
David lightman arremesou-se
pelas portas de vidro e desatou a correr através do parque de estacionamento.
Abrandou um pouco quando chegou ao passeio. Aguenta ai, pensou com os seus
botões. Estas a aficar paranóico, lightman. Es bem conhecido por seres tão bom
em jogos vídeo, e a tua reputacao espalha-se cada vez mais. Por isso e bem
possível que o tipo que perguntou por ti não fosse nenhum agente disfarçado.
Tens de te acalmar, se não queres ser um feixe de nervos o resto da tua vida!
Uma carrinha verde passou na
rua. Um par de desportistas corpulentos corria na direccao de David.
Sim, ou tnes mão em ti, ou
não dormes mais, e pensas que cada desportista que vem na tua direccao traz
sarilhos consigo!
Esta ultima ideia fe-lo rir.
Estugando o passo, caminhou com uma confiança, então, provavelmente, não o
apanhariam nunca. Tudo estaria acabado e esquecido daqui a alguns dias. Sim,
mas aprendera a licao. Nunca mais andaria a meter o nariz onde não devia.
David lightman achou que o
seu temperamento melhorara.
Os corredores
aproximaram-se. Desviou-se para a relva, para deixa-los passar – eram muito
maiores que ele, e não pareciam particularmnete contentes.
No entanto, em vez de o
ultrapassarem, os corredores também saltaram para a relva, e cada um deles
agarrou um braço.
-lightman! – disse um deles,
comum ar de satisfacao intensa. David foi violentamente para a relva. Antes de
perceber bem o que estava a acontecer-lhe, já um dos tipos lhe abria a boca,
examinado-a cuidadosamente.
-não estou a ver nenhuns
invólucros de cianido – informou.
O joelho do outro homem
pregava David ao chão.
-seu estúpido – insulktou-o
ele.
-ei! Saiam de cima de mim! –
gritou David. – socorro! Policia!
A carrinha dera a volta e
parara ao pe do passeio. Um homem de cabelo muito curto e fato e gravata
caminhava na direccao deles. Puxou de uma carteira e mostrou um distintivo a
David.
-somos do fbi, lightman.
Isso chega-te?
Os corredores esvaziaram-lhe
os bolsos e algemaram-no.
-metam-no na carrinha –
ordenou o homem de fato. – temos algumas pessoas ansiosas por falar contigo,
sr. Lightman.
Com um medo como nunca
conhecera antes, atordoado, magoado, David lightman foi empurrado para a
carrinha verde.
Quando o mundo estivera a
beira da terceira guerra mundial, john mckittrick encontrava-se a visitar a
sogra.
Voltara ao palácio de
cristal na tarde do dia seguinte ao do da trapalhada com as suas maquinas.
-por que não me chamaram
imediatamente, pat? – perguntou, logo que chegou ao posto desta ultima. Ele, a
mulher e os filhos haviam saído de Denver muito cedo. – a responsabilidade e
minha!
-richter e eu pensamos que
tínhamos tudo sob controlo, john.
Pensávamos…
-mas quem se lixa sou eu,
pat! – interrompeu mckittrick. – tenho ordens para me apresnetar imediatamente
ao general berringer. – atirou o memorando para a secretaria. E sentira-se ele
tão bem! A viagem a Denver devia ter aplcado a mulher o suficiente para ele
poder passar alguns seroes com pat… e a evacuacao de comandantes de mísseis
decorria de acordo com o planeado. Tudo parecia correr sobre rodas… de
repente., esta confusão! – bem acho que e melhor enfrentar já me que agora
vamo«s ter mesmo de trabalhar ate tarde.
-infelizmente – disse ela,
beijando-o docemente.
O coronel conley andava a
mostrar o palácio de cristal a um grupo de homens, suas mulhertes, e algusn
adolescentes, todos vestidos a rigor. Quando mckittrick passou por eles, ouviu
conley dizer:
-… e uma operacao em alaerta
constante, vinta e qautro horas por dia, para que os vossos direitos e os
vossos lares estejam sempre seguros. A semana passada, por exemplo, esteve ca o
governador de nova jérsia com a sua gente. E 2quis saber por que razão
estávamos em defcon 4, como agora…
mckittrick virou-se para
pat.
-por que estamos em defcon
4?
Pat respondeu de um modo
muito profissional, mas nos seus olhos perpassou um clarão de medo.
-os soviéticos viram os
nossos bombardeiros através dos seus próprios satélites, e puseram-se em estado
de alerta. Comunicamos-lhes que foi apenas um exercício, mas so mudaremos de
posicao quando eles também o fizerem.
Aborrecido, mckittrick
abanou a cabeça.
-grupos excursionistas. Se
fosse eu, proibiria a sua entrada aqui.
-sabes, john, qunado as
coisas não correm como tu queres, es mesmo uma tristeza.
-as pessoas acham que as
minhas maquinas estiveram a um passo de iniciar a terceira guerra mundial, e tu
ainda te espantas por eu estar tão mal disposto!
-ninguem acha que foram as
tuas maquinas, john. Sabem muito bem que oi o miúdo.
-mas foram as minhas
maquinas que lhe deram acesso, e e o meu pescoço que esta em perigo. Portanto ,
menina healy, senão te importas, por agora gostaria de continuar mal disposto.
-as coisas seriam bastante
mais agradáveis se não tivesses a cabeça tão dura.
-estas a aproveitar-te do
nosso relacionamento, pat. Não te esqueças de que ainda sou o teu chefe.
Pat não fez comentários. Continuou
a andar silecniosamente.
-agora não amues, pat. De
cada vez que temos uma discussaozinha, ages logo como um icebergue.
-va-se lixar, sr.
Mickktrick.
Oh, meu deus, pensou
mckkitrick. Outra guerra fria. Ate parecia que eram casados. A ideia de problemas
domésticos no trabalho não agradou nada a mckkitrick, cuja disposicao piorou
ainda mais.
Rapaz, como gostaria de
deitar as mãos ao miúdo! A culpa era toda daquele espevitado!
Passaram em silencio a porta
da sala de reuniões. Com a camisola toda suja de giz, paul ritcher, ainda mais
chupado que habitualmente, e esquematizacoes de circuitos.
A sala cheiravca a café e
pontas de cigarros.
Sentados a mesa estavam
vários homens importantes, franzindo as sobrancelhas de um modo imensamente
profissional. Berringer fuzilava toda a gente com o olhar. Dougherty. Cabot e
watson esperavam pacientemente pelo fim das explicacoes de ritcher, com a
expressão vazia de quem não esta a perceber nada. E ao seu lado destes
sentava-se um homem que mckittrick não conhecia. Com roupas a civil
amarrotadas, os seus olhos pareciam estar abertos há bastante tempo.
Richter sentou-se e suspirou
dramaticamente.
-…sr. Cabot, tem de
acreditar em nos. Foi
um acontecimento cuja probabilidade de
ocorrência e de uma num milhão… havia uma linha publica em sunnyvale, mas a
companhia de telefones já tratou do assunto.
Richter viu mckkitrick. Uma
expressão de alivio estampou-se-lhe no rosto.
-ainda bem que já chegou.
John – disse cabot. – este e george wigan. George trabalha para o fbi. Como
deve saber, o rapaz esta aqui para ser interrogado.
Mckittrick estendeu a mão;
fria e relutante, wigan apertou-a.
-como aconteceu isto, paul?
-bem, ele introduziu-se no
subsistema do jogo de guerra, servindo-se de uma palavra de código deixada la
pelo programador original – respondeu ritcher. – ninguém sabia que a palavra do
código estava la.
Wigan abanou a cabeça.
-o miúdo afirma que estava a
procura de uma companhia de brinquedos!
O general berringer
resfolegou.
-que linda historia!
Mckittrick encostou-se a mesa e, afivelando uma mascara
extremamente profissional, combinada com uma certa ostentacao de autoridade
cansada, disse:
-paul, descubra-me a palavra
de código e apague-a. Se for preciso, ponha uma equipa inteira a trabalhar
nisso… e reforce a segurança ao wopr.
-já vai um bocado tarde de
mais, não acha? – perguntou berringer beligerantemente.
Cabot olhou para mckittrick.
-sim, john. Estamos
realmente preocupados com as medidas de segurança existentes aqui.
Mckkitrcik tentou manter a
voz calma.
-meus senhores: não acham
que estão a ser demasiadamente ingénuos?... isto e, estão mesmo convencidos de
que um miúdo do liceu resolveu pegar no telefone e fez isto sem mais nem menos?
– bateu na mesa com o punho fechado e enfrentou directamente o olhar de c: -bot.
– o rapaz trabalha para alguém. De certeza!
Wigan tossiu e limpou o
nariz com um lenço. Consultou algumas notas.
-bem, ajusta-se
perfeitamente ao perfil. Inteligente, mas falhado… muito afastado dos pais…
poucos amigos… conseguimos saber isto com a ajuda do vice-reitor do liceu do
rapaz. Um sujeito chamado kessler. Lightman o leva a ser um caso clássico do
recrutamento feito pelos societicos.
-penso que dentro em breve
saberei se isso e everdade – disse mckittrick. – deixem-me falar com o rapaz.
Cabor sorriu.
-optimo. Mas precisamos
rapidamente de respostas, john. O presidente quer sangue. E se for sangue
comunista… bem, digamos que nos sairemos todos bastante mais airosamente.
-e se ele estiver associado
a algum serviço secreto soviético? – indagou watson, olhando para wigan. –
alguém tem ideia de por que e que um rapaz tão inteligente como este quereria
arriscar as vidas de milhões de pessoas?
-não. – o olhar cínico de
wigan varreu a sala. – o tratezinho diz que faz parte este tipo de coisas para
se divertir!
Quem se vai divertir agora
sou eu!, pensou mckittrick.
Temos maneiras de o vazerr
valarr, herr lightman!, ameaçava a voz dentro da cabeça de David, que olhava
nervosamente por toda a enfermeira, esperando que algo acontecesse. Logo que o
haviam trazido para este subterrâneo, tinham-no fechado ali, na sala dos
doentes.
Provavelmente porque aquela
era aunica sala de todo o norad que armários que o rodeavam, desconfortáveis
imagens de bisturis e seringas enchiam-lhe a cabeça.
Como se o medo que sentia já
não fosse mais que suficiente! As algemas que lhe apertavam os pulsos… os
pesados ex-defesas de râguebi que os eua empregavam como agentes de segurança,
com o ar de preferirem mastiga-lo com os seus molares pepsodent a leva-lo aos
seus terríveis engedradas pela sua imaginacao!
Bom dia, sr. E srª lightman!
Sou do fbi. Temos o vosso filho sob custodia. Amanha vai para a cadeira eléctrica por alta traicao.
Assim livro-me dele, diria o
seu pai.
Óptimo, gritaria a mãe. Vou
vender a minha historia ao «national enquirer»!
Bem, de qualquer modo estava
no sitio certo. David lightman sentia-se com vontade de vomitar.
E pensara ele que o «kaiser»
kessler era mau tipo!
David estava sentado na
marquesa. A sua agitacao rasgara as folhas de papel que a cobriam. Tinha vontade
de chorar, mas sentia-se demasiado aterrorizado para fazer algo que não fosse
fitar as algemas.
Beep, beep, beep.
David deu um salto. O som
vinha da porta. O código de abertura. David esperou, de coracao nas mãos e com
o pensamento naquela historia que tinha lido há pouco tempo na disciplina de
inglês, chamada «a dama ou o tigre?» qual deles entraria pela porta?
Abriu-a um enorme sargento
da policia aérea.
-pronto, doutor. Predemo-lo
aqui para o caso… não sei, eu ca acho-o inofensivo.
-obrigado, sargento – disse
um outro homem mais velho. Um casaco de bombazina com remendos nos ombros e uma
gravata de malha davam-lhe um ar amistoso e descuidado. Um bigode bem aparado,
tão castanho como os seus olhos, acetuava-lhe claramente o sorriso. Bem, pensou
David, pelo menos não traz com ele nenhum chicote ou aguilhão.
O recém-chegado mirou David
dos pés a cabeça. Incapaz de esconder a sua surpresa, parecia pensar para si
próprio: foi este dez-reis de gente escanzelado que quase deu inicio a terceira
guerra mundial?
-ola, David – disse o homem.
– sou john mckittrick. Dirijo os serviços de computador.
David abriu a boca para
falar, mas percebeu que a tinha tão seca que provavelemnte a voz lhe saira como
o coaxar de um sapo. Limitou-se a fazer um sinal de cabeça.
-sargento, importa-se de vir
aqui tirar-lhe as algemas?
-claro que não, dr.
Mckittrick – retorquiu o homem, fazendo tinir algumas chaves enquanto se
dirigia a David e habilmente libertava as suas mãos de tal prisão.
-david – continuou
mckittrick em voz suave - , já telefonei aos teus pais. Disse-lhes que estavas
bem, e que ainda não foram feitas quaisquer acusacoes neste processo tão
infeliz. – franziu as sobrancelhas pensativamente. – mas também lhes disse que
precisaariamos de pouco tempo para resolver este assunto.
-quanto tempo? – conseguiu
David grasnar.
-isso, David, depende da tua
cooperacao.
As algemas haviam sido
tiradas. David esfregou os pulsos, para que a circulacao voltasse, que
fomrigueiros!
Mckittrick dirigiu-se ao
guarda:
-david ao oficial de dia que
vou leva-lo a dar uma volta. – virou-se para David e sorriu. – anda, David,
estaremos mais a vontade no meu gabiente.
David hesitou,
perguntando-se não seria mais seguro ficar ali.
-anda, rapaz! Vamos
conversar. Há la montes de coisas interessantes que posso mostrar-te.
Garanto-te que vais gostar muito mais do meu gabinete.
-como o senhor e atencioso –
comentou David, surpreendido seu próprio potecnial de sarcasmo, ainda por cima
numa situacao daquelas.
-não achas? – mckittrick
sorriu e passou um braço paternal a volta dos ombros de David, guiando-o em
direccao aos serviços de computador.
Espera la, pensou David.
Mckittrick. Johyn mckittrick!
-o senhor trabalhava com
stephen falken, não era? – embora não o quisesse, a voz de David foi perpassada
por um certo temor.
-comecei a trabalhar como
assistente de falken. Como sabes isso?
-li o vosso artigo sobre
póquer e guerra nuclear.
-aquele que falava do bluff?
– mckittrick parecia genuinamente impressionado. – sim, foi uma coisa que
preocupou algumas pessoas.
-ele deve ter sido um homem
espantoso.
Aquela ideia pareceu
incomodar um pouco mckittrick.
-contribui alguma coisa para
o trabalho dele… qualquer coisa. Certamente que stephen falken era brilhante,
mas também um lunático. Nunca quis compreender que o seu trabalho podia ter
aplicacoes praticas, que não tinha necessariamente de existir nalguma etérea
terra-de-ninguem, que tinha possibilidades de ser aproveitado no mundo real.
Fui eu que fiz as mudanças e adaptacoes, David. Sou eu o homem das armas. –
abriu uma porta e deixou passar o rapaz. – chegamos, David. O centro dos
computadores. Andamos a reorganizar isto. Há aqui verdadeiras obras de arte.
David susteve a respiracao.
Lindo, tão lindo… metal e vidro de forma aerodinâmica, palpitando de energia e
sabedoria… que génio, que não o via, dançava dentro daquelas maquinas? Que
segredos mágicos? Jorros de luz azul e verde marcavam as áreas de trabalho
onde, quais aprendizes de feiticeiro, equipas de técnicos vestidos de branco se
acotovelavam. A medida que caminhavam ao longo do corredor de maquinaria, um
arrepio foi percorrendo a espinha de David lightman.
Passaram por um afila de
cilindros achatados assentes em almofadas de espuma.
-ceus! – exclamou David. – e
um cray 2!
-dez deles – informou
mckittrick.
-não sabia que já haviam
sido comercializados.
Mckittrick sentiu-se quanse
envaidecido.
-so dez. anda, quero
mostrar-te uma coisa.
Mckittrick parou ao pe de
uma maquina de aspecto não muito novo, ligada a filas de instrumentos
periféricos mais modernos por fitas luminosas de fibras ópticas. Na chapa
desbotada do resto do centro.
-esta e a maquina que
comanda o programa de jogos de falken.
David pestanejou.
-joshua esta ali dentro –
murmurou. Levantou o olhar para mckittrick. – ainda usam o hardware original?
Mckittirck acenou
afirmativamente e enconstou-se a chapa.
-falken criou uma linguagem
de programacao par ao jogador.
Concebeu esta maquina para o
programa. Ainda trabalha as mil maravilhas. Aumentamos-lhe dez mil vezes a
potencia e memoria.
-deixe-me ca perceber bem…
isto limita-se a jogar… então como e que influencia tudo o que se passa neste
lugar?
-os generais com quem
trabalho – explicou mckittrick – baseiam todas as suas decisões no que sai
desta maquina. Mas não a percebem. Ate lhe tem um pouco de medo.
-mas que e que vai para
dentro da maquina? – quis David saber.
-anda comigo.
Mackittrick fe-lo atravessar
uma área aberta, onde vários trabalhadores de farda branca se encontravam
sentados a uma consola situada em frente de grandes ecrans. Quando começaram a
subir uma escada de metal que conduzia a um andar baixo de onde se via o
cavernoso palácio de cristal, David, absolutamente fascinado, observou os
ecrans. Nestes luzia uma sequencia de imagens aumentadas pelo computador.
Cada uma destas ultimas era
mais pormenorizada que a anterior… revelando gradualmente so contornos de uma
cidade… edifícios… ate se dinstinguir um movimentado cruzamento urbano. Uma
carroça puxada por um burro, virada, provocava um engarrafamento.
Mckittrick parou e olhou
para as imagens.
-creio que e Beirute, David.
-incrivel.
-já ouviste aquela piada do
pentágono que diz que os nossos satélites são capazes de ler a chapa de
matricula de um volga a cento e cinquenta quilómetros de distancia, ou de
descobrir os soldados russos que não se barbearam de manha? Bem, não anda muito
longe da verdade.
-a tecnologia…
-satelites digitais visuais
kh-11. o satélite big bird. O satélite closo look. E o chalet… entre outros.
Todos eles observam o mundo, David; e as informacoes que transmitem que transmitem
passam pelos nossos computadores, incluindo o wopr de falken, e dai vão para os
ecrans. O programa de falken e um ponto de convergência vital… e, ao que
parece, a tua intrusão mudou-o: foram projectados no ecran jogos cuja
existência desconhecíamos, o que nos confundiu.
-ceus!
Mckittrick escolheu os
ombros.
-agora, temos e de nos
assegurar de que este tipo de coisas não volta a acontecer. Por acaso, atenos
apontaste um ponto fraco de que não tínhamos consciência. – mckittrick olhou em
volta. – o mundo pode muito bem
tornar-se dependente dos computadores… mas, e em consequência disso, não tenho
duvidas de que também se tornara dependente das pessoas que sabem de
computadores. – fitou David. – acho já o sentiste, davi… sozinho no teu quarto…
iludindo sistemas, descobrindo códigos, tendo acesso a outros mundos… já
sentiste o poder, não foi, David?
-sim – respondeu David. –
suponho que, em parte, foi por isso que o fiz.
-imagina como nos sentimos
aqui. – mckittrick continuou a subir os degraus. – bem, David – disse,
apontando para um mostrador - ,vês aquele mostrador? E a nossa presente
situacao de defesa. Devia dizer defcon 5… que significa paz. Mas, devido a tua
brincadeirazinha, encontramo-nos ainda em defcon 4. se não tivéssemos
descoberto que o que estávamos a ver não era um ataque, e sim uma simulacao,
podíamos ter avançado para defcon 1, o que se traduziria numa guerra mundial.
David não fez comentários.
Sentia-se vazio por dentro… era de mais para ele.
-tu introduziste-te no
sistema porque querias jogar, não foi? – continuou mckittrick.
-foi – replicou David.
-o meu gabiente e já aqui.
David seguiu o homem para
dentro de um gabiente muito bem arranjado, com vista para todo o palácio de
cristal. No lusco-fusco de luzes indirectas, brilhava um ecran.
-senta-te.
David sentou-se e mckittrick
dirigu-se a uma geladeira.
-coke? Cerveja de raízes?
Mountain dew?
-coke.
Mckittrick puxou a parte de
cima da lata e estendeu a bebida a David. Este engoliu rapidamente, não sabia
que tinha tanta sede.
-david: depois de ouvires as
noticias e de saberes o que aconteceu, por que razão tentaste acesso outra vez?
David engasgou-se. Piquinhos
subiram-lhe pelas narinas.
-sabias que o assunto era
sério, não sabias? – continuou mckittrick.
-mas eu não o fiz outra vez
– afirmou David.-ate deitei fora o numero de telefone?
-eu sei. Encontramo-lo no
lixo.
-joshua e que me telefonou.
-david, conta essa a algum
estúpido fbi… porque comigo não pega.
-mas e verdade… ele
continuou a pensar que ainda estamos a jogar.
-a jogar. – mckittrick
sentou-se e consultou algumas notas. – com quem ias encontrar-te em paris,
David?
-paris? – de repente
lembrou-se. Jennifer fizera questão naquela viagem romântica. Ele marcara os
lugares e esqeucera-se de os cancelar. – não… o senhor não percebe…
-reservaste dois lugares.
Quem mais sabe disto, David? – indagou mckittrick em voz suave.
-ninguem – replicou David.
Não quero meter jennifer nisto, pensou.
Mckittrick acabou
subitamente com a farsa e examinou-o friamnete.
-sabes que não acredito? – o
seu olhar fazia David arrepiar-se todo. Pousando a lata de coke na secretaria,
David disse:
-suponho que não devia dizer
nada antes de falar com um advogado.
Mckittrick pos-se em pe e
inclinou-se por cima da secretaria.
-masi vale não pensares
nisso. Antes de eu te arrancar a verdade, não sais daqui. Não e qualquer miúdo
ranhoso que faz uma coisa destas as minhas maquinas, percebes? Não podes ser so
tu! De certeza que trabalhas para alguém!
-quantas vezes tenho de lhe
dizer a mesma coisa? – desesperou-se David. – isto constituiu um desafio para
mim. E tive sorte…!
-não estamos no liceu,
David. As tuas accoes tem consequências… muito mais graves do que podes
imaginar. Bem, estou a tentar ajudar-te…-olhe, já o repeti ai umas dez vezes:
introduzi-me no sistema para jogar. Se a sua gente não sabe distinguir uma
simulacao de um ataque de mísseis russo, a culpa não e minha.
O telefone tocou, mckittrick
levantou o auscultador.
-sim? – uma expressão de
alarme invadiu-lhe o olhar. – o que? – perguntou incredulamente. – esta bem.
Desço já. – pousou o auscultador. – não te mexas, percebes? Fica ai quieto.
-e para onde poderia eu ir?
O que quero e por isto tudo em pratos limpos.
Mas mckittrick não estava a
ouvir. Lançou-se para fora da sala. David foi ate a janela. Observou mckittrick
andar apressadamente ate ao posto de comando, onde meia dúzia de chefoes
militares conferenciavam entre si. E começou uma discussão acalorada cujos
gestos e expressão corporal chegavam para ganhar uma partida de râguebi.
David contemplou as pessoas
que operavam os sistemas que podiam destruir o mundo e abanou a cabeça
incredulamente.
Abaixo dele, mckittrick
respirava pesadamente. Tinha aa testa húmida e sentia-se como se pequenos fogos
houvessem sido acendidos em varias partes do seu corpo.
Mal reparou em cabot, que se
aproximava do posto de comando.
-que se passa? – inquiriu
cabot, num tom de voz habituado a respostas imediatas.
A aparência de paul richter
condizia perfeitamente com o que mckittrick sentia. Tirara a gravata e tinha
manchas de suor debaixo dos braços.
-o registo de execucao de
ordens do nosso wopr acaba de ser seriamente penetrado.
-há? – perguntou cabot. –
repita la isso. Mas em inglês!
Ate o habitual rosto de
pedra de berringer mostrava uma expressão claramente assustada.
-eu digo-lhe em inglês. Alguém
conseguiu acesso ao sistema desse rapaz e roubou os códigos que disparam os
nossos mísseis. Muito simples. – berringer estava nitidamente para alem de
qualquer necesisdade de ser delicado para com figuras governamentais. Parecia
estar prestes a ter um ataque de apoplexia.
E tempo de tentar acalmar as
coisas por aqui, pensou mckkittrick.
-gostaria de vos fazer notar
que não há perigo imediato. O sistema so aceita os códigos de lançamento se
estivermos em defcon 1.
Mas a ira de cabot não era
facilmente aplacavel.
-quem fez isto?
Antes de mais alguém pode
responder, mckittrick aparou a pergutan:
-ainda não sabemos. O miúdo
deve trabalhar para alguém no exterior. Mas eu posso mudar os códigos em menos
de uma hora.
-não sei o que querem daqui –
disse berringer. – mas de uma coisa tenho a certeza: os nossos bombardeiros não
ficarão em terra. – virou-se para o coronel conley, parado ao pe da linha de
comunicacoes. – telefone para o sac. Entremos em defcon 3. – dirigu-se a cabot:
- os malditos soviéticos estão a preparar alguma. Aproveitaram-se de um miúdo!
Incrível! – depois disse a um ajudante-de-campo: - arranje-me informacoes
imediatas sobre movimentacoes de submarinos soviéticos. Quero ver o que andam
esses filhos da mãe a preparar!
Como de costume, não vale a
pena, pensou mckittrick. E o mesmo se pode dizer da instalacao dos
computadores.
As ordens foram cumpridas. O
quadro passou de defcon 4 para defcon3.
David lightman observava os
militares e civis que, claramente de mau humor, enchiam o posto de comando. Era
obvio que algo de importante e sério estava a passar-se.
Os russos não tinham nada a
ver com isto, e David lightman sabia-o muito bem. Mas aqueles idiotas não
acreditavam nele. Comportavam-se como se fossem malucos.
Tinham de lhes provar que
não estava a mentir.
David lightman reparara no
terminal do computador logo que mckittrick o fizera passar pela porta do
gabinete. Como um cão diante de um osso… David quase lhe sentia a presença
física.
O que lhe deu uma ideia.
Sentou-se rapidamente a
frente do terminal. Era bonito. Moderno. Bom, onde estava o interruptor? Ah!
O ecran iluminou-se. E, qual
mensagem erguendo-se de uma bola de cristal, surgiu imeditamente uma ordem.
INTRODUZA OS SEUS DADOS
David escreveu JOSHUA 5.
Rezou para que não tivessem
mudadoa a palavra de código. Não lhes dissera qual era, mas eles não sabiam que
ele lhe tivera acesso por uma porta do cavalo, e…
As letras apareceram
rapidamente: SAUDACOES, PROFESSOR FALKEN.
OLA, escreveu David
desesperadamente. AINDA CONTINUAS A JOGAR?
CLARO, respondeu joshua.
DEVO ATINGIR DEFCON 1 E LANCAR O MEU MISSIL DAQUI A 28 HORAS. QUER VER O NUMERO
DE MORTES PREVISTAS?
Uma série de números luziu
no ecran, mas David tocou no botão de paragem.
O ecran apagou-se.
ISTO E UM JOGO OU E A
SERIO?, escreveu ele.
QUAL E A DIFERENCA?,
replicou o programa joshua 5.
David ficou siderado. Claro?
O programa do computador não possuía qualquer conceito sobre a realidade.
Desconhecia que, se continuasse, a civilizacao acabaria e milhões de pessoas
morreriam. So sabia que tinha de disputar um jogo e, para o fazer, precisava de
disparar os mísseis!
TEMPO DE JOGO DECORRIDO: 45
HORAS, 32 MINUTOS, 25 SEGUNDOS.
RESTANTE TEMPO PREVISTO: 27
HORAS, 59 MINUTOS. 39 SEGUNDOS.
E UM HOMEM DIFICIL DE
CONTACTAR, PROFESSOR FALKEN E NÃO HÁ TERMINAL NO SEU ENDERECO. HOJE ESTA VIVO
OU MORTO?
Ei! Que e isto?
PARA COM AS BRINCADEIRAS,
escreveu David. EU MORRI.
IMPROVAVEL, respondeu o
computador. A MORTE DE FALKEN, STEPHEN W., NÃO ESTA REGISTADA NOS ARQUIVOS, E
NÃO HÁ TERMINAL NO SEU ENDERECO.
Isto pode querer dizer
alguma coisa, pensou davi. Se eu conseguisse por as mãos no homem que…
QUE ENDERECO?
O ecran respondeu
imediatamente:
REGISTOS DE PENSAO DOD
INDICAM CORRESPONDENCIA PRESENTE PARA:
DR. ROBERT HUME
5 RUA TALL CEDAR
ILHA ANDERSON, OREGAO.
-ele esta mesmo vivo! –
disse David, excitado. – stephen falken esta vivo! – inclinou-se para o
computador, tentando obter mais alguma informacao, mas foi interrompido pelo
barulho da porta e abrir-se.
-por amor de deus,
afastem-no daquela coisa! – guinchou uma voz. David desligou a maquina antes
que alguém pudesse ver o que estava a fazer. Virou-se e viu que wigan e
stockman, os agentes federais que o haviam« escoltado», estavama entrar pela
porta como dois corredores a quem fora dado o sinal de partida. De expressões
zangadas, agarraram David e arrastaram-no para longe do aparelho.
-realmente… deixa-lo aqui
sozinho! – disse stockman, apertando o braço de David com um pouco mais de
forca que a necessária.
-estava apenas a verificar o
equipamento! – disse David. – não fiz mal nenhum. Posso falar com o dr.
Mckittrick?
Wigman exibiu um par de
algemas.
-eu bem lhes disse para não
lhe tirarem as pulseiras!
David apontou para o posto
de comando.
-ele esta ali. E urgente! So
um minuto, por favor!
A face de wigman parecia de
pedra.
-david lightman: vou
escoltar-te ate as autoridades federais de Denver, onde serás preso sob a
acusacao de suspeita de espionagem. – o seus lábios finos pareciam ter
enregelado num esgar de desprezo.
O coracao de David deu um
salto.
-espionagem? Não! Se algo de
esquisito se passa aqui, não tem nada a ver com espionagem! Posso explica-lo ao
dr. Mckittrick se…
wigan tirou uma folha de
papel do casaco e atirou-a a cara de David.
-isto e um Miranda,
lightman. Informa-te sobre os teus direitos.
Le-o bem. E depois assina-o.
– sorriu maliciosamente e pegou numa caneta pousada na secretaria. – por favor.
-estou a dizer-lhe…
-disseram-te «por favor» de
uma maneira simpática – interrompeu stockman, apertando com mais forca. –
queres que eu repita de uma forma menos gentil?
-pronto, pronto! – resmungou
David.
Pegou no papel e começou a
le-lo. Tem direito a permanecer silencioso. Tem direito… céus, era mesmo como
na balada de hill street!
-estou a dizer-lhes –
continuou, enquanto assinava – que o sistema esta bloqueado. O wopr esta a
jogar… tenta dar inicio a uma guerra nuclear, como se esta fosse apenas um
jogo!
-anda, stockman. Vamos
fecha-lo onde o pusemos primeiro. E, desta vez, sem interferências desse tal
mckittrick.
-ocorreu-me agora um
pensamento, wigman. Achas que os russos o contactaram através do computador
dele? E melhor verificarmos isso… metade dos garotelhos da américa podem ser
agentes soviéticos em potencia!
-so te digo uma coisa –
replicou wigman. – vou tirar o atari ao meu filho!
CAPITULO VIII
David lightman tentava
manter-se sentado e quieto. Experimentava usar o medo para ficar sossegado na
cadeira da enfermeira, atrás da porta fechada. Afinal de contas, não podia
fazer mais nada; se desse mais um pio era muito provável que os agentes do fbi
mandassem o militar da policia aérea puxar da sua 38, e fazer alguns buracos
permanentes no incomodo programa do sr. E da srª lightman.
Tentou respirar pausadamente
e não se deixar abater pela frustacao. Afinal, os especialistas eram os homens
ali do norad, do palácio de cristal. Com certeza sabiam o que estavam a fazer.
E deviam ter consciência de que, se necessário, e se stephen falken estava vivo
e nesse endereço do oregao, podiam recorrer ao programador original.
Mas… e se não…?
David deu um salto da
cadeira e comecou a percorrer a sala furiosamente. A frustacao apoderou-se
novamente dele.
E se eles não falassem com
falken? E se o orgulho os impedisse de estudar o assunto, de perceber que a
brilhante maquina de falken, programada para aprender, se transformara quase
numa coisa viva, e problema era que estes idiotas se comportavam como a maioria
dos que detinham autoridade: o seu pai, o «kaiser» kessler, o sr. Ligget, o seu
pastor – seres incompletos, que pensavam controlar as suas seccoezinhas da
realidade; homens teimosos e orgulhosos, que supunham ter as leis no bolso.
Se calhar, mesmo que
conseguisse falar com o homem, o mais provável era que o dr. Mckittirck não
acreditasse nele.
Mostrara um mundo era
composto por uma mancheia de egos esfomeados, arranhando e mordendo para chegar
ao poder.
Que se lixem! Que se lixem
todos, pensou David lightman. De qualquer modo, estamos condenados. Mesmo que
consigamos resolver esta confusão, quem sabe o que pode acontecer? O
presidente, ate podia perder a cabeça e imaginar-se um xerife em duelo com o
chapéu-preto andropov. «toma la esta, verme!», e bum la iriam os titan II, os
poseidon, os lance, e os minuteman, e bum, bum, bum! Era possível que algum
russo se lembrasse de despejar uma garrafa de vodka num painel de controlo e
começasse depois a disparar ss-17 e ss-18 para hackensack, nova jérsia.
Com estes palhaços, era
ineviravel. Qualquer dia acabaria por haver uma guerra termonuclear. E o mais
engraçado de tudo era que David lightman estava num dos lugares mais seguros do
mundo – sobreviveria.
Claro que viveria com a
consciência de haver sido ele a empurrar a bola de neve, a prejudicar o bom
funcionamento das maquinas, a mover a primeira peca. E que mundo restaria?
Sempre pensara que, se houvesse uma guerra nuclear, seria um dos primeiros a
morrer. Mas, de qualquer modo, não se preocupava muito com isso.
Pensou então em jennifer
mack. Algo de esquisito se passou dentro dele. Uma angustia, uma dor. Também
ela morreria, e o mundo sem ela não era mundo.
Raios, pensou. Lightman
foste tu quem começou isto tudo! E tens de ser censurtado. O dedo da
responsabilidade aponta para o teu nariz, rapaz.
A culpa e tua. A tua
terra-de-ninguem de computadores esta ligada a um mundo de carne, sangue e
morte, e tu não es peter pan!
A culpa era dele, e so ele
sabia o que estava errado. E tambe so ele sabia que, se stepehen falken não
fosse trazido para ali, as coisas podiam correr mesmo mal. Mas eles pensavam
que ele era um espião, e de certeza que não lhe dariam ouvidos…
David estacou.
Tinha de fazer alguma coisa…
ou morrer a tentar.
Não sabia como, mas
precisava de entrar em contacto com o dr. Stephen falken. So falken seria capaz
de convencer esta gente de que era joshua quem estava a fazer isto, de que a
culpa não era dos russos, nem dos seus computadores.
Bem, estava decidido. Agora,
restava saber como conseguiria sair dali. Inspeccionou a sala novamente, mas
desta vez com uma intencao bem clara: fugir. Espera la! Aquele painel de metal
de cerca de meio metro de lado, provavelemnte controla o mecanismo electrónico
que fecha a porta. David examinou-o atentamente. Estava firmemente atarraxado a
parede. David partiu uma unha ao experimentar a solidez da sua fixacao. Uma
chave de parafusos philipps, precisa-se.
Por baixo do lavatório
encontrava-se um armário cheio de gavetas.
David tentou abri-las. A de
baixo estava fechada.a segunda, fechada.
Terceira, fechada. Mas a de cima deslizou com facilidade, e David
inspeccionou-a espancadamente. Nada, a não ser os utensílios médicos habituais: um maço de toalhas de papel
bounty, rolos de gaze e de adesivo, abaixca-linguas (abra bem a boca e diga
aah!). absolutamnete nada útil.
Fechou-a com forca e
suspirou.
Aguenta ai, pensou. Aquilo
era um brilho de metal?
Rapidamente, David puxou
outra vez a gaveta e tirou ca para fora o papel e outras coisas. Claro, bingo!
Encontrou algumas seringas… não prestavam; um pequno gravador de cassetes…
também não prestavam; um estetoscópio… não; um par de pinças…
Gravador de cassetes!
A sua memoria reproduziu os
sons que tinham vindo da porta, quando o guarda abrira para deixar passar
mckittrick. Já ouvia falar de portas assim. Alias, agora que pensava nisso, ate
se lembrava que lera alguns artigos sobre elas na popular mechanics.
David tirou o gravador ca
para fora. Um produto portátil da sony. Caro. Para o nosso pais, so o melhor
que se fabrica no estrangeiro!
Pegou no auscultador e
colcou-o no ouvido. Ligou o gravador.
-pupilas do doente
dilatadas… pode haver uso recente de marijuana – pronunciou uma voz de medico.
David desligou o aparelho,
pegou nas pinças e caminhou ate a porta. Talvez aquilo resultasse! Se assim
fosse, o velho sting certamente teria muito orgulho nele.
Com a ajuda das pinças, e
acusta de muito suor, la conseguiu deslocar o painel. Cuidadosamente, para não
fazer barulho, abriu-o, e fitou o multicolorido esparguete de fios.
Levou uns bons cinco minutos
a ligar o gravador e recolocar o painel, mas fez um bom trabalho. O problema
era que não havia forma de o experimentar.
Foi ate a porta e
encostou-lhe a ouvido.
La fora, o guarda falava com
aquela enfermeira bonita – dizia a enfermeira.
Mas o guarda insistia.
-bem, amanha a noite também
não estou de serviço. Podíamos ir ao smorgasbord. Pode-se comer tudo o que se
quiser, nancy.
David respirou profundamente
e começou a bater na porta com toda a forca que tinha. Pegou então no gravador
e colocou o microfone acoplado mesmo ao pe do painel de metal.
Ouviu os passos do guarda que se aproximava.
-que queres? – perguntou o
homem.
-preciso de ir a casa de
banho, e aqui não há nenhuma. Fiz uma longa viagem ate Denver!
O guarda hesitou.
-olhe que estou mesmo
aflito. Quer que lhe empreste esta linda e higiénica enfermaria? – indagou
David, sem precisar de fingir tensão na voz.
Va la! Se não abres a porta,
estou tramado!
O guarda levou o seu tempo a
decidir, mas finalmente começou a inscrever o código no disco colocado ao lado
da porta.
Beep… beep… bip… beep… bip… blip.
A porta deslizou, deixando a
vista o jovem cabo que, de mao no revolver, olhava david desconfiadamente.
-por favor, deixe-me falar
com o dr. Mickttrick – pediu David rapidamente. – tenho de lhe dizer…
uma expressão dolorida
perpassou as feicoes regulares e suaves
do cabo.
-olha, miúdo: ninguém pode
falar contigo. Os tipos do fbi devem estar a chegar. Bem, queres ir a casa de
banho ou não?
-não.
-ceus – disse o guarda. –
digo-te uma coisa, miúdo: ainda bem que vais embora.
-tambem acho – concordou
David.
O guarda encolheu os ombros
com desprezo e fechou a porta. David esperou que os passos dele se afastassem e
voltou a tirar o painel da parede. Este escorregou-lhe das mãos molhadas de
suor. Conseguiu apanha-lo mesmo na altura em que ele ia fazer uma grande
barulheira ao cair no chão.
Va, idiota, disse a si
próprio. Despacha-te com isso.
Pousou o painel no chão com
todos os cuidados, ergue-se, examinou os fios eléctricos e pegou no gravador de
cassetes, ligado ao mecanismo pelo fio do auscultador.
Enroloiu novamente a fita e
passou o cabo da tomada da posicao de «entrada» para a de «saída». Já estava!
Ligou o aparelho com o dedo
indicador.
Ouviram-se sons fracos – uma
repeticao exacta da sequencia de abertura. A fechadura da porta zumbiu baixinho
e deu um estalido. Depois, com uma alegria maliciosa no olhar, David puxou o
fio mais importante.
E esta, jim sting?, pensou
David satisfeitíssimo. Abriu cuidadosamente a porta e espreitou la para fora.
Ao fundo, a enfermeira ria-se. O guarda estav de costas para David e, inclinado
para ela, ouvia-lhe o coracao com um estetoscópio.
-a sua boca diz «não… não…
não» - brincava o cabo. – mas o seu
coracao diz «sim! Sim! Sim!».
Boa altura para fugir!
David esgueirou-se pela
porta e fechou-a sileciosamente atrás de si. Antes de continuar, certifcou-se
de que esta estava mesmo bem dfechada, o que os manteria ocupados durante algum
tempo. Provavelmente pensariam que tinha encravado!
Olhou desesperadamente em volta. Para onde havia
de ir? Em primeiro lugar, para fora da vista do guarda, claro. Correu pelo
corredor e dobrou uma esquina. Entrou numa sala de espera, onde se viam portas
de elevadores.
Ping! Uma das luzes
apagou-se. Oh, céus!
David enfiou-se por uma
porta com um letreiro que indicava a saída.
-não sei o que vamos fazer
com ele – dizia wigan. – o miúdo e menor.
-se ele tem andando a fazer
o que pensamos – replicou stockman - , talvez consigamos algum decreto especial
do congresso.
O pânico apoderou-se de
David lightman e deu-lhe asas para descer as escadas de cimento.
Passaram-se minutos de
metal, cimento cinzento e sinais vermelhos de saída. Esbaforido, David so parou
quando percebeu que não podia descer mais.
~com a respiracao
entrecortada, examinou o lugar onde aterrara.
Suspensões gigantes ligavam
o tecto ao chão – aquele devia ser o tecto inclinava-se, formando um espaço
baixo e escuro. A sua aaprencia não era particularmente segura ou convidativa,
mas não havia por onde escolher.
David pos as mãos no chão e
começou a gatinhar.
Wigan, stockman e o guarda
esperavam a porta fechada da enfermaria.
-que se passa? – perguntou o
técnico que haviam chamado.
-esta fechadura… deve estar
encravada – respondeu o guarda, apontando para o mecanismo cheio de botões
numerados. – acha que consegue arranja-la?
-claro. E so um minuto –
retorquiu o técnico, que, mastigando uma pastilha elástica, se movia com desenvoltura.
Pousou o estojo das ferramentas, escolheu algumas e atirou-se ao trabalho.
Wigan e stockman esperavam impacientemente.
-sabem – disse o técnico
finalmente, levantando o olhar do emaranhado de parafusos e fios eléctricos - ,
parece-me que isto foi avariado la dentro.
Wigan perdeu a cabeça. Deu
um passo em frente e bateu fortemente a porta.
-va, lightman! Não tornes as
coisas piores para ti!
-pronto – exclamou o
técnico. – já esta.
A porta abriu-se. David
lightman não se via em lado nenhum.
-que aborrecimento – disse o
coronel conley, juntado-se ao grupo excursionistas, com um sorriso nervoso e de
desculpas estampado no rosto. – informaram-me mesmo agora de que andam a limpar
o soalho do centro de computadores. Como não queremos que alguém escorregue e
ainda se magoe, vamos dar por finda a visita. Se entrarem já para o autocarro,
ainda vão a tempo de tomar uma bebida grátis no clube dos oficiais, ao fundo da
encosta.
David lightman, escondido
debaixo de uma das maquinas, espreitou por entre a floresta de pernas.
Sentia-se cansado, pois fora bem árduo gatinhar ate ali.
Quanto mais tempo teria
antes de descobrirem que escapara da enfermaria? Não muito, com certeza. Andava
a fugir há uns bons cinco minutos, talvez mais. A qualquer minuto deviam surigr
tropas de assalto, gritando como personagens saídas dos álbuns de banda
desenhada de jack kirby, de charutos apertados em dentes de macaco e
metralhadoras a disparar.
Ele ainda esta vivo,
sargento fury!
Cabum, cabum, cabum!
David desejou não ter tanta
imaginacao.
Os pares de calcas e sapatos
de salto alto começaram a mover-se. David reuniu as suas forcas. Misturar-se
com aquele grupo era a sua única hipótese. Que pena não envergar roupas
melhores! Ia fazer-se imensamente notado!
David trepou para fora do seu
esconderijo quando a ultima pessoa do grupo – uma mulher esbelta de saia
travada, com os lábios e as faces demasiado maquilhados – virou uma esquina.
Já ia começar a segui-la
quando uma mão lhe agarrou o ombro e o fez virar-se.
Oh, céus, e o fim, pensou.
-para imediatamente –
ordenou um homem de uniforme de caqui com divisas de sargento e mau hálito. –
apanhei-te.
David não conseguiu falar.
O sargento passou uma mão
pelos lábios finos, e os seus olhos penetrantes pareceram examinar as
profundezas da alma de David lightman.
-voces, miúdos pensam que
podem fazer tudo o que vos apetece.
Sabes muito bem que não
deves afastar-te do grupo. Põe-te andar!
David nem acreditava na sua
sorte.
-s-sim… sim, senhor,
desculpe, senhor – gaguejou.
O sargento deixou-o ir. Juntou-se
rapidamente ao grupo, que nesse momento era conduzido para o autocarro.
Esperava sentir outra mão pesada, a qualquer momento. Sentou-se na parte de
trás e tentou passar o mais despercebido possível. O guia do grupo despediu-se
apressadamente e afastou-se a correr.
Soou uma sirena de alarme.
Um rapaz de cara comrpida,
da idade de David, virou-se para trás.
-ei! Que se passa aqui?
-sei la – disse David,
reservadamente.
-quem es tu? Não te vi
durante a visita.
-sou um espião russo, e
tenho de sair daqui o mais depressa possível, antes que me apanhem – respondeu
David.
O rapaz riu-se.
-pois, e eu sou john
riggins, a nova arma secreta da américa. E melhor vocês, russos, terem cuidado.
O autocarro deu um abanão e
começou a afastar-se rapidamente.
No palácio de cristal, o
analista de radar adler examinava o seu mapa. Oh, merda, pensou. Outra vez,
não. Que diabo se passa neste mundo?
-vinte e dois submarinos
classe typhoon saíram do porto de petropavlovsk, rodearam nordkapp, e
dirigem-se neste momento para o mar alto – informou. – rumo zero nove cinco
graus.
Atrás dele, o capitão newt
estava claramente impressionado.
-rapaz, parece que Ivan esta
a preparar-se para abrir buracos em alguém.
-e verdade. E eu estou a
começar a sentir-me como o corneteiro de custer.
No gabinete de mckittrick,
este e paul ritcher, inclinados sobre a secretaria, estudavam um enorme mapa
cheio de diagramas de circuitos eléctricos. Quando pat healy entrou, mckittrick
levantou a cabeça.
-olha, se as noticias que
trazes não são boas, e melhor calares-te –disse ele, ao ver a sua expressão
carrancuda.
-deixaram escapar o miúdo –
informou ela.
-o que?
Com o olhar percorrendo
desesperadamente os esquemas, richter não prestou atencao.
-já foi dado o alerta geral,
e claro que acabara por ser apanhado.
Mas, por agora, anda a
solta.
Mckittrick voltou a fitar os
esquemas e pensou na trapalhada em que o miúdo, e quem quer que fosse para quem
ele trabalhava, transformara os seus programas e as suas maquinas.
Pela janela, lançou um olhar
ao exercito de analistas e técnicos que trabalhavam freneticamente nos seus
postos.
Cerrando so dentes, disse:
-espero que rebentem esse
filho da mãe!
No rádio da cabina, uma
cantora country queixava-se de um amor traiçoeiro.
O velho camionista grisalho
olhava fixamente a serpente negra de asfalto que subia a ingrteme encosta.
David observava-o a meter mudanças continuamente.
O camião recolhera-o na
interestadual há cerca de um ahora, passda na maior parte, em silencio. O velhote
parecia contentar-se com ter alguém sentado a seu lado. Também, que trabalho!
Pensou David lightman. Não deve ser la muito agradável passar o dia a ver uma
linha branca pintada no meio da estrada!
A cancao seguinte foi
escolta! Que apropriado!
David deixara-se estar muito
quieto, pensando em tudo o que lhe acontecera, consciente de que havia mudado
irrevogalmente. Depois daquele fim-de-semana de loucura, o mundo nunca mais
seria o mesmo.
Sabia agora que a vida era
muito mais complicada do que imaginara.
Ate aquele momento, David
lightman considerara-se um erro, um paria, um arginal, sempre brincando na
corda bamba, trocando das atitudes esquisitas que observava no manicómio que
era a vida. Mas percebia agora que também ele era um dos internados – sempre
fora – e que a luta deles era a sua luta. Era parte de um todo, e, na sua
arrogância e estupidez, pusera em movimento uma
sequencia de acontecimentos que pdoeria por fim não so as suas
exibicoezinhas como também apagar as vidas de milhões de outras pessoas.
E tudo porque quisera jogar
um estúpido jogo de guerra! Sting avisara-o… mas ele sentira-se invulnerável.
Porque, mas porque? Não seria muito melhor ter passado pela habitual fase de
revolta da adolescência, ter fugido de casa, despejado cerveja nso sapatos do
pai, ou tomado droga? Pelo mesnos teria sido bastante mais seguro que meter o
nariz na sociedade, que andar a mexer com o computador encarregado da defesa da
américa do norte.
Tinha a certeza de que, se
fizessem um filme sobre a sua vida, haveria de ficar mais famoso que mick
jagger e james dean. Sim, agora podia tornar-se uma estrela de cinema,
conqueluche dos teenagers, ou ate uma figura importante do rock.
Isto e, se ele e o mundo
sobrevivessem.
O mundo pos-holocausto teria
uma cancao dedicada a David lightman: tu es a minha bomba, tocada pela banda
oca.
Ah! Ah, ah, pesnou David lightman frimanete.
-por que razao nao trazes
nenhum saco ou mala? – perguntou de repente o motorista, depois de carregar na
embraiagem e meter mais uma mudança.
David deu um salto.
-oh! Hum… fui roubado. Há… quantas
mudanças tem isto?
-catorze velocidades –
respondeu o homem. Os olhos semicerraram-selhe desconfiadamente, aprofundando
as rugas do seu rosto escarpado. – andas fugido?
-o que? – indagou David,
remexendo-se no assento gasto.
-não e que e mesmo verdade?
– disse David. – não consigo passar por mais velho em lado nenhum.
Calaram-se durante alguns
momentos. O camionista olhou em volta, virou-se para trás verificando o reboque
cheio de enlatados, e levantou a cabeça para o espelho retrovisor.
-chuis! – disse de repente.
-o que? – sobressaltou-se
David.
-dois chuis apanharam-me em ilinois. Juro que
pareciam andar na escola primaria!
Aliviado, David
rescostou-se.
-para onde queres ir?
-como se chama a próxima
cidade?
-grand junction.
-fico ai.
O camionista encolheu os
ombros e voltou a mergulhar em silencio.
A telefonia começou a tocar
e bem possível que rebetemos todos, de mac davis.
-que cidade, por favor? –
perguntou nasalmente a telefonista.
-ilha anderson, oregao… o
numero do dr. Robert hume. H-u-m-e. na rua tall cedar.
Enquanto esperava, David deu
uma trincadela no hamburger de queijo wendy.
Como lhe pedira, o
camionista deixara-o em grand junction. David estremeceu. Um vento frio soprava
fora da cabina telefónica.
A telefonista voltou a
falar:
-o nome do dr. Robert hume,
h-u-m-e, residente na rua tall cedar, não se encontra na lista.
-isso signifca que ele não
tem telefone?
-desculpe, mas não encontro
o nome dele – disse a telefonista, impacientemente.
-espere. Veja em falken. Dr. Stephen
falken. F-a-l-k-en, na mesma morada.
Houve uma pausa.
Va la! Va la!, pensou David
lightman, apertando tanto o hambúrguer, já meio arrefecido, que este escorria
mostarda e molho de tomate.
-não encontro na lista o
nome do dr. Stephen falken, f-a-l-k-e-n, residente na rua tall cedar, ilha
anderson.
David lightman desligou e
começou a pensar desesperadamente.
Dançar, dançar, dançar,
quero dançar pela noite fora, exigia o gira-discos. Dancemos a dança do amor,
querida, ate surigr a autora!
Jennifer mack levantava e
baixava a perna direita ao ritmo da musica. O exercício chamava-se
«boca-de-incendio», porque era preciso uma pessoa por-se a quatro e levantar
uma perna, comos e fosse um cão a representar o seu numero e levantar uma
perna, como se fosse um cão a representar o seu numero na boca-de-incendio mais
próxima.
Notas de musica funk
vibravam por toda a sala de estar, proporcionando a jennifer o ritmo ao qual
ela devia mover os seus membros flexíveis. O rosto brilhava-lhe do suor que
acumulara durante meia hora de exercícios aerobicos, e a blusa estava
encharcada. Preferia o 1999 de prince, mas esta musica também servia. Uma das
suas amigas da classe de aerobica andava a tentar faze-la apreciar new wave,
mas jennifer mack apreciava mais o tipo de musica de que toda a gente gosta.
A seguir veio musica para
dançar, numa cancao de donna summer/giorgio moroder. Jennifer saltou e começou
a caracolear, numa dança livre, por si inventada.
Não estava ninguém em casa. E se saísse por ai?
Interrogou-se vagamente se David lightman saberia dançar. Provavelmente não.
Jennifer suspirou.
O telefone tocou mesmo na
altura em que estava a começar a entrar em delírio. Deixou-o
tocar algumas vezes. Talvez desligassem. No momento em que se deixava envolver
pelo ritmo insistente de donna, e que alguém resolvia telefonar!
-raios! – exclamou.
Foi a dançar ate a extensão
da cozinha e pegou no auscultador.
-sim? – atendeu, não
conseguindo esconder o aborrecimento que sentia.
-jennifer, sou eu, David –
disse uma voz abafada por interferências de chamada interurbana.
-david?
-david lightman.
-bem sei, bem sei. Estas com
uma voz esquisita.
-estou no colorado.
-bem em perguntei por que
não foste hoje ao liceu, David. Tambe não perdeste muito em biologia. O velho
ligget…
-ouve, jennifer, isto e
muito importante. Custa-me pedir-te, mas, bem… podes emprestar-me algum
dinheiro?
-dinheiro? Claro. Quando
voltares vou…
-não, não estas a perceber.
Queria que me pagasses um bilhete de avião de grand junction, colorado, para
salem, oregao. Bem sei que e pedir muito… mas não posso explicar-te a razão.
Absolutamente espantada,
jennifer fez uma pausa.
-que estas a fazer no
colorado? Passei hoje por tua casa e achei os teus pais muito estranhos, mas
não me disseram nada. Que se passa?
-depois conto-te, jennifer –
disse a voz de David do outro lado do fio. – agora não posso falar, fazes-me
isso?
-não sou rica, David!
-eu sei. Ate talvez tenhas
de pedir o dinheiro emprestado a alguém. Mas, jennifer, es a única pessoa em
quem confio.
-claro que te ajudarei no
que puder, David – afirmou ela, surpreendida pela franqueza das suas próprias
palavras, atónita pela sensacao de bem-estar que a invadiu quando as disse.
-oh, obrigado, jennifer. – a
voz de David transmitia claramente a gratidão e o alivio que lhe iam pela alma.
– ouve: quando pagares o bilhete, diz que o levantarei em grand junction. Mas
terá de ser sob um nome falso.
-espera um bocadinho – pediu
jennifer, pegando num lápis e num bloco de apontamentos pousados numa mesa ali
ao lado. – e melhor escrever.
-o próximo avião deve ser
amanha. Portanto, se te despachares, ainda consegues marcar hoje o bilhete.
-portanto. De grand
junction, colorado, para salem, oregao.
Amanha. – jennifer repetiu
as palavras que escrevera.
-e consegues faze-lo,
jennifer?
Jennifer sorriu.
-david lightman, vais ficar
mesmo surpreendido com o que eu consigo fazer.
A atmosfera calma, sinistra
e grave do palácio de cristal progredira lentamente para um estado caótico,
eeficiente e profissional, dominado por uma concentracao intensa.
Um general berringer
esgotado, de gravata desapeertada e amngas arregaçadas, pensou em tomar outro
café, ideia que imediatamente rejeitou. Já estava tenso de mais. So dormira
três horas na noite anterior. E o raio do miúdo lightman escapara-se-lhes por
entre as mãos, gozando descaradamente com o melhor sistema militar do mundo.
Levantou o olhar para o
painel grande. Os símbolos de submarinos soviéticos alinhavam-se junto da costa
da américa do norte.
Defcon 3, indicava o quadro.
-com licença, meu general –
disse um oficial de comunicacoes dirigindo-se a berringer. – acabamos de
receber um telex do departamento de estado.
-leia-o, sim? Tenhop de
poupar a vista.
-no essencial, afirma que os
soviéticos negam qualquer aumento na movimentacao dos seus usbmarinos. E querem
ssaber qual a razão de estarmos a provoca-los.
-mas que descaramento –
comentou o general, apontando para o painel. – e que e aquilo? Baleias
comunistas? O facto e que os nossos sistemas já não estão em simulacao. Sabemos
muito bem que eles estão ali!
-sim, meu general – disse o
oficial de comunicacoes, faxzendo a continência e regressando ao seu posto.
O general berringer
suspirou. Afinal, talvez fosse melhor beber uma chávena de café.
Entretanto, sentado a uma
fila de terminais situada no andar de baixo do palácio de cristal, o técnico de
primeira classo roland moor estudava a imagem do seu monitor.
O ecran encheu-se de
electricidade estática. Reagiu imediatamente, ligando e desligando
interruptores, mexendo em
discos. Isto não devia acontecer, pensou, alarmado.
Virou-se para ed morgan,
sentado ao seu lado.
-ed, verifica a antena em
0-84. deixei de ter imagem.
Mas ed já estava a fazer
movimentos semelhantes aos de moor.
-tambem deixei de ter.
-e melhor passarmos palavra
ao general.
Telefonou para um dos
ajudantes-de-campo do general berringer que, virando-se para o seu comandante,
disse:
-não estamos a receber
sinais de dois dos nossos satélites de alarme. Ou e uma avaria natural… ou
foram estragados propositadamente.
Acho que vou precisar de um
pouco de «bourbon» no meu café, pensou o general , muito tenso.
No centro de computadores, o
wopr sonhava e trava as suas guerras de circuitos integrados. De fios ópticos a
piscar, maquinaria a vibrar e disjuntores a disparar suavemente, parecia a
morte r4odenado o tempo com os seus dedos esqueléticos, preparando-se para o
maior dos hinos fúnebres.
CAPITULO IX
A luz de aviso acendeu-se.
-aproximamo-nos neste
momento do aeroporto de salem. Por favor, apertem os cintos de segurança e
apaguem os cigarros.
Foi o comandante quem falou.
Como era um voo de ligacao, não havia hospedeira a bordo. David lightman
afivelou o seu cinto de segurança.
Guinando e dando saltos, sem
a suavidade dos grandes aviões, o pequeno jacto inclinou-se para baixo. Os
movimentos abruptos davam a ideia de estarem a cair como uma porta. David
lightman contraiu-se.
Um homem de meia-idade,
robusto, esmagou a ponta do seu tareyton num cinzeiro quase cheio, e soltou a
ultima baforada de fumo para a janela.
-sim, estamos no vale
willamette, filho – disse o sujeito, um enorme vencedor de comida para cães, a
David. – e o único sitio do oregao de onde não podem ver-se montanhas. E não te
esqueças, filho: não e «will-e-met». E willamette, raios. – o homem soltou uma
gargalhada calorosa e virou-se para observar a descida.
David tentou sorrir.
Sentia-se muito mal. Dormira, ou pelo menos tentara dormir, sentado muito
direito na sala de espera do aeroporto do colorado. O pequeno-almoco,
empourrado por demasiadas chávenas de café do aeroporto, assentara-lhe mal no
estômago.
A pequena pista inclinou-se
ate encontrar as rodas do jacto de ligacao, que acabou por parar. Uma escada
foi descida por completo, e David, um pouco tonto, percorreu os vinte metros
que o separavam do minúsculo terminal.
Agora que chegara, supunha
que teria de air a boleia ate a ilha anderson. Não se lembrara de pedir a
jennifer que lhe mandassem algum dinheiro. Achava que já se devia dar por muito
feliz por o bilhete estar mesmo marcado. Velha e boa jennifer. Se conseguisse
escapar disto tudo sem ficar preso, teria de fazer mais que limitar-se a
convida-la para ir a uma simples sala de jogos.
Enquanto caminhava a luz do
linbdo dia de primavera do oregao, dirigindo-se as portas de vidro do terminal,
ia-se perguntando de quanto tempo disporia ainda. So ate ao dia seguinte. Pedia
a todos os santinhos que os patetas do norad tivessem conseguido parar joshua.
O mundo seguia o seu caminho como anteriormente – no oregao não havia crateras
nucleares. O que queria dizer que aquele brilhante programa ainda não os levara
a disparar nenhuns mísseis.
David arrepiou-se todo.
Incrível! Era um conceito tão terrível que ainda lhe custava a entrar na
cabeça. Era…
Quando ia a passar pelas
portas, viu imediatamene uns policias agurdfando ao lado do guiché dos bilhetes
do aeroporto. As suas pernas deixaram de se mover. Ainda não o tinham visto.
Para que lado havia de ir? Que havia…
Uma mão apertou-lhe o braço.
Deu um salto e quase soltou
um grito.
De olhos esbugalhados, fez
meia volta. E deu de caras com jennifer mack, fresca e bonita como de costume.
-ola! – disse ela. - -oh,
ainda bem que chegaste. – deu-lhe uma braço caloroso e freaternal. – estávamos
com medo de que não conseguisses fazer a ligacao. A tia alma tentou telefonar
as linhas aéreas. Tem estado a cozinhar todo o dia, e eu não tive outro remédio
senão ficar fechada com os nossos horríveis primos de klamath falls. Sabes,
aqueles que andam sempre em fato de ginástica, e que cheiravam tão mal.
-pois bem, neste momento
também não devo parecer exactamente uma rosa. – conduziu-a para uma das portas
de saída. – anda, vamos embora daqui.
-o meu carro esta do outro
lado, David.
-mas vamos dar a volta ao
edifício. Prefiro estar de costas para os policias. Estou metido num grande
sarilho, jennifer.
-eu sei, David. Ontem a
noite fui procurada e interrogada por uns homens que disseram ser do fbi e que
o fbi podia fazer coisas como interromper os exercícios aerobicos das pessoas,
e interroga-las.
Passaram pelas portas
automáticas.
-não devias ter vindo,
jennifer.
-por que dizes que eu não
devia ter vindo? E por causa do que fizeste a minha nota?
-não… depois explico-te. Vieste hoje para ca?
-sim. De manhãzinha cedo.
Ainda bem que o meu pai e um tipo tão fixe. Foi ele que me deixou vir. Claro
que lhe disse que vinha visitar os meus tios e…
-mas tens carro. Óptimo! E
mapa, jennifer? – perguntou David, enquanto a seguia para uma station volvo
azul. – tens algum mapa?
-tenho. Para onde vamos?
-para um sitio chamado ilha
anderson.
-porque David? – abriu-lhe a
porta.
-eu conto-te no caminho –
retorquiu ele, entrando no carro.
Mais tarde, já fora da
cidade, David tentou explicar a jennifer o que acontecera.
-eu estava errada, há?
Afinal eles sempre descobriram que andávamos a mexer com aquele programa de
jogos. Mas não foi de propósito, David. Eu sei! Vou dizer-lhes!
-obrigado jennifer, mas já e
tarde de mais. Eles não sabem nada de ti, e e assim que eu quero que as coisas
continuem. – o carro seguia o seu caminho através dos campos, em direccao a
ilha anderson, situada para alem da costa.
-não lhes disseste que fui
eu quem teve a ideia de bombardear las vegas? Obrigada davi.
-se lhes dissesse,
apanhar-te-iam, não era?
-mas tu fugiste-lhes.
-tal como disse, consegui
escapar-me. Céus, se eu fosse mesmo um espião russo, eles estariam metidos num
lindo sarilho – disse David, exasperado.
-tu… um espião russo!
Deixa-me rir.
-não estou a brincar. Aquele
mckittrick de quem te falei esta convencidíssimo de que eu trabalhop para os
comunistas. O que ele não quer e admitir que as suas maquinas baralharam tudo.
-bem, mas continua. Por que
vamos para a ilha anderson? – perguntou jennifer.
-quando estava no gabinete
de mckittrick, este foi chamado e eu tive oportunidader de trabalhar com o seu
computador.
-e ele deixou-te la sozinho!
-deve ter sido uma emergência…
bom, mas falei com joshua outra vez. Sabes, e engraçado. Se não tivesse
atendido o telefonema, tudo estaria bem… quando joshua me ligou outra vez.
-por que atendeste, David?
-pensei que eras tu.
-quer dizer que montes de
outras raparigas não tem o teu numero secreto de telfone? – indagou ela com um
sorriso nos olhos.
-quer, jennifer. So tu o
tens.
-e joshua.
-e joshua, que me disse que
falken não morreu, e que me deu um endereço na ilha anderson! Antes de te
telefonar, tentei ligar para o nome que ele usa agora: robert hume. Mas não se
encontyrava na lista.
O resto já tu sabes.
-entao, por que razão dizia
o obituário que ele morreu? – quis jennifer saber.
-acho que era camuflagem.
Sim, uma camuflagem muito útil. Falken
deixou de trabalhar. E quando cientistas brilhantes como ele querem ir-se
embora, e sabem demasiado, são-lhes fornecidas novas identidades. De qualquer
modo, e o que joshua diz.
-sim, mas com certe4za que
os militares sabem o que se passa. O sistema e deles.
-o problema e exactamente esse.
Eles desconhecem a existência de joshua. Falken, claro, sabe dela. E e o único
que percebe o que pode para jogar… mas tentar a sério. Acreditas em mim,
jennifer?
-sim… a loucura e tanta, que
não posso deixar de acreditar nela. Mas por que razão não podes dizer a joshua
que, se der inicio a uma guerra, milhões de pessoas morrerão?
-joshua não esta programado
para se preocupar com pormenores.
-mas dizes que esta
programado para aprender!
-joshua e so uma maquina…
uma maquina cheia de jogos de guerra. E o seu maior desxejo neste momento e
transformar esses jogos de guerra em realidade.
-portanto, pensas que a
única pessoa que pode para-lo e o seu pai…
stephen falken.
-quem sabe… ate talvez já
tenham conseguido para-lo. Mas e enlouquecedor pensar que aqueles idiotas não
me dão ouvidos. Nbao percebem o que as suas próprias maquinas lhes podem fazer.
São tão preconceituosos que estão prontos a acreditar quea culpa e dos russos. E quase como se quisessem
que fossem os russos. E de doidos!
-profecias auto-satisfatorias.
Demos isso em psicologia.
-exactamente – retorquiu
davi. – e sabes, jennifer, tudo isto faz uma pessoa pensar na maneira como o
mundo e governado. Ambos crescemos aceitando a ideia de que alguns países, que
se odeiam mutuamnete, tem o poder de tudo destruírem. E não me parece que
compreendamos claramente o que isso quer dizer. Mas digo-te, tenho pensado
muito nisso ultimamente.
-esta bem, mas temos de nos
proteger. A rússia quer dominar o mundo!
-isso e o que nos ensinam.
Claro que a rússia também esta a lidar com o único pais suficientemente louco
para lançar bombas nucleares em cima das pessoas… duas vezes. Hiroxima e
nagasaqui.
-nunca tinha pensado nisso.
-tens então as duas maiores
potencias mundiais, que se temem loucamente, cada uma com capacidade de
destruir a outra… e quase todo o mundo… mais de doze vezes. E há também outros
países com armamento nuclear… e como um barril de pólvora, cujo rastilho eu
acendi.
-mas tu não sabias, David.
Não devias culpar-te por isso.
-não? Ate onde vai a minha responsabilidade?
-o rastilho estava la, a
espera que alguém o acendesse. Antes tu que um espião russo a sério!
-isso não me tira nenhuma
responsabilidade de cima dos ombros, jennifer. Fui eu qeum pos isto tudo em
movimento, e sou eu quem deve ajudar a para-lo. Portei-me como um merdas que
pos as mãos onde não devia.
-eu não te acho nenhum
merdas, David. Gosto de ti.
David sorriu docemente.
A tarde já a longa quando,
finalmente, chegaram.
A ilha anderson era a maior
de um grupo de ilhas cobertas de arvores, situadas mesmo ao largo da costa do
oregao; o seu tamanho justificava a existência de um ferry.boat.
Jennifer preferiu deixar o
carro na doca, pois não tinha muito dinheiro, e era mais barato atravessar ao
outro lado, fosse de que maneira fosse.
Quase perderam o ultimo
barco; so as suplicas de jennifer convenceram o capitão a esperar por eles.
Devo-te mais um favor,
pensou David lightman. Teria mesmo de convidar a rapariga para jantar.
Foram para junto da amurada.
Gaivotas mergulhavam e pairavam. No ar espalhava-se um forte cheiro a mar. o
sol afundava-se no horizonte.
-sabes – disse David passado
um bocado - , não e apenas um jogo.
-há? – perguntou jennifer. –
que disseste?
David abanou a cabeça.
-nada.
Quando o barco atracou,
David e jennifer correram para a ilha a frente dos carros e das outras pessoas.
O encanto feminino de
jennifer conseguira arrancar direccoes ao carrancudo capitão do ferru-boat.
-subam a rua woodland –
dissera, coçando a barba emaranhada. – a rua tall cedar, umc amino estreito de
terra batida, fica ai a setecentos metros.
Calcorrearam os bosques,
ladeados por uma vegetacao espessa que so ocasionalmente deixava entrever
reflexos de agua. O ar, puro e fresco, cheirava bem. Era um sitio lindo. David
desejou estar la com jennifer por razoes que não as de localizar o desaparecido
stepehn falken.
E se estivessem na pista
errada? E se falken tivesse mesmo morrido, devendo-se o engano a uma informacao
defeituosa contida nos bancos de memoria da maquina? Bem, pelo menos ainda
disporia de algum tempo para passar com jennifer naquela ilha tão bonita.
-e ali – disse jennifer
apontando para uma tabuleta velha e inclinada. – rua tall cedar.
-anda. Parece-me que agora
temos de virar para o lado do mar. – mais animado, David estugou o passo.
Apos caminharem mais
setecentos metros, chegaram a uma vedacao altíssima que rodeava uma grande área
de propriedade a beira-mar. a entrada via-se uma caixa de correio envelhecida
pelo tempo, com o nome «dr. Hume» escirto.
-e aqui! – entusiasmou-se
David.
-bestial! Mas como e que
entramos? – quis jennifer saber. Apontou para um grande cadeado que fechava o
portão. – não há por aqui nenhuma fechadura automática.
David inspeccionou o
cadeado. Nada a fazer. Também não havia sinais de qualquer tipo de campainha.
-faz favor! – gritou.
Nenhuma resposta.
-anda, jennifer. Passemos a
parte que da para o mar, e talvez consigamos entrar pelo outro lado.
-não sei. Aquilo la parece
um lugar tão deprimente!
-faz de conta que sou o sr.
Depressões e condenacoes.
Ela não riu, limitando-se a
segui-lo.
-ainda bem que tenho umas
jeans vestidas – comentou, quando se viu no meio de roseiras-bravas. – so e
pena que sejam as minhas melhores calvin klein.
-brooke shields nunca te
perdora – replicou David, arrancando os espinhos. – no entanto, vou interceder
por ti.
-es muito amável – retorquiu
ela. Continuaram a progredir ruidosamente. – David, não a achas mesmo bonita,
pois não?
-há?
-brooke shields.
-raios, não. Alem disso, ela
nem sequer deve conseguir fazer dez mil ao pac-man.
-eu consigo.
-e por isso que sou tão
doido por ti jennifer.
Ela soltou uma gargalhada.
E continuaram sileciosamente
ao longo de um canal seco, que lhes permitia desceram a encosta com mais
facilidade. E melhor que ficarmos todos arranhados por agulhas de pinheiro,
epnsou David. O cheiro a madressilvas
impregnava docemente o ar. Um tordo agitou-se por entre folhas de
carvalho e, numa explosão de castanho e vermelho, elevou-se no ar. Os passos
deles levantavam cascalho que matraqueava pelas partes mais íngremes do cnal
para a gua por onde desciam.
Jennifer desequilibrou-se
uma vez, mas conseguiu agarrar-se a raízes retorcidas de carvalho, expostas
pela erosão.
-oh, olha, David! Morangos!
-sim, também tenho fome –
murmurou David. – devíamos ter pensado em trazer alguma coisa para comcer. Foi
pena estarmos com tanta pressa quando apanhamos o barco. Nem tivemos tempo de
comprar nada.
-talvez o dr. Falken nos
ofereça algo para comer.
-sim, se o encontrarmos!
Dali a pouco começaram a
ouvir o ruído da rebentacao das ondas. O cheiro a maresia impregnava o ar, e a
floresta foi-se tornando menos densa. David ajudou jennifer a sair do canal e
ambos continuaram a descer ao lado da vedacao enferrujada. Esta começava a
desfazer-se num sitio em que os postes e a rede de metal se encontravam com um
monte de rochas. A floresta acabava ai. Entre maré vazia e a orla da floresta
estendia-se uma acumulacao de rochas que ladeava charcos de lama. Quais
espelhinhos semeados na vastidão castanha, pequenos poços de agua que
sobrenadava a lama reflectiam os últimos raios de sol.
-e aqui que a propriedade
começa – apontou davi. – agora temos de subir por aqui. – deu um passo para
baixo. Ao descer da rocha, os seus pés esparrinharam a lama.
-ui! – disse jennifer.
-não e fundo. Depois
ofereço-te uns sapatos novos. – David estendeu uma mão para a ajudar a descer.
-não faz mal – retorquiu
jennifer, saltando corajosamente para a lama. – era so um comentário. Eu
repito-o: ui!
Enquanto caminhavam para
terra seca, a lma pegava-se-lhes aos sapatos. O cheiro a sal e sargaço era
muito intenso. Os sapatos de ténis de David estavam encharcados. Sentia os pés
e os tornozelos frios.
Concentrada no sitio onde
punha os pés, jennifer seguia corajosamente a frente dele. Não havia duvida de
que ele era muito mais que a adolescente banal e bonita que David começara por
aperceber. Ao ver a brisa agitar e emaranhar-lhe o cabelo, sentiu bem dentro de
si algo de estranho e pouco familiar.
De repente, uma coisa
qualquer saiu do céu já escuro, em voo picado, e passou a poucos centímetros da
cabeça de jennifer. Uma gaivota?,
interrogou-se David. Não. E grandes de mais.
Ao encolher-se toda,
jennifer perdeu o equilíbrio e caiu na lama.
-jennifer! – gritou David.
Chocado e incrédulo, observou a figura da criatura que se movia contra a luz.
Credo, pensou David. Não
pode ser!
Asas consistentes como
couro, medindo uns bons dois metros de lado a lado, transportavam para o lato
um corpo reptilineo e duro e uma cabeça em forma de tesoura. Parecia um
pterossauro. Mas não podia ser, pois os pterossauros estavam extintosha mais de
sessenta milhões de anos.
Céus, pterossauros são
dinossauros! Que era isto? O mundo perdido?
Jennifer esbracejava na
lama. David foi ajuda-la a levantar-se. Com um dos lados empapado em lama,
estava mesmo uma lastima.
-anda. –ate David se
surpreendeu com a sua própria calma. – e melhor procurarmos abrigo.
Sem proferir palavra,
jennifer obedeceu. David pegou-lhe no braço e ambos começaram a subir
penosamente para terra seca.
A criatura baixou uma asa
ossuda, virou e voltou a planar pelo mesmo caminho. Abriu as asas rapidamente e
pos-se de frente para eles.
-baixa-te, jennifer – berrou
David, empurrando-a para a lama e levantando um braço para apanhar o
pterossauro. Falhou, atirou-se para cima de jennifer e empurrou-lhe o rosto
contra a lama.
O réptil voador ganhou
altura e, sempre aos ciruclos, voou para um monte de rochas.
-vai-se embora – disse
David, ajudando jennifer a por-se em pe.
-o que e? – perguntou
jennifer, com o branco dos olhos a contrastar com a lama que lhe cobria o
rosto. Embora vacilando um pouco, conseguiu levantar-se.
Os olhos de David não se
despegavam da criatura.
-um pter-qualquer coisa.
Pterodactilo, pteranodonte. Bom, pterossauro – murmurou , aliviado por o bicho
parecer ter-se desinteressado. – seja o que for, e…
os seus olhos pousaram no
cimo das rochas, onde se erguia uma figura solitária: um homem, com uma
caixinha na mão. A figura do réptil voador deslizou em direccao ao homem, que a
apanhou pelas garras. As assas dobraram-se; a criatura ficou quieta.
A relidade acabou por entrar
na cabeça de David.
-e so uma reproducao!
-há? – perguntou jennifer,
levantando o olhar para o homem que iniciava a descida.
-e comandado por aquele
homem! Anda jennifer. Vamos conversare com ele.
Dando umas mãos lamacentas,
caminharam pesadamente para a linha costeira. Quando la chegaram, um homem
vestido de escuro, preparado para chuva, segurando no pterossauro dobrado e na sua caixa de
controlo, saltou de uma rocha.
-saudacoes! – disse o homem,
virando para eles um rosto fino e delicado e mdindo-os friamente. – desculpem o
susto que eu e terry vos pregamos. Foi so uma brincadeira. – a pronuncia
inglesa fora-lhe apagada por anos de vida ianque e os maneirismos
emprestravam-lhe uma excentridade, um brilho, um evidente desrespeito por todas
as convencoes. Este tipo parece ter saído da série de teelvisao «os
vingadores», pensou David lightman. O homem deu umas palmadinhas na cabeça de
plástico do seu brinquedo. – imaginem que, em tempos, o céu esteve coberto
destes monstrozinhos.
-dr. Hume, creio? – indagou
jennifer dissimuladamente, limpando do rosto alguns pedaços de lama já secos.
-ah, vejo que leram a minha
caixa do correio. Esplêndido. – acariciou orgulhosamente a sua criacao. –
sabiam que os engenheiros aeronáuticos afirmam a pés juntos que os pterossauros
não podem ter sido voadores? Como vêem, voavam e bem. So ainda não consegui
resolver os problemas da descolagem e da aterragem. Mas se calhar eles
deixavam-se cair de panhascos altos, onde se penduravam como morcegos. – sorriu-lhes
de penhascos altos, onde se penduravam como morcegos. – sorriu-lhs
esperançadamente. – algum de vocês e paleontologista?
Pedi a deus que me mandasse
um paleontologista.
-lamento, mas não –
respondeu David.
-entao, andam
deliberadamente a invadir-me as terras? – inquiriu o homem, claramente
desapontado. – quer dizer, realmente.. esta propriedade e minha, e eu não vos
convidei para ca virem.
-o senhor e stephen falken,
não e? – perguntou jennifer, muito excitada. David, que estava convencido do mesmo, sentiu-se muito
desanimado quando viu o sorriso desaparecer da cara do homem e este girar nos
calcanhares e começar a afastar-se.
-ali há um caminho que leva
a um vedacao de rede – disse, apontando brusca e rudemente. – sigam a vedacao
ate chegarem a um portão. Abrm o portão e saiam da propriedade, e voltem a
fecha-lo com forca. E, se se despacharem talvez ainda consigam apanhar o
ferry-boat que sai as seis e meia. – o tom da sua voz era seco, talvez ate
maldoso.
-dr. Falken – pediu David.
Indo atrás dele. – preciso muito da sua ajuda.
-stephen falken não pode
valer-te, amigo. Tal como marley, stephen falken esta morto como o batente de
uma porta, e não e das suas intencoes andar a arrastar correntes ou fazer
aparicoes natalícias.
-doutor… - chamou David. –
estou aqui por causa do joshua.
O homem estacou. A sua
cabeça ergueu-se e ele deu meia volta, olhando os dois adolescentes com uma
expressão completamente diferente. O espanto estampava-se-lhe no rosto.
-o da batalha de jerico?
-não – retorquiu David,
avançando na sua direccao. – e também não me refiro ao seu filho que morreu.
Estou a falar do seu programa de computador.
-ah! – replicou o homem,
pensativamente. – meu deus, o estado em que vocês estão! Por acaso tenho duas
banheiras disponíveis, toalhas fofinhas e roupas lavadas que vos devem servir
perfeitamente. E, já agora, qualquer coisa para trincar, há? Sim, acho que e
melhor. – virando-se novamente, fez-lhes sinal para o seguirem. – e depois,
queridos, talvez não se importem de me explicar como e que dois miúdos como
vocês sabem da existência de um programa de computador tão secreto.
Jennifer sorriu. David
suspirou de alivio. E ambos seguiram o dr. Stephen flaken ate casa.
A uma distancia segura das
consolas, o analista de radar adler deixou cair duas alka-seltzers para dentro
de um copo de agua. O estômago resmungou-lhe de descontentamento.
Mesmo quando os seus lábios
estavam prestes a tocar o liquido borbulhante, um sinal de alarme rasgou os
ares.
As suas entranhas pareceram
dar um duplo salto. Pousou outra vez o copo e correu para o radar.
-olhe para aquilo, adler –
disse jones, um dos seus assitentes.
No ecran viam-se dois pontos
atravessando lentamente o Alasca e dirigindo-se para os estados unidos.
-vejam se há avarias –
ordenou adler.
-já vi. Tudo em condicoes. Isto e
a sério. E as leituras indicam «DESCONHECIDOS». Não são nossos, adler.
Adler engoliu o medo que
sentia e falou para o posto de comando através do intercomunicador.
-o sinal de alarme. O radar
indica que dois objectos desconhecidos, repito, desconhecidos, estão a pentrar
a zona defensiva aérea do Alasca. O perfil de voo sugere bombardeiros
soviéticos. – não tinha a certeza, mas a necessidade de dizer alguma coisa
fizera-lhe sair aquelas palavras da boca.
No posto de comando, o general
berringer sentiu a adrenalina percorrer-lhe as veias. Virou-se para o coronel
conley:
-quero confirmacao visual.
Ponha alguns interceptadores em accao.
-já podem ver-se no painel,
general – informou o tenente dougherty, introduzindo mais algumas informacoes
na sua consola. – o trajecto que seguem vai faze-los sobrevoiar PAVE PAWS.
-se o destroem, ficaremos
sem poder detectar lançamentos de submarinos!
-que filhos dfa puta – disse
o general beringer, batendo no painel que tinha a frente. – eu bem sabia. Entremos
em defcon 2. e quero ser eu a falar com o comandante de voo!
O quadro passou quase
imediatamente de defcon 3 para defcon 2, mas os intercptadores a jacto f-15
ainda levaram algum tempo a descolar. No entanto, depresssa se detectaram duas
luzes, estas conhecidas, dirigindo-se para os pontos não identficados.
Sentado no cockpit, o
comndante de voo bill johnson observava o céu azul e o espaço, e as nuvens,
neve e montanhas que se estendiam a sua frente. Deu mais umas pancadinhas nos
controlos do radar e apareceram-lçhe as mesmas leituras.
-palacio de cristal – chamou
para dentro do capacete. – daqui delta foxtrot dois sete. Contacto de radar
negativo. Repito. Aviões soviéticos: negativos.
Uma voz forte troou no seu
ouvido. Teve de baixar o volume de som.
-dois sete, daqui brass hat.
Estão a sua frente. Esta quase em cima deles!
Bill johnson abanou a cabeça
e olhou outra vez. Estes tipos estão a ficar desaparfusadosd. Encolheo os
ombros e falou novamente ao seu transmissor de rádio:
-brass hat, não temos nada,
nem no radar, nem dentro de uma visibilidade de quarenta milhas. Calma total,
general. Apenas céu azul. No posto de comando via-se um general berringer de
rosto muito corado.
-raios partam isto! Estou a
ve-los nos ecrans! Se calhar, são invisíveis ou qualquer coisa assim. Devem…
o general berringer calou-se
a meio da frase. As duas luzes não identificadas desviaram-se subitamente para
oeste… e desapareceram.
-que diabo e isto? –
exclamou o general.
Dentro do wopr, joshua
continuava a trabalhar no seu plano da guerra mundial perfeita.
Os estados unidos ganhariam.
Afinal de contas, joshua era
um programa concebido para ganhar.
E tinha agora a sua
oportunidade.
Finalmente.
A casa do dr. Stepehen
falken era de estilo moderno e tinha muitos vidros e um aquecimento solar que
falken afirmou ter sido concebido por si próprio.
-mas, reparem, embora sendo
perfeitamente capaz, não fui eu quem o instalou – dissera-lhes ele, quando
atravessavam o relvado muito bem aparado da herdade. – sabem, quando
atravessavam o relvado muito bem do desemprego. Não acham assustador que as
estatísticas governamentais não tenham em conta os milhões de mortos
desempregados deste pais?
Alem da moderna, a casa era
bonita e estava impecavelmente limpa. Falken saltara de uma insignificância
para outra, recusando-se a tocar no assunto joshua ate os seus convidados terem
tomado duche, vestido roupas secas e provado a sua empada de rim e os seus
bifes.
Finalmente, disse:
Agora, se não se importam,
contem-me la como descobriram joshua. – ergue uma sobracenlha. – suponho que um
de vocês e programador de computadores. Sou inteligente, não sou?
Sentada ao lado de David,
jennifer envergava uma camisa vermelha de flanela, que lhe ficava larga, e
emanava um cheiro doce e feminino. Apontou para David.
-e ele.
-ah! E suponho também, sr.
Lightman, que es um dos entusiastas de computadores pessoais, conhecidos
coloquialmente neste maravilhoso pais de livre empreendimento como «metediços».
Isto e, enfias o nariz do teu computador onde ele não e chamado.
-pensam que ele e um espião
russo! – disse jennifer, olhando David com alguma malícia e um certo orgulho.
-andava so a procura da
protovisao. E dei com joshua.
-eu sei que vários macacos,
trabalhando esforçadamente, serão eventualmente capazes de produzir as obras
completas de Shakespeare, mas custa-me a acreditar que um jovem como tu desse,
sem mais nem menos, com a porta do cavalo do meu programa.
-nisso, eu ajudei-o –
confessou jennifer, em parte em defesa de David, e em parte reconhecendo-se
culpada. – isto e…
-se não te importas, sr.
Lightman, bebe um bom trago do teu café, e começa do principio.
David fez a sua narracao o
mais rápida e sucintamente possível. Enquanto escutava, falken enchia um
cachimbo de tabaco grosseiro cortado fino. Estavam sentados numa sala de jogos,
com uma lareira onde crepitava um bom fogo, e onde se viam mesas de
pingue-pongue e bilhar, muitas estantes cheias de livros e um telvisor.
Falken ia reagindo de varias
maneiras a historia qwue David lhe contava – ora soltava baforadas de fumo a
sherlock holmes, ora abanava a cabeça e se mexia ruidosamente no lugar que
ocupava no sofá, ora se deixava ficar a olhar o infinito, como se estivesse a
milhares de quilómetros de distancia.
-não quiseram dar-me
ouvidos! – rematou David. Há muito ersquecida, a sua chávena de cacau arrefecia
em cima do tampo de mármore da mesa do cafer. – e então, quando percebi que o
dr. Falken ainda estava vivo, não me deixaram falar com mckittrick. Portanto
tinha de falar consigo. O senhor e o único que pode convence-los de que e
joshua quem tenta dar inicio a terceira guerra mundial, e não os russos ou eu!
-pois, apesar de os teus
olhinhos brilhantes terem cintilado quando leram «guerra termonuclear» na lista
de jogos, há?
Jennifer tomou imediatamente
a defesa de David.
-não ouviu bem, pois não?
Ele… nos pensamos que era um jogo.
-e e, não e? ouvi muito bem.
– umc larao de malícia dançou-lhe nos olhos. –adorei a parte em que
bombardeaste las vegas, minhas querida. Um óptimo fim bíblico para tal sitio.
Um tom de surpresa perpassou
a voz de David:
-não vai telefonar-lhes e
explicar-lhes o que joshua esta a fazer?
-ele esta a fazer apenas o
lhe ensinaram, David. E não duvido de que, neste preciso momento, algum
computador russo esteja a fazer o mesmo.
Stephen falken levantou do
sofá o corpo leve e foi ate uma estante, onde deixou o dedo correr pelas
lombadas de vario livros.
-filhos, vejam a minha
coleccao do mais humano dos jogos: a guerra. Há muito tempo que o jogamos,
sabem. Foi o teu instinto que te fez ficar encantado com a ideia de jogar a
«guerra termonuclear global» com joshua, David lightman. Portanto, não te
atormentes mais, no fundo, todos somos bestas sanguinárias., e deliciamo-nos
com um tambor, e soltou uma risadinha. – mas, antes deste século, podíamos disputar
os nossos joguinhos de morte e continuar a nossa caminhada cega e trôpega em
direccao a luz da civilizacao. Mas ai! As tantas demos de caras com a energia
nuclear. E qual foi a primeira coisa em que pensamos? Em construir bombas,
naturalmente, em criar a maravilhosamente bizantina tecnologia que nos
permitisse lançar essas bombas produzir uma rede de maquinaria complexa, capaz
de controlar e funcionar como cérebro dessa gigantesca tecnologia. O
computador, meus queridos, não foi construído como resultante de um desejo da
espécie humana de ver uma bolinha amarela engolindo pontos colocados num
labirinto. O computador e, verdadeiramente, o filho da guerra. E, como disse
wordsworth, a criança e o pai da humanidade.
-há? Perguntou jennifer.
-e eu sou o pai de joshua –
continuou falken. – sabem, também eu tive a minha obsessão cega, eu, um
cavalheiro, como al Einstein, que, com uma mente quase desarranjada pelo
fascínio, e génio para a matemática, foi o primeiro a reparar que o urânio e o
plutónio eram capazes de produzir um coice dos grandes. Talvez isto se deva a
um enorme desejo de morte, profundamente enterrado na consciência colectiva de
todos nos.
-tudo o que tem a fazer –
disse David – e telefonar-lhes.
Falken enfiou as maso nos
bolsos e lançou a David um sorriso desesperado.
-oucam, filhos. Há muito
tempo viveu uma maginifica raça de animais, que dominou o mundo era apos era.
Rodou nos calcanhares e foi
buscar uma fita gravada vhs, que introduziu num sony, popusado em cima da
consola do rc.. o ecran começou a ser atravessado por varias representacoes
clássicas de dinossauros, que iam de imagens de filmes normais a desenhos
animados.
Via-se também king kong
matando o tiranossauro, ao som da majestosa composicao o mundo perdidod, de
stokowski, da película fantasia.
Depois de observar o ecran
por alguns instantes, falken virou-se para os seus hospedes:
-corriam e nadavam, lutavam
e voavam. De repente, há relativamente pouco tempo, desapareceram. A natureza
desistira e resolvera começar tudo de novo. Nessa altura, ainda nem sequer
éramos macacos. Não passávamos de roedores e espertosd que se escondiam entre
as rochas. E quando nos desapareceremos, a natureza recomeçara novamente…
talvez com as abelhas. – voltou a dirigir-se ao sofá, sentou-se, e pegou no cachimbo.
–vês, David, a natureza sabe quando há-de desistir.
-o senhor esta a dizer que
desiste? – indagou David. – porque?
-e engraçado – continuou
falken. – a questão era descobrir uma maneira de fazer a guerra nuclear sem
realmente nos destruirmos a nos próprios… deixar as maquinas aprender com erros
que não podíamos dar-nos ao luxo de cometer. Nunca consegui que joshua
aprendesse a licao mais importante.
-qual era ela? – inquiriu
David.
Falken fitou David bem nos
olhos.
-sabes quando se deve
desistir. Perceber que há um tempo em que não vale a pena tentar mais.
Jennifer, quando eras criança jogavas ao galo?
-claro – respondeu jennifer.
– toda a gente joga.
-mas agora já não jogas.
Porque?
-não sei. E chato… acaba
sempre empatado.
-a não ser que o teu oponente
cometa um erro estúpido, nunca podes ganhar. – falken reacendeu o cachimbo. –
joshua sempre foi doido por jogos, mas nunca aprendeu a licao. – e aquele
desmiolado mckittrick ligou-lhe a maquinaria toda! Sabem, damos demasiado valor
a nossa própria tecnologia. Mckittrick e umn exemplo disso.
-se achava isso, por que se
veio embora? – indagou David.
Como em meditacao. Falken
puxou algumas fumaças. Depois disse:
-ao principio refugiei-me na
insanidade da destruicao mutua. Num plano que garantisse a devastacao total,
tanto dos americanos como dos russos. Sem vitoria, nem vencedor, não haveria
razão para a guerra. Mas, com o aperfeiçoamento dos mísseis, chegou-se a
concepcao de «raides repentinos», com baixas civis da ordem dos dez milhões. –
a voz endureceu-lhe. – e, com ela, veio a desilusão; afinal, podiua haver uma
vitoria, um vencedor. A guerra nuclear tornou-se plausível, depois possível, e
agora, provável. Sentindo que o tempo era pouco, decidi abandonar a montanha
magica. Por razoes de segurança, foi-me amavelmente oferecida a minha morte, e
eu aceitei.
Cismático, falken lançou um
olhar ao televisor. Uma criatura imaginada por ray harryhausen movia-se através
de florestas primitivas.
-sabiam – disse falkjen
finalmente – que nenhum animal terrestre com mais de vinte quilos sobreviveu a
essa era?
-não – retorquiu David. –
nem me interessa. Telefone-lhes!
Falken ignorou
propositadamente as exigências de David.
-não se sabe bem o que
aconteceu. Talvez um grande asteróide tenha colididod com a terra, ou esta haja
sido envolvida pelas radiacoes de alguma supernova. Penso que a extincao faz
parte da ordem natural das coisas.
-que disparate! – exclamou
David levantando-se. – se formos extintos, o facto não e natural. E estúpido!
-não te preocupes – disse
falkjen, animando-se. – pensei em tudo.
Estamos a cinco quilómetros
de um alvo principal. Um milisegundo de luz brilhante, e vaporizar-nos-emos.
Poupados ao horror da sobrevivência, seremos muito mais afortunados que os
milhões que vaguearão cegamente por entre o fumo.
-não quer então fazer um
simples telefonema?
-se o verdadeiro joshua
ainda fosse vivo, tenho a certeza de que o faria! – afirmou jennifer.
Uma expressão melancólica
estampou-se no rosto de falken.
-podiamos ganhar alguns
anos, talvez ate tempo suficiente para vocês terem um filho. Mas os jogos de
guerra, o suicídio cuidadosamente planeado da espécie humana… - falken sorriu
tristemente. – sou importente contra isso.
David foi ate ao vcr e
desligou-o.
-não somos dinossauros, dr.
Falkjen. Temos algum poder de escolha. Olhe, reconheço que fui um idiota… um
verdadeiro idiota, ao insistir jogar com o seu programa. Aprendi a licao, acredite. Mas não desisti, dr. Falken.
Embora ninguém me desse ouvidos, não me deixei ficar sentado no meio daquela
montanha. Esta mesmo convencido de que e melhor do que mckittrick? Sabe, dr.
Falken, a futilidade também era o meu
problema. Sentia que a minha vida era fútil… e virei-me para os computadores
para lhe dar significado, objectivo… poder. Mas, compreendo-o agora, estava enganado.. tão enganado! E,
raios me partam, quero tentar remediar a situacao, e não deixar-me ficar
calmamente sentado, sentindo-me superior a tudo e a todos!
Falken pousou o cachimbo num
cinzeiro e consultou o relógio.
-perderam o ultimo barco – anunciou,
monocordicamente.
-não posso acreditar! –
exclamou David. – sabe uma coisa? Acho que a morte não significa nada para si,
porque o senhor já esta morto.
Falken levantou-sde e
afastou-se a passos largos.
-podem dormir no chão, se
quiserem.
-o senhor era o meu herói –
gritou-lhe David, com a voz tremendo de emocao. – mas agora sei que e apenas
como os outros todos! Esta num circulo vicioso, falken. Num maldito circulo
vicioso… e, falken… ouça, falken!
Falken parou a entrada da
porta, mas não se virou.
-nos não somos porgramas de
computador, falken! – martelou David violentamente. – somos seres humanos!
Falken saiu da sala e David
lightman sentiu-se invadido por um desespero como nunca sentira.
Os submarinos soviéticos
assinalados no mapa translúcido haviam-se aproximado mais das costas leste e
oeste dos estados unidos da américa. Defcon 2 continuava a imperar.
O pessoal de combate do
palácio de cristal monitorizava nervosamente a informacao estratégica, e o
general berringer, de telefone na mão, informava a casa branca do estado das
coisas.
-quarenta e oito submarinos
nucleares rodeiam os estados unidos a partir destes pontos – dizia ele. –
tropas soviéticas confluem para a Alemanha oriental. Todos os bombardeiros
deles estão alerta. Ah… sr. Presidente… acho que temos de tomar medidas
drásticas… eu sei que falou com adropov, que nega tudo… não sei bem o que se
passa, sr. Presidente… com certeza. Dir-lhe-emos alguma coisa quando obtivermos
mais informacoes.
Logo que pousou o auscultador, foi abordado por um
ajudante-de-capo que segurava um telex na mão.
-os serviços de informacao
comunicam haver rumores de um novo bombardeiro soviético, com capacidades ate
agora desconhecidas. Pode projectar imagens falsas de radar a seiscentas milhas
do verdadeiro avião.
-meu deus – exclamou
berringer. – temos andado atrás de fantasmas!
Sentou-se e esvaziou meia
garrafa pequena de perrier. Que dissera winston churchill dos russos?-uma
adivinha embrulhada num mistério, dentro de um enigma.»
No ano anterior, o filho
mostrara-lhe um artigo da revista the new yorker, escrito por um sujeito
chamado geoge f. kennan. Abordando os russos de um ponto de vista bastante
perspicaz, o autor demonstrava que estes se sentiam rodeados pelos estados
unidos e seus aliados. «prisioneiros de muitas circunstancias», denominara-os o
artigo. «prisioneiros do rígido sistema de poder que lhes deu a autoridade de
que desfrutam; mas prisioneiros, também, de certas peculiaridades de há muito
tempo arreigadas na politica russa.»
Kennan apontara também que
os russos tinham «…uma desconfiança, um medo de serem enganados ou superados,
um sentido exagerado do prestigio. E e tão extrema a sua interpretacao das
necessidades defesivas da rússia – tão extravagante e extensiva - , que o
próprio facto se torna uma ameaça para a segurança das outras nacoes.»
O artigo dera azo a uma
discussão entre berringer e o filho. O general gostaria que o seu garotelho de
miolo mole pudesse la estar naquele momento.
Os idiotas dos russos não
passavam de agitadores querendo provocar a guerra, de bárbaros traiçoeiros.
O general jack berringer
sentiu-se subitamente excitado com a ideia de que, realmente, tudo aquilo era
inevitável, e de que o confronto nuclear era o seu destino.
E deu graças a deus por
estar do lado da verdade e da justiça.
Isto para não falar do modo
de vida americano.
Uma rajada de vento soprou
contra as arvores, abanando ramos e folhas e envolvendo de um som uivante a
caminhada trôpega de David lightman através da escuridão. Jennifer mack seguia
atrás dele.
-não podemos ir mais
devagar? – perguntou ela. – isto não pode esperar ate amanha? O tapete de
falken parecia extremamente convidativo.
Uma lua quase cheia irrompeu
das nuvens e iluminou o caminho que descia a encosta arborizada ate uma rampa
rochosa íngreme. Algures, uma coruja piou.
-para acordarmos
vaporizados? – disse David. – na, na. Não e para o meu feitio. Vou lutar, tem
de haver mais alguma coisa que eu possa fazer.
-estou tão cansada, David.
Talvez falken tenha razão, talvez não valha uma vida que David ainda não vivera
completamente, uma vida que não queria recusar a milhões de outras pessoas.
-anda – encorajou-a David. –
havemos de encontrar um barco.
-enquanto desciam as rochas,
oos seus olhos procuravam ansiosamnete.
-tem de haver um barco.
Foram agitados por uma
rabanada de vento, cheia de mar e noite. A maré subia ao som da sinfonia eterna
da rebentacao das ondas, cujas cristas brilhavam a lua da lua. Ignorando o
frio, David caminhou tropegamente ao longo da praia, o olhar desesperado
varrendo o mar escuro, procurando um barco.
Zangado e frustado, desistiu
apos uma busca de alguns minutos.
-mas que espécie de idiota
vive numa ilha e nem sequer possui um barco? – gritou para o céu. Indiferentes
e remotas, estrelas piscavam por entre nesgas abertas nas nuvens.
Jennifer tentou avaliar a
extensão de agua.
-e se fossemos a nado? Achas
que e muito?
-duas, três milhas no
mínimo, ou mais.
Os olhos de jennifer
brilharam a luz da lua.
-não e muito. Vamos! –
descalçou os sapatos e começou a caminhar em direccao a agua.
David puxou-lhe a camisola.
-há… jennifer… eu… -ela
virou-se e fitou-o. – não sei nadar – acabou por reconhecer.
Jennifer olhou-o
incredulamente.
-não sabes nadar?
-pensas que es a
supermulher, ou que? – indagou David na defensiva.
-mas que espécie de idiota
cresce em Seattle e nem sequer sabe nadar?
Nunca me deu para ai,
pronto. Sempre achei que mais tarde havia de ter tempo para aprender.
Afastou-se, amargamente.
Estava tudo a correr mal! Não era ssim que acontecia nos filmes. Apesar de todo
o esforço, demasiadas coisas se viravam contra si. Não fiz ainda o suficiente?
Não paguei já o preço do meu erro?
Os sons da noite, a
rebentacao das ondas, respondiam-lhe em murmúrios incompreensíveis.
Sentiu uma mão pousar-lhe no
ombro: jennifer.
-eu… desculpa – disse ela,
docemente.
-oh, jennifer, tu sabes que
era so um jogo… eu jamais faria algo… que prejudicasse alguém. – profundamente
infeliz, tapou o rosto com as mãos e deixou-se cair numa rocha.
Jennifer sentou-se a seu
lado.
-eu sei David… tu salvaste herman,
enquanto nos todos nos deixamos ficar a ver.
-salvador de um hamster,
destruidor do mundo!
-não digas isso… não foste
tu que construíste a maquina, foi falken. Nem foste tu que fizeste o mundo
assim. Foram pessoas como mckittrick, reagan, andropov, Hitler. Que e o circulo
vicioso de um programa, David? – perguntou, esfregando-lhe suavemente as
costas. – desculpa, mas não percebo muito de computadores.
David olhou para o outro
lado do canal, banhado pelo luar.
-bem, um programa de computador e como… como uam receita,
sabes?
-como um bolo de chocolate?
– jennifer parecia achar aquilo divertidíssimo.
-sim, mas em matemática, um
algoritmo.
-acho que percebo mais de
bolos de chocolate…
-o.k. imagina que tens uma
maquina capaz de fazer um bolo…
um robot…. Mas so pode fazer aquilo que to
ordenares. Escreves então as instrucoes na ordem correcta: partir os ovos,
adicionar, o leite e a farinha, misturar tudo. E programas o cozinheiro
mecânico par ao fazer. Ora, supõe que há um determinado passo da receita que e
preciso repetir… então, as instrucoes do robot seriam voltar ao procedimento
numero oito da receita, e repeti-lo. Se não lhe das ordens para contnuar
depois, o robot ficara continuamente a repetir, isto e, a partir ovos,
adicionar leite e farinha, a misturar uma e outra vez… e nunca chegara a ligar
o forno para cozer o bolo. E o melhor exemplo que me ocorre neste momento.
Imagina o pobre robot adicionando e misturando continuamente, numa cozinha
juncada de massa. E isto um circulo vicioso, jennifer.
-estou a ver! E como uma
neurose!
-há?
-como quando, embora sabendo
que fechei a porta de casa, volto parta trás para confirmas, pois seis que as
vezes me esqueço de o fazer.
Um circulo vicioso do
comportamento!
-não sei bem…
-o que disseste de falken… e
como ops outros todos. Andam em círculos, como o cozinheiro robot.
-sim, e como joshua faz
aquilo para que o programaram, mas fa-lo num circulo vicioso interminável.
Joshua não aprendeu o que significa a guerra e o papel que nela desemepenha.
Mas eu aprendi – concluiu sombriamente.
-portanto, o que dizes e que
toda a gente tem esses círculos viciosos do comportamento, e que, se parasse de
partir ovos e adicionar leite, podia prosseguir com a confeccao do bolo.
-sim, especialmente se os
ovos, leite e farinha são susceptíveis de fazer explodir o mundo inteiro!
Calaram-se por alguns
instantes. Depois, David disse:
-quem me dera não saber nada
disto! Quem me dera ser como as outras pessoas! E amanha… pronto… acabaria
tudo. – suspirou. – amanha não haveria tempo para me sentir triste ou culpado.
– olhou a agua que se estendia a sua frente. – bolas! Eu queria aprender a
nadar. Juro por deus que queria.
Jennifer encostou a cabeça
ao seu ombro.
-na semana que vem… -
começou. – na semana que vem ia aparecer na tv.
-estas a gozar!
-naquele espectáculo de
aerobica, a tarde, com mais algumas das raparigas que andam comigo. Mas acho
que e estúpido pensar nisso… ninguém veria, de qualquer modo.
-eu veria – disse David,
convictamente.
Ela sorriu. Olhando-a nos
olhos, David viu que estes reflectiam o luar. Nunca na fizera coisa mais
bonita. Sentiu-se atravessado por um calor, uma picada suave que depressa o
arrebatou. Deu por is perdido na beleza dela.
-não quero morrer –
murmurou. Os lábios de jennifer colaram-se aos seus, e David pensou que jamais
algo lhe parecera tão certo. A frescura, cheiro, suavidade, ansiedade de
jennifer, penetraram-no profundamente, explorando áreas de si que ele nunca
sonhara possuir.
Quando fizeram uma pausa
para respirar, David disse:
-es a primeira rapariga que
eu beijo, jennifer.
Ela respondeu, não por
palavras, mas com um sorriso e um puxão. Ele fundiu-se nela no chão, e o mar e
as estrelas deixaram de existir. O universo focou-se no cabelo, corpo, e o mar
e as estrelas deixaram de existir. O universo focou-se no cabelo, corpo e boca
quente de jennifer.
Um universo que não sabia
nada de computadores ou programas, mísseis ou bombas… que so conhecia a vida e
a beleza.
As estrelas voltaram a
acender-se. O mar fez-se ouvir.
Correndo ao longo da linha
de costa rochosa, sentindo-se ainda imbuído do cheiro e do abraço de jennifer,
David lightman sentia uma paz e uma resolucao que nunca conhecera antes.
Jennifer seguia-o.
-tem de haver alguma coisa!
– disse David, repetindo-se.
-montes de agua, pelo menos!
David escvalou um amontoado
de rochas. Salpicos borrifavam-no todo.
-ei! – gritou. – aqui.
Parece um barco!
A superfície da agua
distinguiam-se os contornos da proa de um barco a remos, atado pró uma corda a
uma estaca espetada na praia.
David precipitou-se na sua
direccao e começou a puxa-lo. Jennifer correu a ajuda-lo. Juntos, conseguiram
trazer o pequeno bote para terra.
Estavam tão absorvidos no
que faziam que nem ouviram o tchu-tchup do helicopetero que se aproximava.
Jennifer perscrutou o fundo
do barco.
-david, esta cheio de agua!
-ceus, espero que se tenha
so virado, e que não haja buracos. – David olhou em volta, procurando alguma
solucao. Descortinou um monte de lixo. Haveria algum balde no meio daquela
salgalhada? Valia a pena procurar.
Quando começou a revolver as
cordas feitas em bocados, redes, e pedaços de madeira, ouviu o helicopetro, mas
não lhe reconheceu o som.
-que e aquilo?
-que e o que? – respondeu
jennifer. – so ouço o assobio do vento.
David encolheu os ombros e
voltou ao trabalho. Jennifer juntou-se-lhe.
-ei! – exclamou David. –
talvez possamos usar isto. Ajuda-me a puxar…
emergindo das copas das
arvores, o trovão ouviu-se mesmo por cima deles. Volteando no ar, um raio de
luz varreu a escuridão.
Ambos estacaram. Quando a
luz os descobriu, o helicopetro, de rotores piscando, picou direito a eles.
-vamos sair daqui! – gritou
David, agarrando jennifer pelo braço e puxando-a atrás de si. Correram
tropegamente por cima dos seixos e de pedaços de madeira flutuante.
O veiculo aéreo perseguiu-os,
qual insecto gigante enfurecido.
David tropeçou e caiu na
areia molhada, arrastando jennifer na sua queda. Levantando uma enorme nuvem de
areia, a maquina inclinou-se.
David estava tão furioso que
quase chorava.
-o filho da mãe
denunciou-nos!
O helicopetro deu meia
volta.
-esta a voltar para trás! –
berrou jennifer.
Que iria fazer-lhes? David
pos-se desesperadamente em pe.
Enquanto David ajudava
jennifer a levantar-se, o helicopetro parou, pairando no ar um momento. Depois
deslizou lenta e sinistramente em direccao a eles.
E, levantando mais areia,
aterrou com suavidade.
-ora, ora – chegou-lhes uma
voz do cockpit. Uma luz interior iluminou o rosto do dr. Stepehn falken. –
apetece-vos um joguinho bastante exótico de vida e de morte? Creio que agora e
a nossa vez.
David virou-se para
jennifer.
-ele telefonou.
Jennifer lançou um grito de
conterntamento e ambos correram para o helicopetro. Falken ajudou-os a entrar.
-um ultimo voo, antes de me
atirar as minhas engenhocas, vem mesmo a calhar. – falken sorriu.
-que disseram eles? –
perguntou David. Os rotores ganharam velocidade.
-oh, ficaram muito
surpreendidos ao ouvirem-me, e encantados com a ideia de poderem apanhar-te de
novo, mas pareciam terrivelmente preocupados com outras coisas! Tentei
dizer-lhes o que se passava, mas aqueles queridos não acreditaram em mim. Mckittrick
também não. Portanto, parece-me que vamos ter de fazer uma vistinha.
-o.k.! – David agarrou-se
aquele pedacinho de esperança e apertou a mão de jennifer. O helicopetro
descolou da ilha e rumou para leste.
CAPITULO X
Quais sentinelas de guerra e
de paz, os mais importantes satélites americanos de alarme de ataque de mísseis
do programa de apoio a defesa (dsp), pairam a uma altitude de vinte e duas
milhas. As suas orbitas são síncronas – deslocam-se segundo orbitas
equatoriasis fixas, mantendo sempre a mesma posicao relativa. Um satélite
colocado no hemisfério oriental vigia os lacamentos feitos de território
soviético e chinês, e dois situados no ociedental detectam slbm dos oceanos
atlântico e pacifico. Estes produtos da tecnologia cumprem as suas funcoes de
dez em dez segundos, procurando os denunciadores sinais infra-vermelhos dos
rastos dos foguetões que impelem os mísseis. Dispondo das informacoes destes
satélites, os computadores de terra podem então traçar a direccao geral do voo
dos mísseis.
Funcionando em simultâneo
com este sistema, as estacões de radar do sistema de alarme de mísseis
balísticos (bmews), situadas em Inglaterra, no Alasca e na gronelândia,
detectam icbm e calculam pontos de impacte. As estacões de radar pave paws, nas
costas leste e oeste dos estados unidos, vigiam mísseis balísticos lançados por
submarinos.
Os satélites dsp dão o
alerta de um ataque icbm vinte e cinco minutos antes do impacte, e sete a dez
minutos antes, se este for slbm.
No palácio de cristal, bem
no fundo do coracao da montanha cheyenne, no colorado, uma sirena fez-se ouvir,
despedaçando o silencio tenso dos técnicos.
-detectamos um lançamento –
disse pelo altifalante uma voz incorpórea – detectamos um lançamento!
Um mapoa da união soviética
apareceu rapidamente num dos alinhamnetos de ecrans. Vários mísseis sobrevoavam
território russo.
O andar de combate entrou
imediatamente numa actividade frenética.
-o bmews confirmou um ataque
em forca – anunciou uma voz.
Uma outra voz
sobrepôs-se-lhe:
-alerta de mísseis. Não há
avarias.
-tudo funciona
perfeitamente. Repito: tudo funciona perfeitamente! – disse alguém.
-negativo – comunicou outra
voz. – isto não e um exercício, cobra dane.
Sentindo-se completamente
impotente, john mckittrick, de pe no posto de comando, observava o desenrolar
dos acontecimentos.
Embora fosse manhãzinha, um
crepúsculo eterno reinava no palácio de cristal. Mckittrick ficara a pe quase
toda a noite, trabalhando nas maquinas com berringer. Bem no seu interior, o
medo começava a substituir elntamente o desespero.
Apesar da falta de sono, o
general berringer continuava resolutamente ao comando.
-meu general, o dsp detectou
trezentos icbm – informou o capitão newt.
Berringer fitou o mapa soviético
com um conformismo sinistro, mas cínico. Depois lançou a mckittrick um olhar
facilmente comparável a mísseis de varias megatoneladas.
-diga-me que se trata de
mais uma das suas simulacoes! – gritou ao especialista de computadores.
Mckittrick estremeceu e
abanou a cabeça com ar cansado.
-quem em dera poder
dizer-lhe, jack…
berringer virou-se para o
cornel conley, sentado no posto das comunicacoes.
-e melhor por os
bombardeiros no ar e preparar os submarinos.
Entremos em defcon 1. agora.
Mckittrick levantou o olhar
para o quadro, estivesse ali perto, não pensava nela naquele momento.
Vieram-lhe a ideia randy a allen, estudantes liceais, nessa altura
provavelmente apressando-se a saltar da cama para apanharem os autocarros a horas, e recordou também elinor, preparando
papas de aveia ou mexendo ovos e arranjando farnéis.
Sentiu-se atravessado por
uma dor lacinante.
Tentou fazer que o seu
profissionalismo afastasse o medo,m o luto antecipado, a impotência… mas nem
isso deu resultado. Vinha-lhe continuamnete a ideia a sua imagem e a dos filhos
sentados na sala, a ver televisão. Nada de especial – so uma recordacao de
tranquilidade, de felicidade calma, so uma onda de satisfacao que o invadia…
algo de estranho numa vida geralmente tão cheia de insatisfacoes. Fora por se
sentir insatisfeito com a mulher que se atirara para os braços de outra. A
insatisfacao com a própria vida incitara-o a procurar o poder – por meio das
suas maquinas imaginara conseguir construir um mundo onde fosse rei e magico.
E mísseis vindos de outra
terra vinham nesse momento a caminho, e iam esmagar-lhe os sonhos, impedir-lhe
a mais pequena das satisfacoes, e dar inicio as reaccoes em cadeia que os
destruiriam a todos.
John mckittrick agitou-se e
tentou controlar a respiracao. O dever, pensou. Devo concentrar-me no meu
dever.
Aproximou-se da parte de
trás do terminal do wopr, operado pelo major lem, de crânio brilhando a luz
fosforecente e rosto molhado de suor. Pairava no ar um odor a transpiracao e a
right guard. O major olhava fixamente o ecran do terminal e cerrava os punhos.
-entao que temos, major? –
perguntou berringer.
-so um instante, meu
general. Já introduzi as perguntas – respondeu o major lem, fitando
resolutamente o ecran. Mckittrick reparou nos restos de um copo de plástico
estragado, atirado para as rodas da cadeira do major. – ca esta. So um momento.
O cursor deixou um rasto de
letras brancas no ecran verde. Impedindo que os estremecimentos do rosto e do
pescoço se lhe manifestassem na voz, o major lem leu:
-perfil incial do ataque:
assalto soviético em
forca. Perdas previstas: de oitenta e cinco a noventa e cinco
por cento das nossas forcas estratégicas terrestres.
Vivendo uma dor obvia; o
general berringer fechou os olhos.
-que recomenda o wopr,
major? – perguntou secamente.
Um mapa da união soviética,
com vários x assinalados, apareceu num ecran maior do painel das operacoes de
guerra.
Lem carregou num botão e as
leituras anteriores apagaram-se, sendo rapidamente substituídas por outras
letras.
-ataque de repressalia, concentrado
em alvos inimigos de comando, estratégicos e industriais – comunicou lem.
-e preciso uma maquina para
me dizer isso?
Mckittrick reparou que o
cvoronel conley, nas comunicacoes, fazia rodar a sua cadeira. Esta chiou.
-meu general, o presidente
esta a caminho de andrews, para se juntar ao comando aéreo. Temos de lhe dar
uma opcao de lacanemtno. – os olhos do cornel conley estavam muito abertos,
injectados de sangue e nervosos.
-ele tem estado em contacto
com o primeiro-ministro?
-tem, meu general – respondeu
conley. – os russos continuam a negar tudo.
Berringer olhou para
mckittrick, que sentiu por ele uma onda de compaixão. Ali estava ele numa
posicao de tanta importância – uma posicao pela qual lutara tanto durante
décadas de serviço militar - , general berringer mostrava que este preferiria
estar noutro lugar qualquer. De repente dava a sensacao de ser um homem muito
mais velho.
Uma voz troou ao pa:
-não se verificaram ainda
disparos de submarinos… vigilância constante.
Mckittrick observou
berringer olhando desesperadamente para o grande painel, parta os mísseis que
se aproximavam do seu pais, para os submarinos que, grávida de morte, se iam
alinhando ao longo da costa.
-entremos em posicao de
lançamento – ordenou. – selem a montanha.
David lightman experimentara
um leve enjoo durante o voo irregular do avião da forca aérea que o trouxera do
oregao. Mas naqule momento, sentado na parte de trás do jipe que trepidava
velozmente em direccao sentados no banco de trás, e falken, de muito bom humor,
ocupava o lugar do sargento jim travis, o motorista.
O vento agitava a cobertura
de lona do jipe, que atravessava pradarias íngremes. A sua frente erguiam-se
escuros e escarpados picos cobertos de neve.
-majestoso! – gritou falken,
exuberantemente. – o meu refugio na ilha fez-me esquecer as belezas das
montanhas rochosas. Orgulhosos, bonitas e virtualmente inabitáveis!
-eu sou da luisiana – disse
travis. – percebo muito bem o que quer dizer. – jim travis era um homem magro,
de cabelo curto. Os olhos brilhavam-lhe de entusiasmo de cada vez que metia uma
mudança, coisa que, de resto, fazia de mais para o gosto de David.
-não sei como consegue
admirar o cenário numa altura destas – comentou jennifer, espreitando por sobre
o ombro de travis, como se quisesse ver quando chegariam.
-tenho o acelerador a fundo
– replicou travis em voz arrastada. – estamos a andar o mais depressa que
podemos.
-gracas a deus, esta um dia
bonito – murmurou David.
-oh, sim – retorquiu falken.
– ate já estou a ouvir o querido presidente a acabar a sua conversinha pela
linha quente com andropov… «então, bom dia, primeiro- ministro.»
falken mostrara-se assim
durante toda a viagem – alegre, bem disposto, cheio de piadas.
-meu caro amigo – dissera a
David. – isto não e mais que a marca pura e simples do meu pânico. – mas ate
estas palavras haviam sido ditas com um sorriso irónico.
-chegamos! – anunciou
jennifer, apontando para o complexo de edifícios e parques de estacionamento
que tinham a frente. – chegamos!
David espreitou por cima do
ombro de falken. Através do parabrisas, viu o jipe rodear a borda do passeio.
Um camião da forca aérea começou a andar, abrnadou e barrou-lhes o caminho.
David viu sinais de actividade do outro lado do camião: veículos movendo-se,
tropas correndo, pedestres dispersando.
Um militar de bigode abriu a
porta do camião, saltou par ao chão e, acenando freneticamente, correu para
eles.
-ei! Voltem para trás. Todos
para a área de abrigo quatro – berrou, apontando. – parece que se passa para ai
qualquer coisa de esquisito!
Travis saiu do jipe.
-estes homens tem prioridade
abosluta. Vou leva-los ao comando norad.
-nem pensar, sargento –
replicou o homem, abanado a cabeça. – há
barricadas na estrada principal e a montanha vai ser selada.
David esquecera há muito o
enjoo. Viu o soldado voltar a entrar no camião e começar a guia-lo para o
abrigo. O sargento jim travis saltou para dentro do jipe.
-parece que começou! – disse
falken, pela primeira vez com uma pontinha de medo na voz.
-acha… acha que isto e o
sinal de partida para a guerra? – perguntou jennifer.
-não podemos dar a volta as
barricadas… ou atravessa-las? – indagou David, desesperadamente.
Um sorriso tranquinas
iluminou o rosto do sargento travis.
-podemos tentar. Não somos
os dukes of hazzard, e isto não e o general lee… mas também, o general lee não
possuía motores de quatro rodas!
Meteu uma primeira, saiu da
estrada, deixando atrás de si um rasto de poeira, e começou a descer velozmnete
um aterro inclinado.
Stephen falken ficou calado
pela primeira vez. Com uma mão agarrou-se ao cinto de segurança e pos os braços
para a frente para se proteger. O rosto começou-lhe a empalidecer. Jennifer
agarrou-se a David. Enfiando os joelhos e as mãos entre ele e o assento da
frente, David conseguiu segurar-se o suficiente para so balançar um pouco.
-iiiiiaaaa! – gritou traviz,
com os nos dos dedos brancos de tanto apertarem o volante. – estas coisas andam
mesmo… e so dar-lhes um bocadinhos de rédeas!
O jipe parecia galopar
através da pradaria, levantando erva e dentes-de-leao a sua passagem, e
abanando e sacudindo tanto David que este nem conseguia ver bem o que tinha a
frente: se um mar verde, se uma extensão dee azul, que depressa se fundiram
numa névoa verde-azulada.
-estas a esganar-me,
jennifer! – protestou, arquejando.
-desculpa – disse ela, sem
abrandar aquele braço de pânico, ate o caminho parecer estar nivelado.
De repente, o veiculo
inclinou-se segundo um ângulo incrível.
-levantamos voo? – quis
jennifer saber, mantendo os olhos cerrados.
-ainda não – respondeu
David. – mas parece…
subiram um aterro íngreme.
De esgar maníaco ainda estampado no rosto, o sargento travis continuava a meter
mudanças feito um louco.
David espreitou o caminho
através do para-brisas e viu o cume de uma encosta.
-travis! Travis, mais
devagar! – disse falken.
-santo deus! – gritou o
sargento travis, quando o jipe saltou o cume e pareceu ganhar asas na parte de
trás.
David ouviu um grito. Com um
choque de surpresa, percebeu que fora ele próprio quem o soltara.
No palácio de cristal, o
tenente rick haldeman pousou o auscultador e virou-se para o seu assistente, o
sargento ed Rodrigues.
-e agora – disse
sombriamente o tenente de cabelo encaracolado.
-credo, espero que seja so
uma precaucao – replicou o sargento, pegando na lista de verificacoes e
entregando-a ao tenente. Depois virou-se outra vez de frente para os monitores,
que mostravam varias seccoes da área circundante e estradas próximas. As suas
mãos dedilharam botões e interruptores.
-bem, por precuacao ou
porque e a sério, o general mandou selar a montanha cheyenne, e e isso que
faremos, sargento.
-o.k.
-ligue a energia interna.
A mão do sargento Rodrigues
percorreu habilmente disjuntores e carregou em botões.
-geradores ligados e a
funcionar – informou ele, depois de verificar os instrumentos de medida.
-desligue a energia
exterior…
mais alguns botões, mais
alaguns interruptores, verificacao das leituras, e pronto:
-energia exterior desligada.
-sele os poços de
ventilacao…
-pocos de ventilacao selados
– comunicou Rodrigues.
Os seus olhos voltaram a percorrer
os monitores, distinguindo uma espécie de movimento no ecran que mostrava a
estrada de acesso.
Algo estava a subir
velozmente a encosta.
Meu deus, e um jipe!
O veiculo saltou por cima do
cume do aterro, pousou e acelerou em direccao ao portão.
-meu tenente, alguém esta a
tentar entrar – disse o sargento Rodrigues.
O tenente nem sequer se deu
ao trabalho de olhar.
-sabe quais são as ordens.
Já nos treinamos nisto antes, sargento.
Continue com o que estava a
fazer.
-sim, meu tenente –
retorquiu Rodrigues, prosseguindo as suas operacoes, tal como o tenente
ordenara.
O jipe balançou
violentamente ao entrar na estrada, sacudindo David lightman e quase fazendo
que ele e jennifer mack saltassem dos seus assentos e aterrassem no colo de
stepehn falken.
O sargento travis
esforçou-se pró controlar o carro, que andou para um lado e para o outro, antes
de se endireitar.
-iiiiiiiiiaaaaaaa! – gritou
o sargento travis, acelerando o motor e metendo mudanças e mais mudanças. –
agora so nos falta o portão!
David levantou a cabeça e
tentou desembaraçar-se de uma jennifer perfeitamente desorientada. Através do
para-brisas viu um portão enorme.
Um portão fechado.
Esperou que o sargento
travis abrandasse, mas o pe deste não dava sinais de querer afastar-se do pedal
do acelerador, metido bem a fundo.
-abaixem-se e seguram-se
bem! – ordenou travis.
O portão aproximou-se,
pairou acima deles e, quando o jipe foi contra ele, produziu um ruído de metal
torcido e envolveu-os como uma rede.
-conseguimos! – exultou
travis. Mas, mal estas palavras lhe saíram da boca, perdeu o controlo do
volante. O veiculo rodou e derrapou.
Tudo pareceu girar em volta
da cabeça de David lightman. No momento seguinte, deu com jennifer estatelada
por cima de si e viu que o jipe havia capotado.
A cobertura de lona
rasgara-se. A alguns metros dali, emaranhados numa pilha confusa, falken e
travis tentavam separar-se. David levantou-se e ajudou jennifer a por-se em pe. Esta , embora
aturdida, estava consciente.
-como te sentes? – perguntou
ele.
-acho que tem.
-e vocês? – indagou,
virando-se para travis e falken.
-coisas destas não
aconteceram ao «duque» wayne! – respondeu travis, mortificado.
-bem, creio que e por ali –
disse falgen, apontando para a entrada do túnel. – vamos embora antes que os
idiotas o fechem!
Correram para o túnel.
-despachem-se! – gritou
jennifer, correndo a frente dos outros, que a seguiam arquejando. – há ali uma
porta enorme… que esta a começar a fechar!
Stephen falken abriu a boca,
como se estivesse a pensar em dizer alguma graça, mas resolveu poupar as suas
energias para a corrida.
Quando entraram no túnel
foram rodeados pelos ecos dos seus próprios passos. David lightman olhou em
frente e viu o mesmo que jennifer já vira: ao fundo do túnel, aparentemente a
quilómetros de distancia, uma espessa porta blindada estava a começar a
fechar-se.
-temos trinta segundos! –
berrou o sargento travis.
David lightman desejou estar
mais em forma.
CAPITULO XI
Em Novembro de 1979, um
técnico do norad alimentou os computadores principais com a banda errada.
Não percebendo que estavam a
observar um jogo de guerra de computador, os comandantes do norad viram
desenrolar-se nos ecrans um modelo clássico de ataque nuclear, com mísseis
soviéticos apontados para as bases de bombardeiros do sac. O alerta pareceu tão
real que o jacto do presidente descolou antes de os generais perceberem o que
se passava.
Em Junho de 1980, um fio
eléctrico defeituoso, cujo valor era, talvez, uns quarenta e seis cêntimos,
produziu nos painéis uma série de ataques fantasmas.
O general jack berringer já
nessa altura comandava o norad e, com a ajuda dos asssitentes de john
mckittrick, assegurara-se de que, a partir dai, nunca mais faltariam sistemas
capazes de detectar alarmes defeituosos.
Nesse momento, todos estes
sistemas concordavam com o painel: os estados unidos estavam a ser atacados por
mísseis soviéticos.
Não podia haver duvidas
quanto a isso.
Berringer observava o seu
pessoal de batalha preparando-se para o combate e notificando por telefone e
rádio os vários postos de defesa civil e militar espalhados pelo mundo.
Sentado ao seu painel de
controlo, o major len virou-se para berringer.
-todas as esquadrilhas tem
os seus mísseis apontados e desbloqueados, faltando apenas códigos de
lançamento.
-entramos em posicao de
lançamento – ouviu-se o coronel conley dizer ao altifalante.
Dirigindo-se ao major lem,
berringer ordenou:
-active o sistema de
lançamento.
Lem inclinou-se para o
terminal e começou a escrever as instrucoes.
Nessa altura, jack berringer
já ultrapassara todos os sentimentos.
Não era mais que accao,
adrenalina e dever.
Observou os seus
subordinados e as suas maquinas trabalhando numa simbiose mortal; contemplou o
ecran soletrando o obvio:
Mísseis apontados e
desbloqueados
Sistema de lançamento
activado
Quando o dr. Stephen falken
telefonara na noite anterior, patrícia healy estava no posto de comando,
trabalhando com o monitor do wopr, e john mckittrick, la em baixo, atarefava-se
com as suas maquinas.
E fora portanto ela, e não
mckittrick, a atender a chamada.
-ola, john, disseram-me que
tens para ai uma grande trapalhada – dissera a voz de pronuncia britânica.
-peco desculpa, mas não sou
o dr. Mckittrick. Quem esta ao telefone e a sua assistente, patrícia healy –
respondera numa voz cautelosa. Falava finalmente com o infame falken. – lamento
muito, mas o dr. Mckittrick esta ocupado com os computadores.
-ah, e que me apeteceu dar
noticias do mundo dos mortos. Muito pouca gente sabe que ainda estou vivo. Como
não há surpresa na sua voz, suponho que faz parte desse grupo – continuara a
voz. – bem, visto que não posso falar com john, passe-me o general zeppelin, ou
berlitzer, ou la como e que ele se chama.
-vou ver o que posso fazer –
respondera ela. Precisara de algum tempo para o convencer, mas afinal
conseguira que o cansado comandante atendesse o telefone.
-falken! – dissera o homem
rudemente. – pensava que tinha morrido… agora não posso falar. Estamos numa
situacao delicada… o que?... claro, traga para ca esse monstrozinho. – houvera
uma longa pausa. – e difícil acreditar nisso, doutor. Mckittrick assegurou-nos
que não se trata estas maquinas. – pausa. – olhe, amigo, não me interessa se
foi o senhor que criou o programa joshua. Os russos estão a atacar-nos e, se me
da licença, tenho de voltar ao trabalho.
Estendera bruscamente o
telefone a pat, que tivera de voltar a falar com falken.
-meu deus, que tipo tão
estúpido – comentara falken. – bem, patrícia, talvez você possa ajudar-me.
Creio que o que estão neste momento a observar nos vossos painéis e um jogo de
guerra continuo. Joshua sempre gostou de fazer de conta que era napoleão, e…
-espere. Verifiquei as
leituras… ate trabalhamos nos cpu, falken – interrompera ela. – john… isto e, o
dr. Mckittrick e o melhor especialista que neste momento trabalha em
computadores de defesa, e defeituosa no nosso sistema de computadores.
-oh, o mckittrick foi sempre
um cretino – dissera ele. – olhe, estou a ver que não vale a pena falar
consigo; parece que vou ter de ir em pessoa ao colorado. Se não se importa,
informe john da minha chegada e queria, por favor, ter a amabilidade de
prevenir a segurança… irei eu e dois adolescentes extremamente persistentes.
Seria uma pena ir assistir ao fim do mundo na primeira fila e não ter bilhete.
Agora, se me da licença, vou pedir alguns favores a forca aérea dos estados
unidos.
Patrícia healy estava nesse
momento perto da enorme porta blindada, esperando pró falken. Os altifalantes
haviam dado as suas ordens para selar a montanha há um minuto atrás… onde
estava falken?
-depressa! – disse pró entre
dentes. – diabo, depressa!
Pensara muito na chamada de
falken durante a noite, passada sem dormir.
Quando contara a mckittrick,
este limitara-se a suspirar.
-gostaria que fosse assim,
mas, desta vez não há sinais de qualquer simulacao, pat, e tu sabe-lo bem. – os
seus olhos escuros haviam-se subitamente semicerrado. –achas que o próprio
falekn se vendeu aos russos? – resmungara mckittrick. – nunca se sabe o que
alguns anos podem fazer a um homem, não e?
e fora assim. Mckittrick
recusara-se a falar mais no assunto.
Raios, ele as vezes
conseguia ser tão cabeça-dura! Pat tivera vontade de gritar e bater com a
cabeça nas paredes, mas havia-se sentido demasiadamente deprimida para o fazer.
Se falken tivesse razão, poderia prova-lo. Mas, primeiro, teria de chegar ali.
Portanto, patrícia healy, de
saia amorrotada e maquilhagem um tanto ou quanto desfeita, vigiava
esperançadamente o túnel de entrada para o palácio de cristal. Nem sinais de
falken. Pela maneira como mckittrick falara de falken, este parecera-lhe quase
um personagem mítico. Fora ele quem lançara as abases para a rede de
computadores do norad – arquitecto do santo dos santos no panteão de john
mckittrick. Uma divindade endiabrada, quase sempre nas nuvens do Olimpo. Mas o
exilado estava agora a caminho de casa. Para os salvar? E difícil dizer, pensou
aptricia healy, querendo, no entanto, agarrar-se nem que fosse a mais pequena
restea de esperança.
Por aquilo que ouvira dizer,
e pleos estudos que fiera sobre o sistema de computadores pró ele criado, era um
facto que, se ainda havia alguma esperança, esta residia em falken. Fora ele quem
criara o wopr – um programa tão avançado que, por vezes, patrícia healy, se
sentira quase tentada a considera-lo inteligente.
John mckittrick insistia em
afirmar que alguém do exterior interferira com o programa, criando os problemas
– tudo parte de um esquema russo. Aquele orgulhoso não queria admitir a
possibilidade de falken estar certo; de o seu programa - a que chamava «joshua» - estar mesmo a jogar
a terceira guerra mundial.
E se havia alguém capaz de
convencer o general jack berringer dessa possibilidade, esse algume era o dr.
Stephen falken.
Mas onde e4stava ele?
Com a aparência de
profissionalismo espantado, característica do soldado em combate, dois guardas
vigiavam a entrada da porta.
A primeira das sólidas
portas blindadas – com mais de um metro de espessura e vinte e cinco toneladas
de peso, incrustada em cimento – coemcava nesse momento a fechar-se.
-e melhor prepararmo-nos
para sair daqui – disse um dos guardas, um sujeito esguio, elegante e louro,
fitando ansiosamente a outra porta blindada que se fecharia a seguir, e que
ficava a vinte metros de distancia.
-ainda dispomos de trinta
segundos – protestou pat healy.
-oh, sim – comentou o outro
guarda, um cabo. – montes de tempo!
Patrícia healy voltou costas
ao túnel, esperando com todas as suas forcas que falken e seus acompanhantes
conseguissem entrar, mas percebendo que o mais provável era que não, e…
De repente, uatro figuras,
cujos passos ecoavam por todo o túnel, surgiram a correr em direccao a porta.
-são as pessoas de quem
estava a espera, minha senhora? – perguntou o cabo.
-reze a deus para que sim! –
respondeu pat healy.
-já há dois que ando a
rezar.
-amen! – rematou o outro
guarda.
Os mecanismos blindados da
prota hidráulica pareciam contar os segundos.
A frente do grupo, a metros
de distancia dos seus companheiros, vinha uma rapariga nova, que corria como
uma atleta. Atrás dela via-se finalmente, um homem alto e mais velho…
O dr. Stephen falken.
-vao conseguir! – disse
alegremente.
-sim, com uns bons cinco
segundos de avanço! – disse o guarda, afastando-se para deixar jennifer mack
atirar-se pelo espaço estreito entre a porta blindada e a parede. Os outros
entraram logo depois dela e a pesada porta fechou-se mal falken a atravessou.
-conseguiram… conseguiram! –
exultou patrícia healy.
-bem, o certo e que já não
podemos po-los na rua – retorquiu o guarda. – vamos, ainda temos de passar
aquela outra porta.
-caramba – arquejou falken.
– quadrigas de fogo, há?
-sou patrícia healy –
apresentou-se pat, correndo também para a outra porta, que já estava a
fechar-se. – sou assistente do dr. Mckittrick. Presumo que o senhor e stepehn
falken.
-e, e – confirmou David
lightman.
-oh, meu deus, fui
descoberto – comentou falken. – não perguntem se os sinos dobram por hume!
Sentindo os pulmões em fogo,
David lightman seguiu patrícia healy através das portas duplas que davam para o
palácio de cristal.
Aquilo parecia um manicómio.
Apesar de a temperatura do
ar não ter aumentado, David viu que gotas de suor salpicavam as testas dos
técnicos. O cheiro do medo era quase palpável, e sons de maquinas e vozes
humanas ressaltavam como electricidade estática. De rostos tensos, engenheiros
e técnicos corriam electricidade estática. De rostos tensos, engenheiros e
técnicos corriam de um posto para outro ou inclinavam-se para as respetivas
consolas. Alguns limitavam-se a fitar o grande painel, esforçando-se por não
mostrar o horror que sentiam.
Patrícia healy separou-se do
grupo e subiu a correr para o posto de comando. Falken parou, passeou o olhar
por todo o centro e levantou o rosto para o campo de batalha automatizado que
ajudara a criar.
David também levantou o
olhar, e sentiu a mão de jennifer apertar-lçhe o braço.
-oh, meu deus, David. Olha
para aquilo!
O enorme ecran estava
iluminado, e pontos de luz de icbm russos percorriam-no como gotas de chuva.
David ouviu uma voz dizer:
-o dsp continua a seguir
trezentos icbm russos, neste momento a fazerem mirv para cerca de dois mil e
quatrocentos pontos de imapcte.
David lightman sentiu-se
como se estivesse no coracao de um vasto computador, no núcleo de uma tranca
feita de pessoas e maquinas. Estar ali com o homem que tornara possível ta
operacao, devia te-lo mergulhado num certo temor intelectual. Mas, considerando
as circunstancias, so uma enorme ansiedade o dominava.
-como se costuma dizer, acho
que chegamos mesmo na hora h David – murmurou falken.
Uma voz alta e irritada
interrompeu o devaneio de David.
-stephen!
David deu meia volta, adivihando
imediatamente a presença física de john mckittrick, que esbracejava em direccao
a eles. Mckittrick tinha os olhos cavados e o cabelo despenteado. A sua
aparência definia bem a palavra descompustura.
-stephen – continuou
mckittrick, paroximando-se mais. – não sei bem oq eu pensas poder fazer aqui…
na beligerância da sua voz
notava-se o tom defensivo característico de um aluno adulto confrontado com o
professor.
-john! – de mãos enfiadas
nos bolsos do blusão cinzento, falken sorriu debilmente. – que bom ver-te de
novo. – fitou o colarinho engomado da
amarrotada camisa azul de mckittrick. – vejo que a tua mulher continua a
passar-te as camisas a ferro.
Mckittrick agitou-se. Os
olhos semicerraram-se-lhe quando baixou o olhar para David lightman. Se os
olahres matassem…, pensou este ultimo.
-olha – disse mckittrick -
,não sei o que este miúdo te disse…
-isto e tudo um jogo, john –
interrompeu falken, apontando o grande ecran com um gesto que parecia querer
indicar que aquilo não significava nada.
Mckittrick pestanejou.
-não e nbada um jogo, raios!
E bem real! – o sangue subiu-lhe ao rosto. – esta tudo a postos para quando o
presidente ordenar o contra-ataque, e já o aconselhamos a faze-lo
imediatamente!
Stephen falken abanou a
cabeça, lançou a mckittrick um olhar cheio de desprezo, passou pelo seu antigo
assistente e dirgiu-se a um ponto situado mesmo abaixo do posto de comando.
-o dai de cima! – chamou.
Quando não obteve resposta,
falken juntou as mãos na boca, improvisando assim um megafone,e gritou:
-o general berringer! Pode
dispensar-me um minuto de atencao? So preciso mesmo de um minuto do seu tempo.
O teatral tom de barítono de
falken atraiu algumas atencoes.
O general berringer
lenvatou-se e foi ate a borla do corrimão.
-mas, o gental! Que luz atravesa
a tua janela… - disse falekn a mckittrick e David. Mas endireitou-se quando
berringer lhe lançou um olhar carregado.
-falken! Olhe que arranjou
um lindo dia para nos visitar! – resmungou berringer, numa voz de baixo
profundo.
-general, por favor, estou a
falar a sério. – falken fez um gesto em direccao ao mapa brilhantemente
iluminado, que mostrava o inicio do armagedao. – general, o que ve ali nos
ecrans e fantasia! Uma alucinacao de computador! Aquelas luzes não são mísseis
verdadeiros. São simulacoes!
Berringer fitou
silenciosamente o grupo reunido la em baixo.
-o john, não te parece que
ele herdou as sobrancelhas de grejnev? – perguntou falken.
-jack – disse mckittrick - ,
não tenho indicacao absolutamente nenhuma de que isto seja uma simulacao!
-acredite em mim, raios! –
exigiu falken, perdendo todo o sentido de humor. – conheço o meu programa…
segue…. Faz sentido. Joshua desenvolveu-se ao ponto de ser capaz de fazer isto!
-faltam dosi minutos para o
impacte! – gritou um ajudante para o general berringer.
-general, o seu sistema esta
a tentar leva-lo a atacar, visto que ele não pode fazer!
Jennifer colocou-se ao lado
de David e deu-lhe a mão.
Berringer foiu chamado ao
telefone por um dos seus ajudantes-de-campo.
-meu general, o comando
aéreo.
Berringer pegou no
auscultador, mas não falou. Em vez disso, lançou um olhar inquiridor a
mckittrick. Aprecia querer perguntar: será possível?
-como lhe disse, jack, já
vimos e revimos tudo –afirmou mckittrrick. – os nossos computadores estão a
funcionar perfeitamente!
Falken deu um passo em
frente, assumindo uma posicao que mostrava claramente a sua superioridade em
relacao ao seu antigo assistente.
-mas, general, pense! Acha
que faz sentido? – falken espetou um dedo indicador na direccao do painel
principal. – aquilo, por deus! Esta preparado para destruir o inimigo, general?
Berringer retesou-se, como
se se preparasse para saudar uma bandeira americana invisível.
-sim. Totalmente preparado.
-e pensa que eles sabem
isso? – perguntou falken.
Berringer soltou uma gargalhada
sarcástica.
-suponho que o deixamos o
mais claro possível.
-não dispare nenhum dos seus
mísseis antes de ter a certeza de que os russos dispararam os deles! Diga ao
presidente que espere pelos primeiros sinais de ataque… e então, se for mesmo a
sério, por deus!, pode bombardear os russos o mais que lhe apetecer!
-noventa segundos! –
comunicou uma voz.
-meu general – disse algume
perto do general berringer - , eles querem uma decisão.
-general – continuou falken,
enfática e convicatamente - , acredita mesmo que o inimigo ia atacar com tantos
mísseis, bombardeiros e submarinos, não nos deixando outra escolha senão a de o
aniquilar completamente? General, esta a dar ouvidos a uma maquina! Faca um
favor ao mundo e não se comporte também como uma maquina!
O general jack berringer
pos-se a olhar para o formigueiro de ogivas que se dirigiam aos respectivos
alvos. A duvida perpassou-lhe pelo rosto cansado. Baixou o olhar para falken, e
dele para David.
David lightman teve vontade
de se por de joelhos, de implorar. Agarrou-se muito a jennifer, e os seus olhos
fitaram suplicantemente os de berringer.
Finalmente, berringer
desviou o olhar. Levantou o auscultador e disse:
-sim, sr. Presidente. – o
presidete falou ao general do outro lado do fio, e David lightman sentiu que
nunca vivera um moneto de espera tão longo. Por fim, berringer baixou o olhar
parafalken e declarou: - sr. Presidente, neste momento não posso confirmar os
lançamentos. Há razoes para acreditar que talvez eles não se tenham verificado.
Enquanto berringer ouvia a
resposta do presidente, David soltou um longo suspiro de alivio. Nem sequer
reparara que contivera a respiracao ate aquele momento. Jennifer enterou a
cabeça no peito dele e deixou de o apertar tanto.
-sim – continuou berringer.
– isso com certeza. Sim, eu também – rematou sombrimanete, devolvendo o
auscultador ao coronel conley. Inspirou profundamente e perguntou: - quem e
primeiro, e daqui a quanto tempo?
O major lem, sentado a
consola do wopr, disse:
-pontos de impacte iniciais:
base aérea loring, no maine, 319.ª esquadrilha, em grand forks, dacota do
norte, e quartel-general do comando aéreo do Alasca, em elmendorf. Os
impactes estão previstos para daqui a pouco mais de um minuto, meu general.
-ligue-me para o oficial
superior de cada uma dessas estacões – ordenou berringer. – quero ser eu a
falar com eles.
O general berringer sabia
muito bem que aquilo era limentar falsas esperanças, mas se estas era tudo o
que ele tinha para fazer face ao grande abismo negro que se abrira debaixo dos
seus pés, então agarrar-se-ia a elas com todas as suas forcas.
A cadeira do coronel conley
rangeu quando este retomou a sua posicao e começou a marcar os vários postos de
comando no painel da sua consola. Ouviu-se um zumbido quando três luzes
verdespiscaram no ecran.
-falando a todas as estacões
– disse o coronel para o bocal. – aqui palácio de cristal. Preparem-se para
receber uma mensagem de brass hat.
O general berringer pegou no
seu telefone e esperou pela resposta das bases aérea situadas mais perto do
presumível local de impacte dos icbm soviéticos.
A primeira voz falou
imediatamente. O coronel conley ligara-a ao sistema de altifalantes, para todos
poderem ouvir.
-base aérea elmendorf,
operacoes, tenente-coronel bowers.
-319ª esquadrilh, operacoes,
coronel chase – comunicou uma segunda.
A ultima voz, perpassada por
um certo tom adolescente, tremia levemente.
-há… aqui base aérea loring…
há… o oficial superior não se encontra aqui neste momento.
-não tem improtancia –
retorquiu o general berringer, sorrindo, apesar de tudo. – quem fala?
-piloto doughthert, senhor.
-daqui general berringer,
norad. A actual situacao… - pigarreou e recomeçou a falar: - detectamos
aproximadamente duas mil e quatrocentas ogivas russas… no entanto, não temos
neste momento maneira de o confirmar. Repito: não podemos confirma-lo.
Calculamos que o imapcte seja daqui a…
lançou um olhar interrogador
ao piloto fields, cronometador não oficial, que respondeu prontamente:
-vinte e cinco segundos, meu
general.
Do outro lado do fio, o
piloto dougherty apercebeu-se subitamente de que tinha as pernas molhadas.
Quando baixou o olhar para
ver o que era, compreendeu que havia urinado nas calcas.
Em grand forks, o
tenente-coronel bowers pensou que era mais um exercício e manteve-se perfeitamente
calmo.
O cornel chase, no entanto,
sabia que as coisas eram mesmo a sério, apressou-se a encomendar a alma ao
criador.
-estamos convosco – ouviu-se
a voz do general berringer nas três linhas. – fizemos tudo o que podíamos
fazer. Preparem-se para disparar os mísseis quando eu mandar.
Quando percebeu que estava a
choramingar, o pilo dhougherty ficou ainda mais envergonhado.
-continuem em linha enquanto
lhes for possível – disse o general berringer. – estaremos atentos.
E que deus vos ajude,
acrescentou em pensamento, rodeado pelo silencio mortal que se instalara no
centro de operacoes de combate.
A esperança de que falken
tivesse razão tornava a situacao ainda mais infernal. Um homem conformado com o
pior preparava-se para o enfrentar; mas o mesmo condenado, com uma restea de
esperança, era capaz de enlouquecer.
O piloto fields quebrou o
silencio, dando inicio a uma contagem decrescente que ninguém pedira.
-seis segundos, meu general
– informou o jovem, esforçando-se por manter a voz firme. – cinco…
todos os olhares estavam
virados par ao painel central.
-quatro…
as primeiras ogivas
aproximavam-se dos seus alvos, situados nas estacões de loring, grand forks e
elmendorf…
-tres…
o general berringer mirou David lightman e stephen falken. Que par tao estranho!, pensou.
-raios, esperro que tenham
razão – disse, quase so para si próprio.
-dois… um…
as luzes embateram nos
alvos. Um chuveiro de diodos coloridos simbolizou as explosões.
-zero.
O general berringer contraiu
os músculos do rosto. Esperou um momento e, muito pálido, fez um gesto de
cabeça ao coronel conley.
-aqui palácio de cristal –
disse este para o bocal – ainda estão ai… isto e, ainda estão em linha? Aqui
palácio de cristal. Falem!
Os altifalantes
mantiveram-se silenciosos.
-aqui palácio de cristal –
repetiu o coronel conley. – ainda estão ai? Falem, por amor de deus!
Dos altifalantes saíram
ruídos de electricidade estática e depois uma voz.
-sim. – era o
tenente-coronel bowers quem falava. – afirmativo.
-sim, ainda ca estamos. – o
piloto dougherty quase guinchava. – meu deus, ainda ca estamos!
Todos os olhos se viraram de
novo para o grande painel, onde diodos faiscavam loucamente em explosões
sileciosas. Parecem imagens de um jogo gigante absolutamente irracional, pensou
David lightman.
O coronel conley abanou a
cabeça, comos e não estivesse a ver bem.
Os nossos painéis confirmam
os impactes…
-não, não há nenhum imapcte
– comunicou o coronel chase. – estamos todos vivos e de boa saúde.
Um general berringer
aliviado deu um murro na palma da mão.
-chamem os bombardeiros e
recolham os mísseis.
-oh, David, tinhas razão –
disse jennifer, rodeando-o com os braços e saltando de alegria. David sentiu a
tensão dissipar-se. Os técnicos soltaram um grito rouco de alegria.
David lightman olhou erm
volta a procura de falken, para lhe dar os parabéns. Mas este desaparecera.
De olhos esbugalhados, john
mckittrick continuava a fitar o painel.
Eraobvio que se sentia
aliviado. Mas pertubavam-no perguntas sem resposta que lhe atravessavam o
cérebro.
-acredita em mim, agora? –
indagou davi. – eu não queria fazer isto…. E claro que não estava associado com
ninguém.
-preciso… tenho de falar com
falken. Este joshua… isto pode ser muito grave… mesmo agora.
-para onde foi ele? –
inquiriu jennifer.
Mckittrick apontou.
Encimado por ecrans
electrónicos gigantes, o dr. Stephen falken vagueava pela sala. A atmofesra de
comemoracao parecia ser-lhe completamente indiferente. O mapa gigante faiscava
uma e outra vez, continuando a produzir a sua chuva simbólica de explosões
nucleares.
-anda. – David pegou na mão
de jennifer e correu para o génio dos computadores. – falken… stephen…
conseguimos!
-conseguimos?- replicou
falken. – duvido.
-que quer isso dizer? –
perguntou jennifer.
Obviamente perturbado,
stepehn falken abanou a cabeça.
-joshua não via gostar
disto. Agora já e mais velho… mas continua a não passar de uma criança, sabem.
Apenas uma criança, que quer as coisas a
sua maneira.
No posto de comando, o
general berringer e os seus ajudantes-de-campo congratulavam-se calorosamente.
O coronel conley ordenava aos submarinos e bombardeiros que regreessassem.
O major lem sorria e
introduzia instrucoes na consola do wopr.
mas o seu sorriso depressa
se desvaneceu.
que diabo…?, pensou o major
lem, alarmado.
virou-se para o coronel
conley.
-pode chamar o dr.
mckittrick imediatamente?
john mckittrick caminhava
nesse momento em direccao a falken. havia coisas que precisavam de ser
esclarecidas. Uma data de coisas, pensava, enquanto abria caminho por entre o
estridor da celebracao.
Falken, a conversar com
David e jennifer, levantou a cabeça e viu mckittrick aproximando-se.
-mau, mau – comentou. – se
não queremos ouvir coisas desagradáveis, o melhor e irmos embora.
Mesmo quando mckittrick
estava a chegar ao pe deles, um técnico agarrou-lhe no braço e puxou-o para uma
consola, onde lhe estendeu uns auscultadores.
-dr. Mckittrick, o major lem
quer falar consigo.
-aqui mckittrick. Que se
passa, major?
-esta a acontecer uam coisa
muito estranha. O wopr não me permite acesso aos seus bancos de dados. Não
consigo chamar os bombardeiros nem recolher os mísseis.
Era isto mesmo que eu temia,
pensou mckittrick. Erguendo o olhar, descobriu falken.
-espere ai.
Sentou-se rapidamente a um
terminal vago e marcou o código de acesso.
Introduza os seus dados,
replicou o monitor.
Mckittrick escreveu:
7kq201
mckittrick
o ecran respondeu
imediatamente:
identificacao não
reconhecida
comunicacao cortada
john mckittrick deu um salto
da cadeira e berrou a falken:
-stephen. Stephen, anda ca depressa! O wopr impede-nos o acesso ao seu banco de dados!
Falken correu para o
terminal. David e jennifer seguiram-no.
Mckittrick ligou para o
centro de computadores. Ritcher atendeu a chamada.
-paul – disse mckittrick. –
não consigo acesso ao wopr.
-eu sei – repliucou ritcher,
num tom levemente irritado. – estamos a tentar tudo. E estranho. Ninguém
consegue ter-lhe acesso. Parece que todo o ficheiro de códigos foi varrido.
Stephen falken aproximou-se
da consola ocupada por john mckittrick. A atencao de David lightman foi atraída
por um ecran situado abaixo do painel onde se desenrolava o holocausto
imaginário.
Neste, dez números e letras
apareciam e desapareciam tão rapidamente que quase se tornavam indistintos.
-ei! – gritou, apontando par
ao painel! – que e aquilo?
Mckittrick lançou a David um
olhar aborrecido, mas, quando viu os números, estampou-se no seu rosto uma
expressão de pavor total.
-meu deus! Os códigos de
lançamento!
-que e aquilo?
Falken olhou para o ecran e
apertou os lábios.
-parece que joshua esta a
preparar-se para disparar mísseis a sério –disse ele. Na sua voz não havia
lugar para brincadeiras.
CAPITULO XII
No centro de computadores do
norad, paul ritcher comandava uma equipa de técnicos fardados, que abria
unidades de processamento de dados e examinava circuitos eléctricos, procurando
freneticamente alguma pista que permitisse fazer parar o programa do wopr.
Entretanto. Este ultimo ia transmitido as suas instrucoes as nove bases icbm
situadas em território nacional dos estados unidos.
Nas cápsulas de lançamento
dos mísseis minutemen de montana, uta, dacota do norte, dacota do sul, cansas,
misuri e missipi, ordens idênticas apareceram nos ecrans das consolas dos
computadores que controlavam os mísseis:
Mísseis preparados.
Seleccao de alvos compelta.
Tempo de sequencia de alvos
completo.
Seleccao de resistência
completa.
Sistema de lacncamento
activado.
A única coisa que ainda
faltava para disparar os mísseis aninhados nos seus silos er ao código de
lançamento.
De repente apareceram dez
caracteres – três letras, quatro números, três letras – ao fundo do ecran do
computador de todas as cápsulas de lançamento dos estado sunidos. Mudavam com
rapidez, aparentemente ao acaso.
No entanto, ninguém podia
observar estes números, ninguém podia impedir os lançamentos.
Pois não havia ninguém nas
cápsulas.
E tudo era completamente
automático.
David lightman ouviu a voz
de ritcher saindo do intercomunicador.
-já verificamos os geradores
de números, mas estes nem sequer estão a funcionar. Não faço ideia… pode vir de
qualquer lado.
-continua a procurar, paul.
Já no posto de comando,
mckittrick levantou o olhar para o aturdido pessoal militar que o rodeava.
-a maquina impede-nos acesso
ao seu banco de dados. E continua a tentar disparar os mísseis.
Pat healy andava febrilmente
as voltas com uma maquina de calcular.-há oitenta por cento de hipóteses de ele
descobrir os códigos em seis minutos.
Berringer estava assombrado.
E pena jim sting não estar
aqui, pensou David. Ele saberia que fazer.
Mckittrick abanou a cabeça,
desesperadamente.
-não podemos. As cápsulas de
comando interpretariam haviam sido destruídas num ataque. E os computadores dos
silos prosseguiriam o cumprimento da ultima instrucao recebida, que foi a de
disparar.
Berringer exasperou-se.
-mckittrick, apos cuidadosa
ponderacao, estou preparado para lhe dizer que o seu novo sistema de defesa e
uma merda!
Mckittrick perdeu
completamente as estribeiras.
-não sou obrigado a ouvir
isso… seu porco filho da puta!
-voce nem sequer sabe
praguejar com originalidade! – disse berringer, sorrindo com satisfacao.
–atrasado mental!
O coronel conley chamou o
general.
-meu general… o presidente.
O general berringer suspirou
e deu uns passos ate ao telefone vermelho.
-que vai dizer-lhe? –
perguntou mckittrick, resignadamente. A sua raiva desaparecera.
Com uma voz de derrota,
berringer respondeu:
-que ponha novamente os
bombardeiros em estado de alerta. Afinal, talvez precisemos mesmo deles. –
pegou no telefone e começou a falar.
Falken virou-se para David e
jennifer e comentou meditativcamente:
-sabem, uma vez fui a uma
base minuteman. Ate me mostraram um dos mísseis. Três andares, dois metros de
largura, trinta e nove mil de entregar o seu presente aos russos, a nove mil
quilómetros de distancia, e deslocava-se a uma velocidade de vinte e dois mil quilómetros
de distancia, e deslocava-se a uma velocidade de vinte e dois mil e quinhentos
quilómetros por hora. – levantou a mão como se, na sua imaginacao,e xaminassem
novamente o icbm. – mas sabem o que recordo mais vivamente? Uns gatafunhos
escritos na fuselagem desse míssil: «vai e toca em alguém». – falken sorriu
tristemente e pousou a mão no ombro de David. – fizemos o melhor que podíamos.
Sentado a uma consola,
mckittrick suava por quantos poros tinha.
Fitou falken furiosamente.
-stephen… talvez tu consigas!
Tenta, por favor!
-fa-lo-ia, se pudesse –
disse falken, levantando impotentemente as mãos de dedos delicados. – mas tu
apagaste a minha palavra de código.
Joshua já não cochece o seu
papa!
David so tomou consciência
de que estava a falar quando metade da frase já lhe saira da boca.
-talvez ele se desbloqueie
para algo em que esteja interessado!
-o que? – perguntou
mckittrick.
-ele gosta de jogar –
explicou David, enfaticamente. – pode ser que o queira fazer agora.
Falken encolheu os ombros e
sorriu quando David olhou para ele.
-boa ideia. Tenta tu.
-por amor de deus, stephen.
-não deixe-o interrompeu
jennifer. – David já jogou com ele. Nos conhecemos joshua.
Falken acenou
afirmativamente.
-afinal de contas e difícil
ele fazer pior que tu, john.
David lightman mal reparou
na reaccao de mckittrick aquele insulto. Tinha mais em que pensar.
o.k., lightman, disse a si
próprio. Colocaste-te a ti próprio numa situacao desagradável. Agora safa-te.
As vezes, quando se deixava
absorver pela concepcao de um programa, parecia que a própria natureza do tempo
mudava, como se estivesse num universo diferente. O tempo escoava-se tão
rapidamente…. E quando «acoradava», havia sempre qualquer coisa de novo,
qualquer coisa de que antes não sabia ser capaz.
Para aumentar a tensão e o
caos da situacao, meia dúzia de programadores de sistemas vomitava sugestões,
apanhando-se a volta do terminal do major lem. Parecia a torre de babel!
-introduza-lhe uma tapeworm
– sugeriu um homem rechonchudo.
-não e muito arriscado –
retorquiu outro. – podia avariar o sistema.
-como e que o miúdo
conseguiu acesso? – quios alguém saber.
-pela porta do cavalo.
-nos apagamo-la.
-… merda. E os circuitos
lógicos?
-são como um muro de pedra.
Tentando concentrar-se,
David reparou que o major lem tentava o código da porta do cavalo.
Joshua 5
O monitor respondeu
imediatamente:
Identificacao não
reconhecida
Comunicacao cortada
-va, rapaz – incitou falken,
batendo no ombro de David. – boa sorte.
-tu vais conseguir, David –
disse jennifer. – sei que vais!
-miudo, se conseguires,
juro-te que tens emprego garantido! – acrescentou mckittrick.
David abriu caminho as
cotoveladas e inclinou-se par ao major lem.
-peca-lhe uma lsita de jogos
– sugeriu.
-surpreendido, o major lem
virou-se para trás e mirou David. Depois olhou mckittrick, com um ar muito
espantado.
-tente, bill – confirmou
mckittrick.
-não ele não – objectou
jennifer. – tu e que devias faze-lo.
O major lem levantou-se e
ofereceu o seu lugar a David.
-suponho que o conheces tão
bem como eu.
David sentou-se, inspirou
profundamente e rezou uam oracao silenciosa.
Escreveu no computador:
jogos.
-ligue isso, para o ecran
central, bill – ordenou o general berringer. – assim todos poderemos ver.
O major lem inclinou-se para
um painel e ligou alguns disjuntores.
A palavra jogos apareceu
projectada no ernome ecran central do grande painel.
David carregou no botão de
resposta.
Tal como da primeira vez,
quando David o contactara através do modem, o computador reagiu imediatamente:
Labirinto de falken
Vinte e um
Damas
Xadrez
Combate de cacas
Guerra no deserto
Guerra táctica
Guerra termonuclear global
David lightman escreveu
xcadrez.
Joshua quisera jogar xadrez.
Talvez ainda estivesse interessado.
O monitor respondeu:
identificacao não reconhecida
Póquer, insistiu David.
Se calhar, apetecia-lhe
fazer bluff. Passara os últimos dias a diverti-se com isso.
Mas o monitor replicou
novamente: identificacoa não reconhecida.
-merda – disse. – o sistema
de segurança não se deixa atravessar.
-tenta «guerera termonuclear
global»- sugeriu jennifer.
-o.k.
escreveu guerra termonuclear
global, e o monitor respondeu rotina de jogo a processar-se.
Para rotina de jogo, ordenou
David.
Houve uma pausa. As unhas de
jennifer enterraram-no no ombro de David, mas ele mal reparou nisso.
Pareceram passar
eternidades.
Finalmente, apareceram no
ecran as seguintes palavras:
Instrucoes insuficientes.
Rotina a compeltar antes cde
novos dados
Comunicacao cortada
O monitor pagou-se.
David sentiu vontade de
chorar. Os programadores aproximavam-se a pouco e pouco, ansiosos por tentarem
novas abordagens. David espreitou por cima do cortimao, observando a actividade
furiosa do anddar de baixo. Lançou um olhar a falken e contemplou depois do
códigos de lançamento que mudavam constantemente no ecran inferior do grande
painel.
Era tão frustante…
Tão fútil… tão, tão fútil…
-futil! – exclamou.
-há? – disse o general
berringer.
-futil! – gritou David
lightman.
-bem, se e fútil, tira dai
as mãos e deixa outra pessoa tentar!
-não, não. Não esta
perceber. Aquilo que disse, dr. Falken. Na ilha!
Voltou-se novamente para o
terminal do wopr e pediu outra vez a lista de jogos.
-já tentamos isso! – disse
lem.
-falekn: não esta na lista.
Porque? – a lista de jogos brilou no grande ecran.
- o que?
David introduziu as palavras
jogo do galo.
-se não esta na lsita, claro
que também não esta no comptuador – comentou mckittrick.
Não existe tal progrma,
respondeu o monitor.
-o senjhor disse-me que
jogava ao galo com joshua, o seu filho, raios! – desesperou-se David. – onde
esta?
Falken sorriu.
-oh, sim, meu deus, mas isso
foi… não e que tens razão, David? Esquecera-me completamente desse programa.
Era fácil… bem, e muito simples. – inclinou-se e escreveu a palavra brincar. –
memoria diferente, rapaz.
O monitor respondeu
imediatamente:
Jogo da gloria
Jogo do galo
Macaca
David escreveu: jogo do
galo.
Dois pares de linhas
cruzadas apareceram no ecran.
Dois pares de linhas
cruzadas apareceram no ecran.
-que diabo…? – disse o
general berringer. – não e altura…
-não, espere, general. Acho
que estou a perceber o que ele quer fazer.
Um ou dois jogadores?
Por favor indique numero,
pediu joshua.
As linhas do jogo do galo
brilhavam no ecran central do painel grande.
-conseguiste! – gritou
mckittrick. – manda-o desarmar os mísseis e parar imediatamente os números!
O major lem empurrou David
para o lado e tentou seguir as instrucoes de mckittrick.
O gráfico do jogo do galo
desapareceu do painel e foi substituído pelas seguintes palavras:
Instrucoes insuficientes
Sistema de lançamento
activado
Comunicacao cortada.
O ecran apagou-se.
-com licença – disse David,
escrevendo brincar. A lista reapareceu. A uma ordem sua, voltou a surgir o jogo
do galo.
-vais jogar? – indagou
mckittrick, incredulamente.
-claro que sim!
Joshua perguntou:
Um ou dois jogadores?=
Indique numero.
David escreveu: um
X ou 0?
X joga primeiro
3 numa fila ganham.
-x no quadrado do meio! –
gritou alguém do andar de baixo.
-uma estratégia brilhante! –
exclamou falken. – so lhe digo, general, acho que aqui os rapazes encontraram a
sua vocacao.
-cale-se, falken.
X no quadrado do meio,
ordenou David.
Um 0 surgiu imediatamente
num dos cantos.
Joshua apressou-se a
anunciar o resultado:
Empate
Quer jogar outra vez?
-e impossível ganhar! –
berrou alguém la de baixo.
-eu sei – retorquiu David. –
mas joshua ainda não aprendeu! E pode faze-lo! O dr. Falken diz que sim! –
virou-se para falken: - há alguma maneira de o fazer jogar consigo mesmo?
-deixa ca ver. Programei
esse jogo há muitos anos – disse falken, perplexo. – ah, sim! Quando ele te pedir
o numero de jogadores, escrve «zero».
David obedeceu.
Inspirou profundamente e
tocou no botão de «entrada».
No ecran surgiu um x no
quadrado central.
X e 0 seguiram-se usn aos
outros, ate ao inevitável empate. Depois de desaparecerem, outro jogo começou,
dessa vez um pouco mais rápido – x apos 0 apos x, e empate.
-não percebo – comentou
mckittrick.
-não conheces o encanto de
joshua? – inquiriu falken.
Mckittrick esbugalhou os
olhos.
-o programa de integracao,
claro.
-o que? – quis saber
berringer, observando a cada vez mais rápida sucessão de jogos.
-joshua e a soma de todos os
seus programas, general – explicou mcksittrick, de olhos pregados no
ecran. –tal como o cérebro humano, e
holistico.
-sim, claro – exclamou
patrícia healy.
-continuou sem compreender –
insitiu o general berringer.
-quase todos os comptuadores
tem sistemas separados, ligados apenas perfifericamente – replicou pat. –
general, se mtesse o pe em qualquer coisa quente, e se qeuimasse, tocaria com a
mão nessa coisa?
-não claro que não.
.mas o pe e a mão não são a
mesma coisa.
-espero bem que não…
-a sua ucp… unidade central
de processamento… o seu cérebro, tambe integrou a programacao – continuou pat
healy. – o que David esta a tentar fazer e levar joshua a mter o pe no lume.
David continuava a carregar
no botão de «entrada», como se quisesse espicaçar joshua.
-va-disse le. – aprende,
raios, aprende!
O ecran piscava
continuamente com a batalha de x e de 0, a que se seguiam empates sucessivos, a um
ritmo cada vez maior.
-a energia que ele esta a
consumir! – espantou-se o major lem, olhando par aum mostrador. – ainda fica
maluco!
O ecran já não era mais que
uma mancha preta e branca.
-o programa deve estar a
jogar centenas de jogos por segundo – exclamou mckittrick.
-vejam! Os números… os códigos
de lançamento estão a passar mais devagar! – gritou excitadamente o major lem.
Os óculos de paul ritcher
reflectiam as mudanças de luz.
- foi apnhado num ciruclo
vicioso – admirou-se ele. – e este esta a obriga-lo a retirar cada vez mais
enegia ao resto do sistema!
De respiracao suspensa, o
grupo observou as luzes a apagarem e a acenderem a uma velocidade incrível. O
palácio de cristal parecia mais uma psita de dança disco do que propriamente o
centro de operacoes de um sistema de defeza de muito biliões de dólares.
David virou-se para falken,
como a pedir-lhe coragem.
Falken exibia um sorriso
muito, muito ténue… o que significava que duelo parecia ter aumentado.
De repente, um clarão
brilhante.
David e os outros protegeram
os olhos.
David e os outros protegeram
os olhos.
O ecran apagou-se.
-mau, mau – disse David, com
um certo desengano.
Os doze ecran encheram-se de
mapas gigantes da terra, projeccoes de mercator.
O espectáculo de luzes
assumiu cores prismática, aturdindo os assistentes. Os símbolos dos submarinos,
bombardeiros e mísseis pulularam no ecran, quais insectos electrónicos pairando
para trás e para diante, numa dança enlouqeucida e suicida. A terceira guerra
mundial, travada entre o ocidente e o leste, acabou numa chama simbólica de
nuvens em forma de cogumelo, que deixou atrás de si enormes áreas negras.
De repente, o ecran
apagou-se. Bombardeiros voltaram a percorrer os céus do globo. Mísseis foram
disparados, atingido os alvos numa questão de segundos.
Apesar de uma estratégia
diferente, a troca nuclear acabou novamente na destruicao total de ambas as
partes.
Berringer agarrou mckittrick
pelos braços.
-que esta ele a fazer?
David virou-se.
-a aprender… joshua esta
finalmente a aprender.
A troca recomeçou, mas um
pouco mais rápida. E dali a segundos os painéis translúcidos não passavam de
uma massa de diodos faiscantes, de manchas de cores vivas absolutamente
indecifráveis.
-uma repeticao do jogo do
galo - disse o general. – estou a
perceber… mas de que nos serve isso?
Subitamente, o ecran
projectou um clarão mais forte e apagou-se.
Produzindo um estalido, os
números dos códigos de lançamento pararam.
-entrou em curto-circuito? –
perguntou o general comm ansiedade. – ele ainda pode resolver disparar os
mísseis, sabem.
O palácio de cristal estava
silencioso. Toda a gente fitava o painel, procurando algum sinal de actividade.
-nada – comunicou lem,
examinando as leituras. – espere, meu general. Esta qui…
saudacoes, professor falken
-ora… olá, diabrete –
respondeu falken, acenando para o grande painel.
David escreveu: olá
Um jogo estranho, disse
joshua. A única maneira de ganhar e não jogar.
-e o meu joshua gosta de
ganhar! – comentou falken calmamnmente, erguendo uma sobrancelha inquiridora
para o general berringer. - e o senhor?
Gosta de ganhar? Esperemos que os russos gostem.
-com licença – disse
berringer, aproximando-se do coronel conley – tenho de fazer uns telefonemas. –
parou ao lado do coronel convoltou-se: - ah, falken… sabe, devia considerar a
possibilidade de resuscitar. – ah, falekn… sabe, devia considerar a
possibilidade de resuscitar. – olhou mckittrick friamente. – não sei porque,
mas parece-me que pelo menos um membro do nosso pessoal vai precisar de uma
peqeuna ajuda para se desembaraçar do sarilho em que se meteu.
Mais palavras atravessaram o
ecran.
Que tal um bom jogo de
xadrez? , perguntou joshua.
-se me deres a tua dama,
talvez! – respondeu mckittrrick. Pat healy caiu-lhe nos braços e abraçou-o com
forca.
-david, David, es um génio,
e eu amo-te! – exultou jennifer, sentando-se ao colo de David, passando-lhe os
braços a volta do pescoço e beijando-o.
-ei, ve la o que fazes…
joshua pode ficar com ciúmes – brincou David. -
e ele ainda tem os códigos de lançamento.
-dr. Falken – chamou David -
, joshua e bom a jogar xadrez?
-oh, não e grande coisa. Uma
vez, uns especialistas soviéticos subitamente pensativo. – meu deus…
pergunto-me… - ergue o olhar para o mapa da rússia.. – suponho que esses
especialistas devem estar agora na sua pátria….
O rosto do doutor foi
atravessando por um esgar de terror.
Entretanto, mais abaixo, no
meio do jubilo geral, o analista de radar adler encaminhou-se par ao armário de
primeiros-socorros, tencionando tirar de la duas pastilhas de alka-seltzer, de
que muito precisava.
Mas tudo o que encontrou
foram cápsulas de tylenol fortificante.
FIM
epilifogal
anjoinfernal